Anistia

  Eu sei que a grande pergunta no day after, no dia seguinte ao gigantesco ato público deste domingo na Paulista é a mesma grande pergunta que todos se fazem há bastante tempo:

- E agora ?

Ou seja, o que vai acontecer ?

É uma pergunta que vale US$ 1 milhão.

Eu já vou falar sobre isto, mas antes, quero fazer dois registros sobre o que aconteceu neste domingo.

Um ruim e outro bom.

O que vocês preferem saber em primeiro lugar: o bom ou o ruim ?

Eu vou começar pelo ruim, dentro daquela máxima que é sempre preferível começar pela questão ruim, para só então contar a boa.

A ruim foi esta absurda, provocativa e bananeira detenção do jornalista português Sérgio Tavares, que foi solto a tempo dele subir ao palanque de Bolsonaro.

A boa é o tremendo sucesso do ato convocado para a Paulista.

Então, vamos por partes, antes de lembrar para vocês que o ato da Paulista foi chamado para defender o estado democrático de direito. Democrático, senhores, porque estado de direito tudo que ordenamento jurídico contém, até mesmo nas piores ditaduras. O que se quer é o estado democrático de direito.

Foi o mote deste domingo na Paulista.

Isto diz tudo. É o que se defende, porque o que temos, hoje, no Brasil, é uma democracia consentida, fraturada por um consórcio inédito entre o STF e o Governo Federal, tudo para oprimir o povo brasileiro e implementar uma ditadura disfarçada ou plena, como quiserem.

Eu vou voltar a falar isto na parte final deste comentário, mas antes quero falar rapidamente sobre a nota ruim do dia.

O que eu quero dizser é que a estupidez da polícia política de A. de Moraes repete-se como farsa, porque no dia 7 de setembro de 2021, a mesma Polícia Federal deteve o dono do Gettr e ex-braço forte de Donald Trump, Jason Miller, quando ele embarcava de Brasília. Foi um episódio degradante, típico de Banana Republics. Tal como aconteceu com Miller, acudido por diplomatas dos EUA, também agora o incidente obriga à ação a  diplomacia de Portugal

 Mesmo que o jornalista português Sérgio Tavares tenha sido libertado, depois de retido no aeroporto de Guarulhos para responder "questões", a simples retenção do passaporte e da detenção do profissional representa outro ato de força e de intimidação da Polícia Federal, sempre a mando do ministro Alexandre de Moraes. 

O jornalista foi levado à força de Guarulhos para a sede da Polícia Federal em São Paulo. Lá, um advogado voluntário orientou-o a não responder as questões políticas e ideológicas colocadas.

Em qualquer outra data, o ato de força e de intimidação seria inaceitável, mas se tratando da data de hoje, ou seja, do ato público da Paulista, o caso não poderia deixar de viralizar, como viralizou, não apenas nas redes sociais e mídias de todo o mundo, amplificando o tipo degenerado de legalidade consentida que oprime os brasileiros.

Bom, é isto.

Sobre a questão relacionada com o day after, o que posso dizer é que o ato público de hoje foi organizado para chamar o povo às ruas e com sua imensa presença fazer pressão política sobre o Congresso, único dos 3 Poderes ainda permeável à pressão popular e capaz de devolver-lhe o Poder.

Como ?

Iniciando por aprovar anistia ampla, geral e irrestrita para todos os atuais presos políticos e sobretudo para os brasileiros vítimas da opressão judicial do STF, começando pelo caso de Bolsonaro.

Começa por aí.

Anistia, já, ampla, geral e irrestrita.

O resto a gente vê depois, como são os próprios casos dos necessários impeachments de ministros do STF, a começar por A. de Moraes, e do próprio Lula da Silva.

Se alguém fala em pacificar este País, tudo começa por aí, pela anistia ampla, geral e irrestrita, como já provou a história do próprio Brasil.

Neste sentido, o oceano de brasileiros nas ruas e na frente das suas telonas e telinhas, é a demonstração cabal de que este povo já não aceita ser escravo de ninguém.

É isto.


Artigo, José Roberto Guzzo, Gazeta do Povo - Aliado da Venezuela, do Irã e do Hamas

O desastre que o presidente Lula acaba de impor ao bom nome do Brasil nas suas relações internacionais é um desses casos de erro cometidos com a intenção de errar, a determinação de errar de novo e a ilusão de que o erro é um acerto. É um sinal de mau tempo para o Brasil na sua convivência com o resto do mundo. Os comentaristas, especialistas e analistas dão a impressão de que levam a sério a “política externa” de Lula – e isso é uma garantia a mais de piora para o que já está muito ruim.


Essa “política externa” não existe. O que existe é um esforço do governo para reproduzir lá fora o que imagina fazer aqui dentro. Acha que está construindo o “socialismo” na sociedade brasileira. Está achando também que precisa empurrar o Brasil para o purgatório dos países, sobretudo das ditaduras que se opõem ao “capitalismo”. Não tem nada a ver com os interesses da população brasileira. É uma anomalia.


O governo está achando que precisa empurrar o Brasil para o purgatório dos países

A quase declaração de guerra a Israel feita por Lula é tratada por muitos como uma questão perfeitamente normal de escolha entre opções diplomáticas racionais – quais são os “prós” e quais são os “contras” de ficar com as ditaduras do Terceiro Mundo, hoje chamado “Sul Global”, em vez de com as democracias do Primeiro. O problema fundamental é que não há “prós”.


A diplomacia de Lula, de Janja e de Celso Amorim, o ministro do Exterior que está valendo, acha que é uma vitória aliar-se com o Irã, a Venezuela e os terroristas do Hamas para mostrar “independência” diante dos Estados Unidos, da Europa e do mundo democrático. Pensa, a cada vez que faz uma agressão a eles, que teve mais uma “vitória”. Aí complica.


A política externa do Brasil voltou aos anos 1950, quando a prioridade era alinhar-se ou com os Estados Unidos ou com a Rússia – com o mundo das liberdades políticas, civis e econômicas, ou com o mundo em que o “Estado” é o ente supremo. Lula, em suas miragens de “liderança mundial”, Prêmio Nobel da Paz e da invenção de um Brasil imaginário, capaz de “influir no mundo” com uma população largamente analfabeta e sem produzir um único chip, colocou o país ao lado das ditaduras, do atraso econômico e do culto à pobreza.


Nos momentos mais agitados da sua estratégia mundial, acredita-se habilitado a obrigar o mundo rico a “fazer concessões” ao Brasil e aos parceiros do “Sul Global”, dos “Brics” e de outros ectoplasmas. Não se explica de forma coerente quais são exatamente essas concessões – e por qual razão prática os países achariam um bom negócio atender às exigências de Lula. Estariam com medo de um boicote do Brasil, do Congo Belga ou da Faixa de Gaza? É por aí que se vai.