- O autor é do Instituto Liberal.
No último final de semana, assisti ao filme Dois Papas, “baseado em fatos reais”.
À direita da tela, é apresentado um alemão desconectado do mundo, sisudo, relutante a mudanças e com um passado ligado ao nazismo. À esquerda, um anjo latino americano, popular, leitor de Marx e de Paulo Freire, empenhado em reformar a igreja, inconformado com a desigualdade social e que – coitadinho − foi obrigado a se distanciar dos movimentos comunistas durante a ditadura militar na Argentina.
Durante todo o filme, mensagens socialistas são levadas ao público, culminando na eleição do Papa moderninho que tolera ditadores comunistas, mas não presidentes cristãos, que tentam reconstruir o papel da igreja e da família em seus países.
O filme termina com ele indo visitar o ex-Papa atrasado. Veem juntos a final da Copa no Brasil. A seleção da Argentina perde para a da Alemanha, mas o Papa moderninho dá mais uma lição ao mundo: abraça o representante do país vencedor, demonstrando o quanto os socialistas são tolerantes. Que lindo! A principal mensagem do filme visto por milhões de pessoas: o marxismo é a modernização do cristianismo.
Ah, já ia me esquecendo: o filme foi dirigido por Fernando Meirelles, da família que controla o Itaú, de onde saiu o fundador de um partido que se diz liberal, mas que se mostra cada dia mais alinhado com a esquerda em defesa do maior programa de cerceamento da liberdade econômica da história do Brasil.
Por todo o tempo em que assisti ao filme, fiquei me lembrando das declarações de Jair Bolsonaro na reunião ministerial do último dia 22 de abril, registradas em vídeo. Dei-me conta de que eu havia sido infectado pelo purismo ideológico que tanto favorece a esquerda.
Na ocasião da demissão de Sérgio Moro, publiquei no meu perfil pessoal no Facebook e no site do Instituto Liberal textos registrando minha indignação com Jair Bolsonaro, retirando meu apoio a ele. Por quê? Porque ele tentou interferir na Polícia Federal. Uau! Palmas para o trouxa que vos escreve!
Mencionei o filme apenas para ilustrar o mundo em que vivemos. Um mundo em que praticamente toda a produção cultural, toda a grande imprensa, igreja, universidades, organizações civis, movimentos disso e daquilo, partidos vistos como de “centro” e até grandes empresas promovem o socialismo. Há décadas, a população é bombardeada por uma propaganda extremamente bem-feita, pela qual as pessoas são convencidas a confiar ao estado seu bem-estar. As liberdades individuais mais importantes estão sendo destruídas. Neste momento, metade da população brasileira encontra-se quieta em casa, esperando políticos decidirem sobre seu futuro. Uma minoria não concorda, mas não tem meios para reagir. Estamos numa situação muito pior do que nos anos em que o PT estava no poder, porque hoje o inimigo está invisível. Nunca estivemos tão perto de nos tornarmos uma ditadura socialista, porque agora não temos um alvo para apontar. Apenas sentimos uma rede se levantando sobre nossos pés.
Quais armas temos para lutar contra isso?
Meia dúzia de parlamentares sem voz na imprensa, textos na internet e mais nada. Opa! Temos sim! Temos um presidente da república que vem tentando dar mais liberdade para as pessoas trabalharem, criarem seus filhos e se defenderem.
Quando tivemos isso de um presidente da república?
Nunca!
Não podemos cair nas arapucas da esquerda. A melhor arma que temos contra o avanço do socialismo é Jair Bolsonaro.
Muitos liberais precisam entender que política é uma guerra; e essa guerra está quase sendo vencida definitivamente pelo outro lado. Nós, daqui de baixo, não temos condições de escolher armas e soldados. Temos apenas que apoiar quem está enfrentando nossos inimigos. Precisamos ser pragmáticos, avaliar friamente os acontecimentos.
O fato é que nossas liberdades fundamentais estão sendo absurdamente reprimidas com apoio da imprensa e de toda a classe política e que Jair Bolsonaro vem há meses lutando contra isso, o que mereceria o apoio de qualquer liberal que se preze.
Jair Bolsonaro deve ser avaliado pelas pautas liberais que defende, não pelas que ele deixa de lado. Não são suas frases grosseiras que devem ser consideradas, mas seu esforço em promover avanços em áreas realmente importantes. Como um cidadão comum que destina voluntariamente parte do meu tempo à militância liberal, não me vejo em condição de rejeitá-lo por ele não ser o liberal dos meus sonhos.
No tal vídeo da reunião ministerial, tivemos ainda o prazer de ver Weintraub xingando de vagabundos os membros do STF e Damares dizendo que prefeitos e governadores que estão destruindo a economia deveriam ser presos. Eles manifestaram os sentimentos de milhões de cidadãos comuns. Manifestaram o que eu mesmo gostaria de dizer na TV. As pessoas precisam ouvir coisas assim, para se encorajarem a reagir às agressões que vêm sofrendo.
Portanto, volto à minha posição de meses atrás em apoio a Jair Bolsonaro. Farei as críticas que precisar, mas não me desgastarei com suas imperfeições. Não me pendurarei no muro da covardia, com medo de ser chamado de “bolsonarista”. Enquanto o vir defendendo as liberdades mais fundamentais, relevarei quaisquer outros desvios.
Oi prevê levantar R$ 22 bi com vendas de redes moveis, torres, data center e infra
A Oi comunicou nesta
segunda-feira, após fechamento do mercado, que protocolou no TJ-RJ sua proposta
de aditamento do plano de recuperação judicial. As mudanças dizem respeito não
apenas à unidade móvel, mas ao grupo como um todo.
Pelo novo plano, a companhia vai
criar ao menos quatro unidades produtivas (UPIs) que seriam isoladas entre si:
uma para ativos móveis, outra para a infraestrutura passiva de torres, outra
para data center, e outra para operar as redes de telecomunicações.
Coisa que ainda não havia sido
aventada, a companhia diz que todas as unidades estarão à venda, total ou
parcialmente. O móvel já está em negociação com TIM e Vivo. Torres e data
center já constavam no plano de recuperação original.
A recuperação judicial será
encerrada mediante a liquidação e efetiva transferência dos ativos móveis para
o seu respectivo adquirente, diz a empresa.
Mas a grande novidade é a inclusão
dos ativos fixos, que reúnem até mesmo a rede de fibra óptica de 388 mil km de
extensão da companhia, dutos, rede de acesso FTTH e negócios de atacado. Neste
caso, a tele espera levantar R$ 6,5 bilhões vendendo 51% das ações da unidade.
“Estes ajustes facilitarão, ainda,
o acesso da Companhia ao mercado financeiro para a captação de novos recursos
necessários ao equacionamento racional de sua dívida e à viabilização da
execução não apenas do seu Plano de Recuperação Judicial, mas também do seu
Plano Estratégico, que visa ao reposicionamento da Companhia”, afirma a empresa,
no comunicado assinado pela diretora de finanças e relações com investidores,
Camille Loyo Faria.
O aditamento, é bom lembrar,
precisa ser votado em uma nova assembleia geral de credores, para só depois ser
homologado pelo juízo da recuperação judicial.
O QUE FICA COM A OI
Caso implementadas a
reestruturação societária realizada para segregar as UPIs e a alienação das
UPIs na forma do Aditamento ao PRJ, a Companhia permanecerá com todas as
atividades, bens, direitos e obrigações não expressamente transferidos para as
UPIs, incluindo determinados ativos de fibra óptica, backbone e backhaul de
fibra e cobre relacionados à rede de transporte do Grupo Oi, clientes
residenciais, empresariais e corporativos (inclusive os de natureza pública),
além dos serviços Digitais e de TI (Oi Soluções), bem como as operações de
manutenção e instalação de campo (SEREDE) e de atendimento a clientes (BTCC).
UNIDADES APÓS A SEPARAÇÃO
Conforme o comunicado, a nova Oi
passaria a ser formada pelas unidades produtivas isoladas (“UPIs”) Ativos
Móveis, Torres, Data Center e InfraCo. Todas essas unidades poderão ser
vendidas.
“As UPIs serão constituídas sob a
forma de sociedades por ações de propósito específico (“SPEs”) e poderão ser
alienadas, em modelos distintos para cada natureza de UPI descrita acima,
visando ao pagamento de dívidas e à geração de recursos necessários à expansão
de sua infraestrutura de fibra e serviços associados”, afirma a empresa.
A UPI InfraCo reunirá ativos de
infraestrutura e fibra relacionados às redes de acesso e transporte do Grupo
Oi. Também entram aqui novos investimentos em infraestrutura que ainda serão
realizados, tendo como objetivo a aceleração dos investimentos na expansão das
suas redes de fibra óptica. Será uma coligada da Companhia,
e buscará no mercado os recursos
necessários para o financiamento de seus investimentos.
A Oi seguirá com participação
relevante na InfraCo, com medidas para garantir a participação ativa na criação
e expansão “de uma empresa líder nacional em infraestrutura em fibra óptica”,
diz o comunicado. A criação segue uma lógica de separação estrutural entre a
empresa de infraestrutura e a empresa prestadora de serviços.
A UPI InfraCo será composta por
100% das ações de emissão da SPE que reunirá os ativos e passivos relacionados
às atividades de fibra ótica e infraestrutura da Oi. Dessa unidade serão
vendidas 51% das ações, o que deve levantar R$ 6,5 bilhões para a Oi, além da
garantia, por parte dos novos investidores, do pagamento integral da Dívida
InfraCo.
ATIVOS MÓVEIS, TORRES E DATA
CENTER
A UPI Ativos Móveis reunirá as
atividades de telefonia móvel da empresa. A ideia é leiloar a unidade, em um
“procedimento competitivo” mediante apresentação de propostas fechadas para a
aquisição de 100% das ações da empresa criada. O preço minimo será de R$ 15
bilhões.
Vence a disputa quem oferecer o
maior preço acima do preço mínimo. Ou a segunda colocada, desde que a Oi tenha
justificativa fundamentada para preterir a proposta mais valiosa. Seria um bom
motivo, por exemplo, maior probabilidade de aval regulatório. E sempre metade
dos credores precisam aprovar a venda.
A UPI Torres reúne o que diz o
nome: torres de telecomunicações outdoor e estruturas indoor e seus passivos.
Por esta unidade, a Oi espera obter R$ 1 bilhão, com venda integral do capital
social. E a UPI Data Center reúne ativos e passivos em data center. Também será
vendida integralmente, com preço mínimo de R$ 350 milhões, sendo ao menos R$
250 milhões à vista e o resto parcelado. Um investidor já apresentou uma proposta
vinculante ao assessor financeiro da Oi, o Bank of America. Ainda assim, a
empresa fará um leilão, e este interessado poderá fazer contrapropostas diante
de outros interessados.
Ou seja, considerandos os preços
mínimos de R$ 15 bilhões pelo móvel, R$ 6,5 bilhões por metade do fixo, R$ 1
bilhão pelas torres e mais R$ 350 milhões pelo data center, tem-se que a Oi
espera obter no mínimo R$ 22,85 bilhões. Hoje, o endividamento total do grupo
soma R$ 24,44 bilhões.
CREDORES
A proposta de aditamento prevê
também pagamento antecipado a certos tipos de credores. Trabalhadores que têm a
receber até R$ 50 mil serão pagos em um mês após a homologação do aditamento.
Credores com garantia real receberão o pagamento 30 dias após a venda da
unidade móvel.
Os credores quirografários, que
têm até R$ 3 mil a receber, serão pagos em 45 dias após a aprovação do plano
pela assembleia de credores, que será convocada até agosto.
O plano prevê ainda a possibilidade
de a Oi ou a InfraCo, a unidade de infraestrutura, tomar novo crédito de até R$
3 bilhões com “credores parceiros”. Além disso, a companhia quer fazer leilões
reversos para assumir quitar dívidas entre credores que oferecerem maior
deságio. Microempresas credoras receberão até R$ 35 mil até a nova assembleia
de credores.
“Com tais medidas, busca-se que
este conjunto de ativos seja suficiente para garantir a continuidade das
atividades da Companhia e o pagamento de suas dívidas nos termos do Aditamento
ao PRJ”, diz Loyo no comunicado.
Nesta terça-feira, 16, a companhia
realiza pela manhã conferência com analistas na qual espera-se mais detalhes
sobre a proposta.
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