o As faixas mais baixas de renda foram as mais afetadas até agora. A comparação do volume de pessoas ocupadas por faixa de renda habitualmente recebida confirma que o maior volume de perda de ocupação ocorreu na faixa de renda de até 1 salário mínimo.
o Como contraponto, o auxílio emergencial tem tido alcance maior que o previsto. Inicialmente estimado em cerca de R$ 30 bilhões por mês, o benefício vem atingindo cerca de 40% dos domicílios do país e é responsável pela injeção de cerca de R$ 50 bilhões por mês. Quando considerado em conjunto com outras fontes de rendimentos (como aposentadorias e benefícios de proteção social, cujos indicativos também são de expansão no período), o impacto final é limitado, ou mesmo positivo, na vigência do auxílio emergencial.
o Do ponto de vista regional, o choque sobre ocupação foi maior no Norte e Nordeste. E, como esperado, o setor informal foi mais duramente afetado pela pandemia, em especial dentre os serviços que dependem do componente presencial.
o Os dados até meados de julho ainda não apontam para recuperação, mesmo que gradual, da ocupação. Com o retorno da busca por emprego entre aqueles que estavam fora da força de trabalho, a taxa de desemprego deve seguir registrando altas concomitante aos sinais de retomada de atividade econômica. A boa notícia tem sido a redução no ritmo de destruição de empregos formais registrado em maio e que deve continuar em junho, conforme sugerido pela redução do volume de requerimentos de seguro desemprego.
o Em última instância, o desempenho da atividade econômica no segundo semestre dependerá das condições do rendimento final das famílias. Até agora, os estímulos têm se mostrado fundamentais para compensar o choque agregado sobre o mercado de trabalho e alguma acumulação de poupança também pode ser importante na recuperação. Mas assim como no resto do mundo, há dúvidas sobre uma possível perda de dinamismo da retomada conforme os estímulos forem sendo retirados. Há incertezas em relação à evolução da própria pandemia, mas será o efeito líquido da remoção de estímulos (e algum incremento no volume de poupança), em comparação aos dados correntes do mercado de trabalho, que determinará o impacto sobre consumo.