Marcelo S. Portugal: Odebrecht e o capitalismo de
compadres
Professor titular na UFRGS, Ph.D. em Economia
O capitalismo gerou o maior desenvolvimento já visto na
história humana. Desde seu início, o nível de renda da população do planeta
Terra cresce aceleradamente. O padrão de vida das pessoas e os indicadores
sociais melhoraram mais nos últimos 250 anos do que em toda a história da
humanidade até então.
O capitalismo é um sistema de competição. No qual
empresas competem no mercado tentando obter lucros ao oferecer bens e serviços
que são mais baratos ou melhores que aqueles produzidos pelos seus
concorrentes. É a competição, o mercado, os consumidores que determinam quais
são as empresas bem-sucedidas. Aquelas que lucram mais e prosperam.
No Brasil tem se intensificado nos últimos anos uma
espécie de capitalismo distinto. É o chamado Capitalismo de Compadres ou
Capitalismo de Laços ou ou Capitalismo de Estado ou ainda, como chamam os
ingleses, Crony Capitalism. Nele, Estado controla e regula muitos setores
econômicos, seja diretamente, através de empresas estatais, ou por meio de
regulações ou ainda pela concessão de subsídios creditícios ou tributários. No
Capitalismo de Compadres, não há uma competição livre entre as empresas. Ao
contrário. O Estado cria dificuldades para vender facilidades.
Os vídeos das delações premiadas da Odebrecht são uma
aula sobre o funcionamento das entranhas do Capitalismo de Compadres. O
empresário "ajuda" o agente político e, em troca, o agente político
"ajuda" a empresa. Além do fato jurídico de que essa ajuda é, na
verdade, corrupção, há um fato econômico relevante. Embora o Capitalismo de
Compadres seja melhor do que o socialismo puro do ponto de vista da geração de
progresso para o país, ele não é capaz de tornar o Brasil um país desenvolvido.
Precisamos de uma nova rodada de liberalização comercial,
de desregulamentação de mercados, principalmente na área trabalhista, de
eliminação dos subsídios creditícios e tributários destinados aos amigos do
rei. Como disse Mário Covas nos anos 90, o Brasil precisa de um choque de
capitalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário