Quem não ouviu este pronunciamento do Min. Luis Roberto Barroso,
dirigindo-se ao presidente do STF, terá a oportunidade de lê-lo neste artigo.
Talvez o resultado do primeiro turno da eleição presidencial fosse outro,
pois o que sofremos recentemente foi um outro tipo de epidemia e não a
de ouvidos moucos. Nossa gente não seria tão indiferente aos fatos
criminosos revelados por ele.
Depois da carta de Pedro Vaz de Caminha - nos idos de 1500 – a “El-Rei
Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, o Min. Barroso disse a todos
os brasileiros o que o governo do PT, com seus aliados de facções do PMDB,
PSDB e PP fizeram, criminosamente, com o Brasil após a sua descoberta.
Leiam e tirem suas conclusões. Ainda há tempo.
Min. Barroso (transcrição): “E aqui Presidente eu me permito observar que os
números da atuação da Terceira Vara Federal de Curitiba são muito impressionantes.
Foram 179 (cento e setenta e nove) ações penais, com 553 (quinhentos e cinquenta e
três) denunciados. Houve 174 (cento e setenta e quatro) condenações em primeira
instância, confirmadas em segunda instância. Celebraram-se, 209 (duzentos e nove)
acordos de colaboração e 17 (dezessete) acordos de leniência. Foram devolvidos aos
cofres públicos 4,3 bilhões de reais que haviam sido desviados. E os valores previstos
para serem recuperados com os acordos de leniência das empresas que praticaram
delitos atingem 12,7 bilhões de reais. Foi uma operação que revelou um quadro
impressionante e assustador de corrupção, de Norte a Sul e do Leste a Oeste no Brasil.
Um quadro de corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada. Compravam-se
maiorias políticas com a corrupção, almejavam-se cargos públicos para desvio de
dinheiro e financiava-se a política e o próprio bolso com o dinheiro público desviado.
Além de Estrutural, uma corrupção sistêmica, porque uma engrenagem alimentava a
outra. Não foram falhas indivíduos ou pequenas fraquezas humanas. Eram esquemas
profissionais de arrecadação e de distribuição de dinheiros desviados. A obra
superfaturada irrigava o pagamento do marqueteiro. A propina na obtenção do
financiamento público irrigava o caixa dois da campanha. Tudo lavado em offshores
não declaradas, em sucessivas camadas de empresas de fachada para disfarçar a
corrupção. Saque do estado brasileiro, em última análise, saque do povo brasileiro.
Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas
erradas no país. Quem se dispuser a ler o livro da Malu Gaspar: “A Organização” verá
a fotografia aterradora de um país que se perdeu na história. Está tudo lá. O PT e os
seus próceres, o PSDB e os seus próceres. o PP e os seus próceres. O PMDB e os seus
próceres, com os valores das propinas, e em muitos casos com os nomes das contas
não declaradas em paraísos fiscais. E não se fale presidente, em criminalização da
política. Levar percentuais em contratos públicos, cobrar pedágio em empréstimos
públicos, ou receber suborno para dar isenção tributária a quem não merecia ser
desonerado, ou cobrar propinas para não convocar empresas e indivíduos para as
comissões parlamentares de inquérito, não é política, é crime mesmo presidente. A
partir da invasão criminosa de privacidade passou-se a vazar a conta-gotas cada
fragmento do produto do crime do hackeamento para que os corruptos se
apresentassem como vítimas. E claro, nas conversas privadas, ilicitamente divulgadas
encontraram pecadilhos fragilidades humanas, maledicências e num show de
hipocrisia muitos se mostraram horrorizados com aquilo a que indevidamente tiveram
acesso. Gente, cuja reputação não resistiria a meia hora vazamento de suas conversas
privadas. Note-se bem, não vazou a existência de uma prova fabricada, falsificada, ou
de um propósito de se condenar alguém mesmo que sem prova alguma. O que
naturalmente seria muito grave. Vazou que juiz e membros do Ministério Público
conversavam. Presidente, vossa excelência foi juiz e promotor no interior. Acontece
diariamente em todas as comarcas do Brasil.”
Nos debates da campanha no segundo turno este assunto, certamente,
estará presente. Mas, ninguém conseguirá superar a firmeza e a acuidade
do relatório do citado Ministro do STF, destinado ao registro da história
contemporânea do nosso País a ser ensinada em nossas escolas, se o
regime continuar sendo o da liberdade constitucional.
A tudo de mal que poderá ainda acontecer, acrescento mais uma
providência: impedir um vexame, ou seja, que as Forças Armadas não
tenham como Chefe e preste continência a quem foi condenado por
corrupção e nas ruas é chamado de ladrão. As Forças Armadas sob
comando de bandidos acabarão saindo às ruas para atirar em cidadãos
desarmados, como aconteceu na Venezuela em manifestações populares
que deveriam ser livres.
Caxias do Sul, 03.10.2022
Marcus Vinicius Gravina
Cidadão brasileiro
Tit. Eleitoral 0328 0361 0434