Marcus Gravina - Ouvidos moucos

 Quem não ouviu este pronunciamento do Min. Luis Roberto Barroso, 

dirigindo-se ao presidente do STF, terá a oportunidade de lê-lo neste artigo. 

Talvez o resultado do primeiro turno da eleição presidencial fosse outro, 

pois o que sofremos recentemente foi um outro tipo de epidemia e não a 

de ouvidos moucos. Nossa gente não seria tão indiferente aos fatos 

criminosos revelados por ele. 

Depois da carta de Pedro Vaz de Caminha - nos idos de 1500 – a “El-Rei 

Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, o Min. Barroso disse a todos 

os brasileiros o que o governo do PT, com seus aliados de facções do PMDB, 

PSDB e PP fizeram, criminosamente, com o Brasil após a sua descoberta. 

Leiam e tirem suas conclusões. Ainda há tempo.

Min. Barroso (transcrição): “E aqui Presidente eu me permito observar que os 

números da atuação da Terceira Vara Federal de Curitiba são muito impressionantes. 

Foram 179 (cento e setenta e nove) ações penais, com 553 (quinhentos e cinquenta e 

três) denunciados. Houve 174 (cento e setenta e quatro) condenações em primeira 

instância, confirmadas em segunda instância. Celebraram-se, 209 (duzentos e nove)

acordos de colaboração e 17 (dezessete) acordos de leniência. Foram devolvidos aos 

cofres públicos 4,3 bilhões de reais que haviam sido desviados. E os valores previstos 

para serem recuperados com os acordos de leniência das empresas que praticaram 

delitos atingem 12,7 bilhões de reais. Foi uma operação que revelou um quadro

impressionante e assustador de corrupção, de Norte a Sul e do Leste a Oeste no Brasil. 

Um quadro de corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada. Compravam-se 

maiorias políticas com a corrupção, almejavam-se cargos públicos para desvio de 

dinheiro e financiava-se a política e o próprio bolso com o dinheiro público desviado. 

Além de Estrutural, uma corrupção sistêmica, porque uma engrenagem alimentava a 

outra. Não foram falhas indivíduos ou pequenas fraquezas humanas. Eram esquemas 

profissionais de arrecadação e de distribuição de dinheiros desviados. A obra 

superfaturada irrigava o pagamento do marqueteiro. A propina na obtenção do 

financiamento público irrigava o caixa dois da campanha. Tudo lavado em offshores

não declaradas, em sucessivas camadas de empresas de fachada para disfarçar a

corrupção. Saque do estado brasileiro, em última análise, saque do povo brasileiro. 

Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas 

erradas no país. Quem se dispuser a ler o livro da Malu Gaspar: “A Organização” verá 

a fotografia aterradora de um país que se perdeu na história. Está tudo lá. O PT e os 

seus próceres, o PSDB e os seus próceres. o PP e os seus próceres. O PMDB e os seus 

próceres, com os valores das propinas, e em muitos casos com os nomes das contas 

não declaradas em paraísos fiscais. E não se fale presidente, em criminalização da 

política. Levar percentuais em contratos públicos, cobrar pedágio em empréstimos

públicos, ou receber suborno para dar isenção tributária a quem não merecia ser 

desonerado, ou cobrar propinas para não convocar empresas e indivíduos para as 

comissões parlamentares de inquérito, não é política, é crime mesmo presidente. A 

partir da invasão criminosa de privacidade passou-se a vazar a conta-gotas cada 

fragmento do produto do crime do hackeamento para que os corruptos se 

apresentassem como vítimas. E claro, nas conversas privadas, ilicitamente divulgadas 

encontraram pecadilhos fragilidades humanas, maledicências e num show de 

hipocrisia muitos se mostraram horrorizados com aquilo a que indevidamente tiveram 

acesso. Gente, cuja reputação não resistiria a meia hora vazamento de suas conversas

privadas. Note-se bem, não vazou a existência de uma prova fabricada, falsificada, ou 

de um propósito de se condenar alguém mesmo que sem prova alguma. O que 

naturalmente seria muito grave. Vazou que juiz e membros do Ministério Público 

conversavam. Presidente, vossa excelência foi juiz e promotor no interior. Acontece 

diariamente em todas as comarcas do Brasil.”

Nos debates da campanha no segundo turno este assunto, certamente, 

estará presente. Mas, ninguém conseguirá superar a firmeza e a acuidade

do relatório do citado Ministro do STF, destinado ao registro da história 

contemporânea do nosso País a ser ensinada em nossas escolas, se o 

regime continuar sendo o da liberdade constitucional.

A tudo de mal que poderá ainda acontecer, acrescento mais uma 

providência: impedir um vexame, ou seja, que as Forças Armadas não 

tenham como Chefe e preste continência a quem foi condenado por 

corrupção e nas ruas é chamado de ladrão. As Forças Armadas sob 

comando de bandidos acabarão saindo às ruas para atirar em cidadãos

desarmados, como aconteceu na Venezuela em manifestações populares 

que deveriam ser livres. 

Caxias do Sul, 03.10.2022

Marcus Vinicius Gravina

Cidadão brasileiro

Tit. Eleitoral 0328 0361 0434

Eleição para governador terá segundo turno em 12 estados

 O segundo turno das eleições para governador será realizado em 12 estados. Nessas unidades da federação, nenhum dos candidatos atingiu mais de 50% dos votos válidos para vencer a disputa em primeiro turno.

O segundo turno será disputado entre os seguintes candidatos:

Alagoas - Paulo Dantas (MDB) x Rodrigo Cunha (União)/ Amazonas - Wilson Lima (União) x Eduardo Braga (MDB)/ Bahia - Jerônimo Rodrigues (PT) x ACM Neto (União)


Espírito Santo - Renato Casagrande (PSB) x Marato (PL)


Mato Grosso do Sul - Capitão Contar (PRTB) x Eduardo Riedel (PSDB)


Paraíba - João Azevêdo (PSB) x Pedro Cunha Lima (PSDB)


Pernambuco - Marília Arraes (Solidariedade) x Raquel Lyra (PSDB)


Rio Grande do Sul - Onyx Lorenzoni (PL) x Eduardo Leite (PSDB)


Rondônia - Coronel Marcos Rocha (União) x Marcos Rogerio (PL)


Santa Catarina - Jorginho Mello (PL) x Décio Lima (PT)


Sergipe - Rogério Carvalho (PT) x Fábio (PSD) 


São Paulo - Tarcísio de Freitas (Republicanos) x Fernando Haddad (PT)


Em 14 estados e no Distrito Federal, os governadores foram eleitos no primeiro turno.