Cabotinismo a céu aberto
Caramba, esse FB se presta a tudo. Então vão lá meus dois
cents sobre costumes.
Há dois dias que estou tentando entender as homenagens
post mortem da RBS ao P. Santana.
Não importa que eu o considere essencialmente
irrelevante, nem tampouco que ache patético atribuirem genialidade a alguém que
se comprazia por ser palhaço. Um palhaço de claque montada, é verdade, que
também dublava como colunista de texto simplório.
E, loucura das loucuras, já vi gente o comparando a
Nelson Rodriguez. Logo irão assegurar que o Luan é melhor que Pelé.
Tudo isso é o mercado de opiniões no FB que, no fim
do dia, não tem valor.
Daí até a empresa dar duas capas e mutilar o jornal para
forçar um reconhecimento que só ela vê, vai uma distância. E me soa como uma
enooooorrrme forçação de barra para não dizer de um provincianismo
constrangedor. Se ninguém de valor reconhece meu valor, eu mesmo vou
alardea-lo, pensava o cabotino.
Posso aceitar que um veículo seja medíocre, que tenha a
agenda torta, que produza coberturas usualmente pobres, que oscile
editorialmente entre o conservadorismo e o muro e, até, que pratique
habitualmente uma já não disfarçada bajulação onanística a seus próprios
integrantes. Tudo isso sou capaz de digerir.
Mas duas capas e incontáveis páginas para homenagear uma
personalidade menor, de indefiníveis serviços prestados à comunidade, e, sobretudo,
para fazer um elogio fastidioso ao personalismo primário e sem conteúdo da
figura em questão, aí é demais.
Não sei vocês, mas eu recebo isso como um convite da RBS
para o apequenamento de seus ouvintes e eleitores.
E se tem uma coisa para a qual não precisamos ser
estimulados nessa hora é pensar pequeno.
Imagino o que farão na missa de sétimo dia.