Uma comitiva de governadores de dez Estados levou nesta
segunda-feira uma série de reivindicações ao novo ministro da Fazenda, Nelson
Barbosa. Eles realizaram um fórum na residência oficial do governo do Distrito
Federal, em Águas Claras, e depois entregaram a pauta comum a Barbosa, com
pedido de retomada das operações de crédito e medidas para elevar a receita
direta na Saúde. Os governadores também se dispuseram a auxiliar o governo
federal na aprovação de reformas como a da Previdência e a tributária, planejadas
por Barbosa para 2016. A ideia é que os governadores se reúnam mensalmente em
Brasília.
Os governadores pediram que a União transfira aos Estados
e municípios a atribuição de cobrar dos planos de saúde os gastos com
atendimentos feitos na rede pública de pacientes que possuem convênios
privados. À beira de um colapso na rede hospitalar fluminense, o governador do
Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aposta na autorização para manter os hospitais
em funcionamento.
"Com a baixa atividade econômica, as pessoas estão
com dificuldade de pagar os planos de saúde e cada vez mais se socorrem da rede
pública. Isso está sobrecarregando muito, no momento em que estamos com queda
de receita e diminuindo repasses para a saúde. Nós podemos fazer a cobrança dos
planos de saúde, que hoje é feita pelo governo federal, mas não fortemente.
Passar a cobrança para os estados e municípios pode ser uma nova fonte de
receita. Temos que ter informatização melhor e o cartão do SUS, e nos
prepararmos para cobrar. Quase 30% dos pacientes atendidos na nossa rede têm
plano de saúde. É um bom dinheiro", disse Pezão, que deixou a sede da
Fazenda e foi à reunião da Junta Orçamentária com a presidente Dilma Rousseff
no Palácio da Alvorada. Barbosa deixou a reunião também para o encontro com Dilma,
mas não se pronunciou.
Conforme Pezão, o ministro se comprometeu a regulamentar
até a primeira quinzena de janeiro as novas taxas de atualização da dívida dos
Estados com a União. A revisão dos indexadores é um pleito antigo dos Estados e
depende apenas da regulamentação depois de ter sido aprovada no Congresso.
"Ele falou que nos primeiros quinze dias de janeiro ele fará a publicação,
o que vai facilitar a gente a ver melhor a nossa receita corrente líquida, o
estoque que a gente tem vai cair e isso abre capacidade de endividamento dos
Estados", disse Pezão.
A nova CPMF, prevista no Orçamento de 2016 e que ainda
depende da aprovação no Legislativo, não entrou na pauta dos governadores nesta
segunda, mas deve ser debatida na próxima reunião do fórum, marcada para o dia
primeiro de fevereiro do ano que vem. "Temos uma segunda reunião marcada e
é possível que esse tema esteja presente. Mas neste momento buscamos esses
pontos que são de consenso entre os governadores", disse Rollemberg.
Os governadores também pediram que a União retome as
autorizações para operação de crédito dos Estados, como forma de melhorar o
ambiente econômico e recuperar a capacidade de investimento, articule a
aprovação no Senado da PEC dos Precatórios, e quite recursos da compensação
previdenciária. Os governadores defendiam que o governo federal abatesse da
dívida o que deve na Previdência, mas Barbosa foi contra.