A carta


CARTA DE APOIO À MANUTENÇÃO DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS NA ATUAL PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Brasília, 6 de junho de 2019.

Os Governadores infra-assinados manifestam apoio à manutenção dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na Proposta de Emenda à Constituição que modifica o sistema de Previdência Social, atualmente debatida no Congresso Nacional.

Como é de conhecimento de todos, o regime de Previdência é substancialmente deficitário, constituindo uma das causas da grave crise fiscal enfrentada pelos Entes da Federação, os quais, frequentemente, não dispõem de recursos para recolher aposentadorias ou honrar a folha de salário de servidores em atividade.

Caso não sejam adotadas medidas contundentes para a solução do problema, o déficit nos regimes de aposentadoria e pensão dos servidores estaduais, que hoje atinge aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, poderá ser quadruplicado até o ano de 2060, conforme estudo da Instituição Fiscal Independente – IFI, do Senado Federal.

Atribuir aos Governos estaduais e distrital a missão de aprovar mudanças imprescindíveis por meio de legislação própria, a fim de instituir regras já previstas no projeto de reforma que ora tramita no Congresso, não apenas representaria obstáculo à efetivação de normas cada vez mais necessárias, mas também suscitaria preocupações acerca da falta de uniformidade no tocante aos critérios de Previdência a serem observados no território nacional.

Cabe ressaltar que a uniformização de tratamento, no que concerne ao estabelecimento de regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de Previdência Social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, é uma realidade que vigora há mais de 20 anos, desde a edição da Lei nº 9.717/1998.

Destaca-se, ainda, que, desde a primeira reforma da Previdência atinente aos servidores públicos (Emenda Constitucional nº 20, de 1998), o art. 40 da Constituição da República alcança todos os servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem distinção, representando princípio que se manteve com a aprovação das Emendas Constitucionais nº 41, de 2003, nº 47, de 2005, e nº 70, de 2012.

Por conseguinte, contamos com o indispensável apoio de nossos deputados e senadores para a manutenção dos Estados e do Distrito Federal na Nova Previdência, a fim de garantir o equilíbrio fiscal e o aumento dos investimentos vitais que promovam a melhoria da vida de nossos concidadãos, evitando o agravamento da crise financeira que já se mostra insustentável.

IBANEIS ROCHA

Governador do Distrito Federal

Coordenador Nacional do Fórum de Governadores

GLADSON CAMELI

Governador do Estado do Acre

RENAN FILHO

Governador do Estado de Alagoas

WALDEZ GÓES

Governador do Estado do Amapá

WILSON LIMA

Governador do Estado do Amazonas

CAMILO SANTANA

Governador do Estado do Ceará

RENATO CASAGRANDE

Governador do Estado do Espírito Santo

RONALDO CAIADO

Governador do Estado de Goiás

MAURO MENDES

Governador do Estado do Mato Grosso

REINALDO AZAMBUJA

Governador do Estado do Mato Grosso do Sul

ROMEU ZEMA

Governador do Estado de Minas Gerais

HELDER BARBALHO

Governador do Estado do Pará

JOÃO AZEVÊDO

Governador do Estado da Paraíba

RATINHO JÚNIOR

Governador do Estado do Paraná

PAULO CÂMARA

Governador do Estado de Pernambuco

WELLINGTON DIAS

Governador do Estado do Piauí

WILSON WITZEL

Governador do Estado do Rio de Janeiro

FÁTIMA BEZERRA

Governadora do Rio Grande do Norte

EDUARDO LEITE

Governador do Estado do Rio Grande do Sul

CORONEL MARCOS ROCHA

Governador do Estado de Rondônia

ANTONIO DENARIUM

Governador do Estado de Roraima

CARLOS MOISÉS

Governador do Estado de Santa Catarina

JOÃO DORIA

Governador do Estado de São Paulo

BELIVALDO CHAGAS

Governador do Estado de Sergipe

MAURO CARLESSE

Governador do Estado do Tocantins

Manifesto pela Vida



Manifesto pela Vida
O Projeto de Lei encaminhado pelo Governo Federal propondo mudanças no Código de Trânsito Brasileiro coloca o país na contramão do mundo.
Estamos chegando ao fim da Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011/2020), instituída pela ONU, e o panorama no Brasil não é nada animador. Pelos números que temos hoje, tudo indica que nosso país não atingirá as metas estabelecidas para a redução em 50% dos acidentes e mortes no Trânsito.
O projeto entregue pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 4 de junho, no entanto, vai na contramão dos objetivos preconizados pela Década. O trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo: anualmente são mais de 45 mil pessoas que perdem a Vida no país e outras 300 mil feridas, mutiladas e muitas incapacitadas pelas sequelas causadas pelos acidentes. E, mesmo com esses números alarmantes, as mudanças propostas para o Código de Trânsito Brasileiro pretendem flexibilizar as normas que já estão em vigor. As conquistas arduamente construídas ao longo destas duas décadas desde a entrada em vigor do CTB – e que precisam ainda evoluir muito para tirar nosso país do ranking da morte – vão sofrer um retrocesso e recrudescer ainda mais esta verdadeira guerra que assistimos nas ruas e estradas brasileiras.
Entre as mudanças previstas no projeto de lei, está a ampliação de 20 para 40 pontos do limite para suspensão da carteira de habilitação. Com isso, o governo passa à sociedade a mensagem de permissividade com relação à violação das leis de trânsito. Cabe destacar que, segundo dados do Detran-RS, 90% dos condutores gaúchos – a esmagadora maioria – não têm pontuação na carteira de habilitação. Então, qual a necessidade de aumentar esse limite? Não podemos beneficiar os infratores. Precisamos, sim, investir na educação para um trânsito mais humano e seguro, para que os condutores sejam mais prudentes e respeitem as leis.
Outra medida proposta pelo PL é o fim da multa para os motoristas que transportarem crianças em veículos sem o uso dos dispositivos de retenção veicular infantil – como bebê conforto, cadeirinha e assento de elevação. No lugar, os condutores receberiam apenas uma advertência escrita. Em vigor desde 2008, a obrigatoriedade do uso dos dispositivos de retenção veicular para o transporte de crianças de até sete anos e meio de idade (Resolução 277 do Contran) foi uma grande conquista. Afinal, o uso desses equipamentos reduz em até 71% o risco de morte no caso de acidentes. No Brasil, o trânsito é a principal causa de morte externa de crianças e adolescentes até 14 anos de idade. Portanto, flexibilizar a fiscalização e a punição quanto à falta do equipamento de retenção infantil é colocar ainda mais em risco a vida das nossas crianças.
O Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, pasta responsável pelo trânsito no governo federal, defende que o Código Brasileiro de Trânsito precisa de atualização. Com duas décadas de aplicação, o Código pode ser, sim, atualizado. Mas que essa atualização seja em defesa da VIDA. Sempre!
Aos congressistas, pedimos bom senso e a reflexão sobre o impacto que essas mudanças terão sobre o trânsito e, acima de tudo, sobre a vida dos brasileiros.
Nós, da Fundação Thiago Gonzaga, defendemos que nenhum interesse possa se sobrepor à VIDA e à segurança da nossa população.
Vida Urgente, porque a Vida é tudo!
Fundação Thiago de Moraes Gonzaga


Artigo, William Waack, Estadão - A arrancada de Bolsonaro


A falência do sistema político coloca o presidente num dilema fundamental

O mundo político preocupado em encontrar uma ampla saída para a crise desistiu de imaginar que a relação entre os Poderes possa ser fundamentalmente distinta da atual. O presidente Jair Bolsonaro oscila entre tapas e beijos no trato com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, postura difícil de se chamar de “conduta tática” (se é que existe um objetivo estratégico). É simplesmente ao sabor dos acasos quase diários da política cotidiana. Portanto, de baixa previsibilidade.

Ocorre que é o nó político que precisa ser desatado quando se pensa em qualquer questão fundamental: gastos públicos, reforma tributária, insegurança jurídica. Goste-se ou não das escolhas consolidadas nas urnas em outubro, é obrigatório reconhecer que a onda disruptiva tornou ainda mais precário o funcionamento de um sistema de governo que opõe um chefe do Executivo muito forte a um Legislativo cheio de prerrogativas, mas fracionado e com partidos políticos que, em sua maioria, nem merecem esse nome. Receita para um desgaste permanente, de parte a parte.

Em outras palavras, a transformação empurrada em boa parte pelo lavajatismo, e seu esforço em estabelecer um controle externo ao sistema político, agravou o fator de crise “estrutural” das instâncias que se mostram há muito tempo incapazes de lidar com questões como a fiscal – para falar apenas do problema mais agudo de curtíssimo prazo. O fenômeno é de amplo alcance e transcende os nomes de Jair e Rodrigo (e de Toffoli também). Daí a forte desconfiança (total descrédito talvez fosse a melhor expressão) com que foi recebido o tal “pacto entre Poderes”. Fatores de longo e curto prazos combinaram-se para a atual tempestade perfeita.

Essa tempestade se caracteriza pela imensa dificuldade percebida em “arrancar” em alguma direção – e não é por falta de diagnóstico ou de palavras. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi apenas o último a dizer, na Câmara, na terça-feira, que a economia está estagnada há muito tempo, que, sem reformas (além da Previdência), o País não cresce, que a jovem força de trabalho precisa de emprego e aumento de produtividade. E que ele preferia um novo pacto federativo, descentralizador.

O problema é a percepção de que pouco acontece nessa direção. Talvez voluntariamente Guedes expresse uma noção que se amplia nas elites. O de que o nó político é muito mais do que o “toma lá, dá cá” nas relações entre Executivo e Legislativo, nas quais se concentra o já monótono noticiário político de cada dez minutos. Que a corrupção é um problema importante, mas nem sequer o pior. Que a insegurança jurídica, além dos problemas velhos do Judiciário, vem também de decisões políticas do Supremo. E que no público em geral, descrente das instituições (inclusive imprensa), cresce uma raivosa impaciência em relação a “tudo”.

Jair Bolsonaro pode achar que essa raiva lhe favorece no ímpeto declarado de romper o nó político. Por ele entendido até aqui na acepção mais reduzida, a do “toma lá, da cá”. Conscientemente ou não, é formidável o dilema no qual o presidente se colocou: respeitar e ao mesmo tempo desprezar as regras do “sistema” político – que está falido na sua acepção mais ampla. Se ele acha que o dilema tem saída, ainda não deixou exatamente claro com quais meios, além dos apelos à sua base fiel. Nesta semana, quando atravessou a Esplanada e foi ao Congresso, foi falar de pontos na carteira de motorista.

Enquanto a “arrancada” da estagnação política e econômica sugerida pelos eventos de 2018 está se fazendo esperar.


Artigo, Everardo Maciel, Estadão - Um elefante em loja de louças


A PEC n.º 45, de 2019, autodesignada 'reforma tributária', é um exemplo eloquente de diagnóstico mal formulado e tratamento inadequado

Reforma é, compreensivelmente, uma palavra mágica que mobiliza sentimentos de esperança ante o eterno desconforto do presente, ainda que, a rigor, não queira dizer absolutamente nada, porquanto implica enorme diversidade de perspectivas e arranjos.

Há, entretanto, quem condicione investimentos à consecução das “reformas”, mesmo que não saiba quais são elas. É uma espécie de sebastianismo redivivo, que cultua a redenção por práticas salvacionistas e prospera em contexto que encerra frustração, desinformação, interesses dissimulados e manipulação intelectual.

Esse quadro se ajusta bem à nossa crônica indisposição para refletir sobre problemas e, em seguida, eleger soluções jurídica e economicamente consistentes e menos custosas, inclusive na perspectiva política.

No âmbito tributário, temos sido vítimas frequentes de diagnósticos errados e tratamentos excessivos (overdiagnosis and overtreatment, na linguagem médica). Ensina o pensador italiano Michelangelo Bovero, em entrevista ao Valor de 12.9.2014: “O remédio pode ser pior que a doença. Medicina, em grego, é fármacon. E o primeiro significado de fármacon é veneno”.

A PEC n.º 45, de 2019, autodesignada “reforma tributária”, é um exemplo eloquente de diagnóstico mal formulado e tratamento inadequado.

É indiscutível que o sistema tributário brasileiro tem problemas, como de resto todos os sistemas tributários do mundo, em todo o tempo. Afinal, eles resultam de embates parlamentares, que envolvem conflitos de razão e de interesse. Derivam, portanto, da inevitável imperfeição dos atos humanos.

Essa constatação não autoriza, todavia, imobilismo e conformismo, mas racionalidade, prudência e pragmatismo.

No caso específico, cabe refletir se as soluções apontadas cuidam dos problemas prioritários, sem criar novos problemas. As dificuldades para pagar impostos, que qualificam o Brasil em aviltante condição nos relatórios Doing Business do Banco Mundial, não decorrem da natureza dos tributos, mas principalmente de sobrecarga burocrática, notadamente as obrigações acessórias. Pretextar essas dificuldades para propor reforma de tributos é exercício de lógica borrada.

Os litígios, que espantam os investidores estrangeiros e perfazem valores que ultrapassam a metade do PIB, tampouco têm a ver com a natureza dos tributos. Resultam das gritantes disfunções do processo tributário e da incúria na resolução de temas controversos ou de baixa densidade normativa, como planejamento tributário abusivo, substituição tributária, ágio, etc.

Os problemas do ICMS, PIS/Cofins e ISS têm solução, sem que se apele para construções disruptivas e sem perder de vista as questões tributárias contemporâneas decorrentes da revolução digital, globalização e práticas predatórias dos paraísos fiscais.

A PEC n.º 45 é um elefante em loja de louças. Dispõe sobre mais de 150 dispositivos na Constituição e no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), com prazo final de implantação de 50 anos e prazos de transição de 2 e 10 anos. Alguém, em sã consciência, pode afirmar que daqui a 50 anos existirão impostos tal como hoje conhecemos?

Ofensa ao pacto federativo, cláusula pétrea insusceptível de emenda constitucional, vem sendo suscitada por eminentes tributaristas, aos quais me associo, como Hamilton Dias de Souza, Heleno Torres, Humberto Ávila, Roque Carrazza, Ricardo Lodi Ribeiro, Roberto Quiroga, Roberto Wagner Nogueira, Tathiane Piscitelli. Já aí se avista um litígio de grandes proporções.

A esse litígio se juntariam inúmeros outros, em desfavor da combalida segurança jurídica, a exemplo dos que decorreriam de novos conceitos, como as pitorescas “alíquotas singulares”, que refazem vinculações que a própria proposta extingue, e os que se deduziriam da instituição de um “comitê gestor” do tributo, com competência para expedir normas que usurpam funções do Poder Legislativo e, quem sabe, almejando converter-se no quarto ente federativo.

Um consolo para os articulistas: a PEC reúne um enorme potencial de críticas que não se esgotam em um artigo.

Consultor tributário, foi secretário da Receita Federal (1995-2002)

Artigo, Gazeta do Povo - O novo socorro aos Estados


Enquanto o relator da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), decide se mantém estados e municípios no projeto ou se os retira, o governo Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional na terça-feira, dia 4, um projeto de lei complementar que trata de uma ajuda a estados em apuro fiscal. O texto, formalmente denominado Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF), já ficou conhecido como Plano Mansueto, em referência a Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional, e exigirá dos estados que realizem operações de ajuste para que possam ter acesso a novas operações de crédito garantidas pelo Tesouro.

O projeto estipula uma lista de oito medidas, das quais os estados interessados em aderir – e também os municípios, mas apenas a partir de 2021, quando começam novos mandatos de prefeitos – terão de realizar pelo menos três. Elas incluem programas de privatizações e concessões (por exemplo, na área de saneamento básico), redução de benefícios fiscais já existentes e proibição de adotar novas medidas similares, a implantação de um teto de gastos semelhante ao que vale para o governo federal, e reformas contábeis para melhorar a gestão financeira.

Os estados continuam sua farra fiscal contando que, mais cedo ou mais tarde, o governo federal virá em seu socorro

Planos como o PEF não são novidade; há um bom tempo o governo federal vem tentando encontrar meios de socorrer os estados, especialmente aqueles cujos governantes conseguiram a proeza de ser mais irresponsáveis que os criadores e executores da “nova matriz econômica” que levou o Brasil à pior recessão de sua história. Estados importantes, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, promoveram o caos fiscal a ponto de causar o colapso da prestação de serviços básicos e adiar por vários meses o pagamento de seus servidores – que, é preciso dizer, muitas vezes partiram para a estratégia suicida de tentar bloquear no grito as mesmíssimas medidas que ajudariam a sanear as contas de seus empregadores.

Mas a percepção que levou o governo federal a montar o PEF, no entanto, pode antecipar o resultado deste novo socorro. Segundo a equipe econômica, os planos anteriores, que costumavam envolver renegociação de dívidas dos estados com a União, não ajudaram a resolver o problema dos estados. Não por falta de boa vontade do Planalto, mas por falta de iniciativa dos governos estaduais, que manifestavam interesse na prorrogação dos prazos, mas não colocavam em prática as medidas de ajuste fiscal exigidas como contrapartida.

O Rio de Janeiro, por exemplo, continua discutindo se privatizará a Cedae, sua empresa de água e saneamento básico. A medida era uma das exigências do governo federal para que o Rio aderisse ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), instituído em 2017. A venda chegou a ser aprovada pelo Legislativo estadual, que reverteu a decisão logo depois. O governador Wilson Witzel (PSC), antes contrário à privatização, agora promete se desfazer de todas as empresas estaduais. Não foi à toa que o Tesouro Nacional tenha sido extremamente parcimonioso ao contemplar novas adesões – apenas a do Rio Grande do Sul está em estudo, enquanto outros estados foram rejeitados.

Os estados também têm sido muito lenientes com um dos buracos sem fundo das contas públicas: os gastos com funcionalismo. Apesar da recessão, os governos estaduais continuaram a aumentar gastos com seus quadros de ativos e inativos, contratando e oferecendo reajustes incompatíveis com sua capacidade de pagamento. Um relatório do Tesouro Nacional, preparado em novembro de 2018, ainda no fim do governo de Michel Temer, mostra em detalhe como cada estado cavou seu fosso fiscal.

O mesmo relatório menciona a existência de um “risco moral” em que os estados continuam sua farra fiscal contando que, mais cedo ou mais tarde, o governo federal virá em seu socorro, e por isso sugere que a União adote e mantenha com firmeza uma política de “não salvamento” dos estados. O Plano Mansueto tem, a seu favor, a estratégia de exigir o cumprimento das medidas de ajuste fiscal antes que a União aprove o aumento da capacidade de crédito, ou seja: os governadores terão de mostrar serviço, em vez de fazer apenas compromissos que acabam não cumprindo. Que essa mudança ajude o PEF a conseguir sucesso onde seus antecessores falharam

Artigo, Telma Mathilde Renner - Qual é a do governador Eduardo Leite ?

Votei no  Sartori, sem convicção,  bem intencionado, mas totalmente sem firmeza. Querendo agradar a todos ,  nada saiu  do chão.  Confesso, que até estava  torcendo um pouco para  que o Leite ganhasse. Cara jovem, cabeça arejada, viajado, novas idéias...
.Já no  seu primeiro ato, fiquei bem apreensiva. Aumentar o estado QUEBRADO, que paga funcionários à prestação, em  3 secretarias ?!  Tá bom , é o começo, um deslize.  Eu aqui, pagando pra ver.
  Certamente ele é articulado como dizem, pois conseguiu aprovar a PEC da privatização, IMPRESCINDÍVEL para “despiorar” , só inventando termos para conseguir  descrever a situação do RS! 
 Viagem  aos Estados Unidos para novos negócios, ótimo!  Filmezinho bonito divulgando a extensa  quilometragem viária do RS, a UFRGS como uma das melhores universidades, pujante parque industrial,  ok. Empreendedores COM DINHEIRO, conseguem enxergar o potencial do estado, mesmo que este esteja falido.  Potencial tem isso é indiscutível!   MAS apostar ou até fazer mais dívida em cima de potencial ? Cadê a austeridade ?! Abrindo concursos adoidado , Paulo Guedes está administrando com mão férrea essa questão! Presidencia e diretoria do Banrisul com salários dobrados? Soube até que o Governador queria triplica-los! O presidente do Banco  ganhava R$ 51mil, segundo fontes , o governador queria aumentar para R$ 125 mil. Houve gritaria e aí ficaram em R$ 89 mil. Se  legalmente o Estado  pode pagar R$ 89mil, POR QUE o governador queria pagar R$ 125 mil ?  Nessa gastança toda, me parece que ele está “ contando com os ovos no c.. da galinha!”( Peço desculpas pela vulgaridade , mas é a melhor expressão que encontro!)
 E para culminar,  agora leio a notícia de que a UFRGS, responsabilidade do governo do Estado,  patrocina um seminário, cuja palestrante  Maria Lúcia Fattorelli  é  uma militante CONTRA A PREVIDÊNCIA!  O seminário é organizado por gente do PSOL, e segundo o jornalista Políbio Braga  é seminário organizado para falar mal da PEC da Previdência, no que concordo inteiramente com ele ! E agora eu pergunto : QUAL É A DESSE GOVERNADOR ?  Estará ele esquecendo que governa um ESTADO QUEBRADO ? Estará ele esquecendo que governa um estado que votou MACIÇAMENTE no governo BOLSONARO e que apoia as iniciativas do GOVERNO FEDERAL ?
Eu ainda não saquei! Alguém pode me ajudar 

Artigo, Renato Sant'Ana - Ouvinte


           Quem ouve rádio, como este escriba, escuta muita besteira. Bem, a frase está mais errada que certa. Mas esclareço depois.
          Como de hábito, ao café da manhã, o rádio estava ligado. Num programa "interativo", como são todos hoje em dia, isto é, que conta com a participação ativa dos ouvintes. Daí o apresentador leu no ar a mensagem remetida por um de seus interativistas costumeiros, que dizia: "Será que alguém que tenha um neurônio funcionando ainda acredita que este 'bananão' tem jeito?". Explico. Era o lugar comum de maldizer o Brasil, o nosso amado "bananão". Já não importa o objeto de sua revolta
          Fiquei pensando. Ora, todos os dias, por toda parte, alguém fala que este país não tem mais jeito. Será? A esse costume esdrúxulo (brasileiro falando mal do brasileiro) eu sempre reajo, nem que seja silenciosamente. É que teimo em achar motivo para ter esperança. Mas serão racionais os meus motivos? (Com mais de um neurônio funcionando...)
          Outro hábito que tenho (nesse caso, meio involuntário) é o de andar a pé pela cidade, o que implica permanente contato com a fauna humana - às vezes, agradável; às vezes, sem graça; outras tantas, de entristecer. Fato é que, cotidianamente, sou testemunha das mais genuínas demonstrações de afabilidade, de bonomia e de flagrante "consideração pelo outro" (qualidade inestimável), assim como igualmente presencio indisfarçáveis demonstrações de grosseria, prepotência, desrespeito e "falta de consideração pelo outro" (debilidade tão comum quanto censurável).
          Em suma, a todo tempo observo as "contradições humanas". Acho que farei melhor se disser "as nossas contradições!". E ficaria eu de fora?
          Aliás, cometeria um erro se imaginasse que a população está segmentadamente dividida entre bons, médios e maus. Ainda que se encontre um instrumento para classificar condutas, e as pessoas possam ser rotuladas, mais exato será afirmar que em todos nós há um rol de características contraditórias. Quem é que nunca tem o seu momento de maldade? E quem jamais se enternece à presença de outrem? Tudo bem, os psicopatas estão fora dessa!
          Como se vê, a frase lá de cima está mesmo mais errada que certa. Porque não é quem ouve rádio que escuta muita besteira, mas é quem interage com pessoas. Mais amplo. Simplificando um pouco, dizer bobagens é eventualidade de quem fala! Qual é o sábio que nunca disse uma tolice? Mas, também, qual é a boca ingênua que jamais pronunciou uma verdade?
          Errado está igualmente, pois, o pessimismo do nosso interativista. Há um equívoco ou, no mínimo, uma grande imprecisão em sentenciar o brasileiro como um povo perdido e sem futuro, incapaz de construir o país decente que ainda não temos.
          Não, como qualquer população de Homo sapiens, o brasileiro é, isto sim, um grande poço de contradições. Tem defeitos notórios, é certo. Mas, com boa vontade, é fácil ver qualidades nessa gente sem disciplina, barulhenta (que fala alto demais), frívola e um tanto impertinente, porque, acima de tudo, tem um imenso potencial de generosidade, o que não é pouca coisa.
          Não me estou opondo aos que pensam que o país de nossos sonhos será edificado somente pelos bisnetos de nossa geração. Talvez vá ser mesmo assim! Entretanto, vamos pôr a mão na consciência e perguntar: quando esses bisnetos, lá do futuro olharem para o passado (que é o nosso presente), o que é que vão enxergar? Será que vão concluir que os seus bisavós só legaram pessimismo, atitudes negativas, descrenças e queixumes? Será que não nos vão acusar de uma tremenda preguiça de pôr mãos à obra e fazer um presente melhor?
          Não vou negar que também eu, amiúde, fico pessimista. Vezes há em que sou nocauteado pelo desânimo. Mas trato de sair das cordas e caminhar de novo para o centro do ringue. E se não posso brandir o estandarte do otimismo na cara do oponente, ao menos me apresento armado de esperança. E sigo acreditando em que, sim, somos capazes de fazer do Brasil um país auspicioso. e, depois de tudo, a quem interessa o nosso desânimo?
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.