Sinalizando outro ajuste da Selic de 0,75 p.p. na próxima reunião, ata do Copom reforçou intenção de seguir com normalização parcial da política monetária. O documento apontou uma visão de recuperação robusta da atividade econômica global, em um ambiente de avanços na imunização e de manutenção de estímulos. Contudo, também chamou a atenção para os riscos inflacionários, que podem aumentar os desafios aos países emergentes. Em relação ao cenário doméstico, a ata reconhece que a pandemia produziu efeitos setoriais heterogêneos, mas que a ociosidade como um todo se reduziu mais rapidamente do que o previsto. Ao mesmo tempo, o BC explicitou o prognóstico de que a ociosidade retornará ao nível do fim de 2019 “nos próximos trimestres”. Esse ponto está alinhado com o discurso recente do próprio BC de que o hiato de produto deverá estar eliminado no final deste ano. A ata justificou a decisão de 0,75 p.p. na semana passada pela assimetria altista no balanço de riscos, em especial pela questão fiscal, que continua sendo um vetor relevante para as próximas decisões. Houve explicitação de mais detalhes sobre a intenção ex-ante de “normalização parcial”. No parágrafo 14 do documento, o BC aponta que “elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro, implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”. Assim, cresceu a possibilidade de “normalização parcial”, a despeito dessa sinalização ter perdido força no comunicado da semana passada. Nossa conclusão é que o cenário base do Copom, que já considera uma forte retomada da economia, é, de fato, consistente com uma normalização parcial dos juros - enquanto o quadro de inflação doméstica permitir. Naturalmente pressões adicionais vindas do ambiente global e/ou do fiscal, levando a uma depreciação do real, implicariam uma reavaliação desse cenário. Com isso, seguimos com nosso cenário de mais uma alta de 0,75 p.p. e outras duas de 0,50 p.p., levando a Selic a 5,25% no final deste ano.