Artigo, Fábio Jacques* - Fake News


“Notícias falsas (sendo também muito comum o uso do termo em inglês Fake News) são uma forma de imprensa marrom que consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como nas mídias sociais. Normalmente, o objetivo de uma fake news é criar uma polêmica em torno de uma situação ou pessoa, contribuindo para o denegrimento da sua imagem. Por ter um teor extremamente dramático, apelativo e polêmico, as fakes news costumam atrair muita atenção das massas, principalmente quando estas estão desprovidas de senso crítico.” (Wikipedia).
O tema fake news é a coqueluche do momento. Já se tornou uma verdadeira paranoia.
O cidadão comum já não pode compartilhar nenhum assunto no Whatsapp para mais do que cinco contatos mesmo que se trate de uma oração, uma informação relevante ou até mesmo um pedido de socorro haja vista que as redes sociais se reservam o direito de julgar o que é escrito pelo usuário e, quando acham que não está conforme seu critério de “fake news”, podem até cancelar a conta. Para elas, muitos compartilhamentos são, com certeza, fakes news.
Vamos a uma pequena análise de duas situações:
             Uma mentira deliberada é fake news?
             Uma parte de uma notícia, ainda que verdadeira, não pode ser uma fake news?
Como exemplo de mentiras deliberadas, afirmar que Lula foi preso “sem provas” apesar das condenações em todas as instâncias do judiciário não é fake news?
Afirmar que Sérgio Moro condenou Lula porque já tinha acertado previamente com Bolsonaro uma promoção para ministro do governo federal e depois do STF se conseguisse fazer com que Lula não pudesse concorrer não é fake news?
Publicar pesquisas eleitorais com erros assombrosos como no caso da vitória em primeiro lugar de Dilma candidata para o senado por Minas Gerais que acabou ficando em quarto lugar, não é fake news? E que Bolsonaro não tinha a menor chance de passar para o segundo turno e caso conseguisse seria derrotado inapelavelmente por qualquer outro candidato, não foi fake news?
Espalhar aos quatro ventos que Bolsonaro tem ligações com as milícias cariocas não é fake news?
Afirmar que Bolsonaro disse que ia bombardear as favelas, não foi fake news?
Tirando as pesquisas, as demais afirmações são publicadas e decantadas diariamente na grande mídia, nas mídias sociais e até mesmo nas tribunas do parlamento e, se são fakes news, por que ninguém toma uma providência contra isto?
E as notícias pela metade?
Dizer que o PT tirou milhões da pobreza sem dizer que parte deste número se deveu à modificação dos critérios de classe média e de extrema pobreza não é fake news?
Afirmar que Sergio Moro condenou Lula por motivos políticos e interesses pessoais, esquecendo completamente as condenações pelo mesmo crime em todas as demais instâncias do judiciário não é fake news?
A afirmação de um advogado a respeito da inocência de seu cliente quando todas as provas o condenam não é fake news?
Dizer que Deus existe ou que não existe não seriam fakes news?
Afinal, quem é que pode julgar o que é fake news? A grande mídia? O Facebook e o Whatsapp? A justiça? O congresso?
Muita gente com poder e medo quer definir o que pode ser dito pelo cidadão bebê porque considera que ele não tem condições de distinguir entre o “certo e o errado”. Precisa ser tutelado. O direito exarado no artigo 5°, inciso IX que dispõe que: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” está sendo lançado para espaço.
A CPI das fake news demonstra a vontade do legislador em tolher a liberdade de expressão. Vão acabar definindo o que poderá ser dito e o que será proibido dizer. Criticar deputados ou senadores deverá passar a ser crime assim como o STF já está considerando crime a crítica a ministros da casa.
Se nada for feito contra esta onda totalitarista, em breve as pessoas terão que tapar a boca ao conversar na rua para não terem identificados os movimentos labiais e serem obrigadas a prestar contas perante os tribunais por espalhar fake news, e a profecia do clássico do cinema de 1970, “Colossus 1980”, acabará se tornando realidade. Procurem e assistam. Vale a pena.

O autor é diretor da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras, empresa coirmã da Selcon Consultores Associados – MS Francisco Lumertz (Professor Chicão), Porto Alegre, e autor do livro “Quando a empresa se torna Azul – O poder das grandes Ideias”.

- O autor é diretor da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras, Porto Alegre, e autor do livro “Quando a empresa se torna Azul – O poder das grandes Ideias”.
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