Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação
Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
Um fundamento para o crescimento acelerado de um país
subdesenvolvido é aprimorar sua competitividade sistêmica, para que se insira
na economia globalizada. Neste quesito, o Brasil ocupa o 72º lugar entre os 140
países avaliados, conforme o Relatório Global de Competitividade, publicado
pelo Fórum Econômico Mundial.
Um fator penalizante é a nossa logística, com destaque
para a incapacidade de investir, a qualidade dos projetos e a gestão. Nos
últimos 10 anos, o Brasil aplicou em infraestrutura o equivalente a 0,6% do seu
PIB, enquanto China, Índia e Rússia investiram cerca de 10%, 8% e 7%,
respectivamente.
Aqui, o custo logístico representa 12,7% do PIB (nos EUA,
7,8%), sendo que 65% da logística foram subjugados ao corporativismo do modal
rodoviário (3ª maior malha do mundo), em que 12% das vias são pavimentados, mas
em péssimo estado de conservação. O modal ferroviário regrediu e os transportes
hidroviários, que representam o modal mais competitivo no mundo, não têm ações
efetivas para utilizar os 8 mil quilômetros de costa marítima e os 44 mil
quilômetros de vias navegáveis, dos quais apenas 13 mil quilômetros têm uso
subutilizado.
Este cenário onera boa parte das cadeias econômicas que
movimentam grandes volumes com baixo valor agregado, em especial o agronegócio.
Nas conexões intermodais, o gasto por tonelada custa até cinco vezes mais do
que nos países desenvolvidos. No RS, aproximadamente 4% da movimentação total
de cargas é feita pelo modal hidroviário das Lagoas dos Patos e Mirim, e dos
rios Jacuí e Taquari, enquanto as rodovias respondem por 85% do transporte de
cargas. Para mudar este contexto, precisamos de um planejamento efetivo e
realista visando à integração dos vários modais existentes, através de um
macrozoneamento do modal hidroviário definindo as retroáreas e as conexões
intermodais – incluindo os aspectos ambientais e a associação às diversas
cadeias econômicas.
Existe a necessidade de se eliminar a imensa burocracia,
as inseguranças jurídicas que envolvem a implantação e a posterior operação e
integrar os processos de licenciamento para se criar uma ambiência
empreendedora que permita concessões e parcerias público-privadas. No caso do
RS, é importante a integração com o Porto de Rio Grande.
O tema tem mobilizado inúmeras entidades públicas e
privadas de vários setores, lideradas por Famurs e HidroviasRS. A ideia é
elaborar uma proposição a ser encaminhada ao governo para que o RS construa uma
agenda evolutiva neste importante item visando a aumentar a competitividade das
cadeias econômicas gaúchas, facilitar a atração de empresas e, por fim,
promover o crescimento e o desenvolvimento do Estado.