Apesar do ceticismo do mercado, avaliação da equipe econômica é de que
há demanda por empréstimos.
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O governo deve liberar cerca de R$ 50 bilhões em linhas
de crédito do Banco do Brasil, BNDES e Caixa (incluindo recursos do FGTS) no
esforço para a retomada dos investimentos e do crescimento da economia, segundo
apurou o "Broadcast\serviço de notícias em tempo real da "Agência
Estado".
O anúncio será feito pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, na
reunião de reabertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o
Conselhão, marcada para amanhã.
O governo anunciará também a ampliação de linhas do BNDES
para financiar o "pré-embarque" dos exportadores, que são linhas que
apoiam a produção de bens e serviços destinados à exportação. A presidente Dilma
Rousseff quer que o comércio exterior seja um dos caminhos apontados para
reativar a economia.
Embora a intenção da equipe econômica não seja anunciar
um pacote de medidas, o reforço no crédito será o principal resultado prático
da reunião, que é vista como um marco importante para sinalizar os principais
compromissos do governo e a estratégia de recuperação econômica. O crédito é
peça fundamental na política que será adotada. A equipe econômica avalia que há
demanda para os empréstimos, apesar do ceticismo de economistas do mercado
financeiro.
O volume e o detalhamento das linhas de financiamento,
que terão taxas mais baixas que as de mercado, ainda estão sendo fechados pelo
Ministério da Fazenda. Esse incremento no caixa dos bancos públicos e do FGTS
tem como origem o pagamento, pelo governo, de R$ 724 bilhões das pedaladas no
fim de 2015. As pedaladas eram dívidas com os bancos públicos e com
o FGTS represadas pelo Tesouro para melhorar artificialmente as contas do
governo, que o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou quitar. O pagamento foi
feito no fim do ano passado, permitindo que os bancos e o fundo tivessem
reforço no caixa, o que abrirá espaço para a oferta das novas linhas.
Subsídio. Não estão previstos, porém, subsídios
adicionais a serem pagos pelo Tesouro Nacional nas linhas que serão abertas.
"Não terá impacto fiscal", assegurou uma fonte da área econômica. Os
desembolsos do FGTS devem servir para impulsionar o setor da construção civil,
que tem respostas rápidas. O fundo deve "socorrer" mais uma vez o
Minha Casa Minha Vida, em especial nas faixas 1 e 1,5, para famílias de baixa
renda.
Também estão sendo estudadas formas de fazer com que
esses recursos substituam, em parte, o peso da poupança como principal
fonte dos financiamentos imobiliários. Ainda não está decidido se será
permitido o uso de parte da multa do FGTS como garantia para os empréstimos
consignados.
No discurso na reunião do Conselhão, o ministro da
Fazenda vai reforçar que o principal problema da economia é o fiscal e que é
preciso fazer a reforma da Previdência. Barbosa, porém, não vai apresentar as
linhas gerais do modelo de reforma que o governo estuda.
O discurso do ministro deve apontar também para a
expectativa do governo de que uma reversão do quadro de recessão ocorrerá a
partir do quarto trimestre. Além de Barbosa, os ministros Armando Monteiro
(Desenvolvimento), Kátia Abreu (Agricultura), Valdir Simão (Planejamento) e
Alexandre Tombini (BC) também devem falar.