Dados demonstram que a economia começou a se recuperar no fim do segundo trimestre

- Esta análise é dos economistas do Bradesco, conforme newsletter que o editor recebeu ontem.

Últimos indicadores do segundo trimestre apontam para crescimento de todos os setores. Depois de dados positivos da indústria, o comércio varejista e o setor de serviços registraram crescimento em junho. Enquanto o primeiro cresceu mais de 12% em relação a maio, o segundo interrompeu uma sequência de 4 meses de queda e avançou de 5% em junho. Mesmo com essas recentes surpresas positivas, o impacto inicial da pandemia foi muito forte, o que deve ter levado o PIB a recuar cerca de 9% em relação ao primeiro trimestre. Dados de julho e indicadores antecedentes de agosto sugerem continuidade da melhora no terceiro trimestre, em especial no comércio, que segue à frente do setor de serviços, ainda restrito pelas medidas de distanciamento social.

o Apesar desses sinais, o Banco Central indicou incertezas sobre o ritmo de recuperação. A ata do comitê de política monetária destacou a assimetria de recuperação entre os setores, associada também aos desdobramentos da pandemia e ao fim dos estímulos. Reconhecendo que os juros já estão em patamares baixos, o comitê sugere cautela nos próximos passos e prescreve Selic nesses níveis reduzidos até que a inflação volte a convergir para a meta. Cortes residuais não foram descartados mas, se acontecerem, não devem ser sequenciais e dependerão também da trajetória fiscal. Temos uma visão mais construtiva acerca da recuperação da atividade econômica, o que deve levar o BC manter a Selic em 2,00% até o final do ano.

o Economia global segue em recuperação, puxada pela indústria e pelo comércio, com recuperação do segmento de serviços ainda limitada pelas medidas de distanciamento social, o que sugere alguma moderação do crescimento no terceiro trimestre. Na China, em julho, a produção industrial avançou 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as vendas do comércio seguiram mais fracas, com queda de 1,1%. A alta da inflação ao consumidor nos EUA em julho ao mesmo tempo que  sugere um movimento de retomada em curso, em especial no segmento de bens, também aumenta as preocupações quanto a um possível retorno da inflação.

o Dúvidas relacionadas à extensão dos estímulos fiscais nos EUA e às tensões com a China permanecem no radar, o que poderia interromper a melhora em curso da economia global. A falta de acordo entre democratas e republicanos para renovar as medidas emergenciais mantém no radar as preocupações acerca da retomada do consumo nos EUA, que segue dependendo também da evolução do mercado de trabalho. Os pedidos semanais de seguro-desemprego caíram abaixo de 1 milhão pela primeira vez desde março, mas a taxa de desemprego permanece acima de 10%. Além disso, a imposição de sanções chinesas a autoridades americanas nesta semana elevaram novamente a tensão entre os dois países.

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