Artigo, Luís Milman - Universidade aparelhada pelos comunistas e pelo PT

Por Luis Milman
O ambiente universitário brasileiro, a exemplo do jornalístico, é um terreno no qual sempre proliferou a mentalidade esquerdista. O Partido dos Trabalhadores, desde os anos 80, é o preferido de professores e alunos, que ostentam sua militância abertamente e com orgulho. Na medida em que o PT foi se tornando um partido de governo, partidos de esquerda mais à margem do poder, como o PC do B, o PSTU e o PSOL,  passaram a dividir com os petistas a liderança do movimento estudantil, enquanto os sindicatos docentes, especialmente das universidades públicas, continuaram a ser dominados por petistas. O PT substituiu o antigo PCB, o Partidão – do qual, em muitos aspectos, é um esbirro- na preferência da intelligentsia universitária. Assim, não é novidade que sempre tenha havido, por parte deste setor, uma adesão confessional aos padrões de pensamento e organização marxistas.
Para todos os efeitos, estar vinculado ao PT ou, em segundo plano, aos demais partidos da esquerda, aberta ou informalmente, significa, ainda hoje, possuir uma carta de recomendação ideológica, sem a qual é muito difícil abrir as portas para a participação em grupos que dominam a política e movem a burocracia universitária.  A credencial é responsável pela ocupação de cargos diretivos e pela consequente ascenção na carreira docente, sem falar na participação assídua em congressos nacionais e internacioais e, principalmente, nas agências estatais de fomento à pesquisa, que controlam a distribuição de bolsas de estudo para alunos e verbas polpudas para professores . Para aqueles que não se ajustam ao perfil ideológico dominante, que são independentes ou não-alinhados ao ideário hegemônico, resta resignarem-se com um autêntico exercício de sobrevivência profissional, em um contexto que, não raras vezes, torna-se, até mesmo, hostil.
A contraface deste esquerdismo que sequestrou a Universidade brasileira é a inexistência de setores articulados mais identificados com referências teóricas de direita. Entenda-se por direita, aqui, não o espantalho reacionário que os petistas, ou a esquerda brasileira como um todo, fabricou para justificar sua doutrinação. A direita que importa é aquela dos conservadores e liberais, que defende os valores da democracia republicana, da economia de mercado, da tradição e costumes judaico-cristãos e da liberdade individual. Esta está praticamente extinta na Universidade, muito por culpa de sua própria falta de combatividade e de sua aceitação pacífica do expurgo ideológico a que foi submetida pela esquerda.
Externamente, apenas para fins de propaganda, os esquerdistas que dominam os campi, sustentam que são democratas e que há, na universidade, um fluxo de pensamento livre. Não há. Este fluxo é condicionado pela aceitação, por parte da maioria esmagadora de professores e estudantes, de modo tácito ou explícito, da mentalidade revolucionária marxista ou paramarxista e de sua superioridade moral. Um professor, na área de Humanidades, por exemplo, tem muita dificuldade operacional para expor as ideias políticas de Hume, Burque ou Toqueville, ou a crítica ao socialismo de Mises e Hayeck, num ambiente no qual Marx , Gramsci, Adorno e Dvorkin são praticamente vistos como sublimes.
São imperceptíveis, na Universidade brasileira, os registos do debate e da abertura intelectual. Em seu lugar, há um compadrio doutrinário e a consequência de décadas desta hegemonia esquerdista é aquilo que chamo de espiral da mediocridade. Nas salas de aula e nos encontros de pesquisadores repetem-se à exaustão as fórmulas surradas de pensadores marxistas. Há muito espaço, também, para anarcomarxistas, como Foucault, ou para pós-modernistas como Derrida, além de uma penca de autores de expressão menor que seguem estas linhas. Tudo produzido de maneira repetitiva para consumo da clientela acadêmica. Não há diferença entre formação e doutrinação . A reflexão dá lugar ao automatismo e os modos de expressão, na mesma medida em que a capacidade crítica é substituída por uma adesão do sujeito a uma dogmática já existente, limitam-se a propagar e a produzir cópias caricatas dos modelos que habitam o Olimpo das ideias revolucionárias e desconstrutivistas.
É a este quadro, em linhas gerais, que está reduzida a intelectualidade na Universidade brasileira. É de se reconhecer, no entanto, que está surgindo, devido à degradação política do PT, uma demanda por mais inteligência na sociedade. Esta demanda reflete-se no meio acadêmico, onde a situação confortável da esquerda passou a sofrer alguma contestação, mesmo que ainda incipiente. Uma das defesas do esquerdismo, digamos, corporativo da Universidade, é fazer com que suas práticas e hábitos  permaneçam intransparentes para essa mesma sociedade que a sustenta. A vida intelectual e a burocracia universitárias ainda constituem uma caixa-preta para o cidadão comum. É preciso urgentemente devassá-la

Artigo, Aquillino Dalla Santa Neto, Zero Hora - o Brasil em chamas

Aquillino Dalla Santa Neto: o Brasil em chamas
Professor de Filosofia

Nenhuma situação provocou tanta tensão em toda a história do Brasil quanto os últimos atos criminosos que ameaçam e barbarizam diariamente as capitais do país.

O que realmente nos preocupa está identificado no fato de estarmos vivendo uma situação que, a cada dia, demonstra ser irreversível, fazendo com que toda a sociedade comece a pensar como será daqui para a frente. Hoje, o simples pensamento de não sabermos mais se retornaremos vivos para casa ou se iremos para o necrotério em sacos plásticos faz com que a intranquilidade e o desespero atinjam e liguem todos (independentemente de classe social ou nível cultural), numa luta constante para se manter longe das estatísticas de vítimas de latrocínios e assassinatos.

Identificar os motivos em uma breve análise do porquê de estarmos vivendo um estado de sítio num país democrático e em pleno século 21 poderia ser inútil aos olhos de quem sofre as consequências na pele e não tem tempo para refletir a respeito.

No entanto, ignorar as causas, devido à omissão das autoridades competentes nos últimos 30 anos, as quais deveriam ter oferecido e garantido uma realidade com mais dignidade e segurança, condizente com o orçamento de uma nação do porte demográfico, geográfico e econômico do Brasil, poderia ser tão irresponsável quanto foram os últimos governos, que deliberadamente fecharam os olhos para a segurança pública, ignorando e subestimando o que poderia acontecer se não fosse investido o mínimo de recursos para que tal situação chegasse a este ponto.

Se nos voltarmos para o que está acontecendo em Vitória, com o Exército nas ruas com a missão de impedir saques e assassinatos à luz do dia, podemos até imaginar que somos meros figurantes de algum dos filmes de ficção do diretor John Carpenter, que retratam de forma surreal uma fase da existência humana em que o ser humano tinha que matar para sobreviver em um mundo sem valores, sem regras e sem ética, onde reinava apenas a corrupção e a selvageria.


Infelizmente, Porto Alegre e o Rio de Janeiro estão próximos da realidade de Vitória, mas os governos estaduais insistem em dispensar a presença dos militares para manter e garantir a ordem e a segurança, com a desculpa de que não há necessidade para tanto. Ora, é óbvio que, enquanto não houver tropas nas ruas, já que não há policiamento, o estímulo para assaltos será cada vez maior, tornando os criminosos ainda mais audaciosos e violento