- Esta reportagem é do Jornal do Comércio de hoje, Porto Alegre.
Voto eletrônico ainda é alvo de questionamentos por parte
de eleitores e candidatos
Paulo Egídio
paulo.egidio@jornaldocomercio.com.br
Uma empresa sediada do Rio Grande do Sul será responsável
por fiscalizar a votação paralela realizada em todo o País pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2018. Especializado em
auditoria, consultoria e perícia contábil, o Grupo Maciel foi escolhido através
de licitação e atuará no controle do mecanismo utilizado pela Justiça Eleitoral
para atestar a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Apesar de ser utilizada em mais de 30 países e de ter
sido implementada no Brasil em 1996, a votação eletrônica ainda é alvo de
questionamentos por parte de eleitores e candidatos. Na última semana, o
presidenciável do PSL e líder nas pesquisas de intenção de voto, Jair
Bolsonaro, voltou a questionar a segurança do processo eleitoral.
Segundo ele, o voto eletrônico seria "o caminho para
o PT voltar ao poder". A declaração foi imediatamente respondida pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que
garantiu que as urnas eletrônicas brasileiras são "totalmente
confiáveis".
Em meio à discussão, a votação paralela é apresentada
pelo TSE como um dos meios de garantia à confiabilidade no processo eleitoral.
Ela acontece em todos os estados, ocorre no mesmo dia e horário da eleição
oficial, é aberta ao público e pode ser acompanhada pelos partidos políticos.
No procedimento, cédulas de papel preenchidas por pessoas
indicadas pelas legendas, membros de instituições como a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e o Ministério Público (MP), e representantes da sociedade civil
são depositadas em urnas de lona, que são abertas no dia da eleição, entre as
8h e as 17h, e têm os votos lançados em urnas eletrônicas escolhidas
aleatoriamente, em uma espécie de eleição simulada. Depois, os auditores e os
cidadãos que acompanharem o processo comparam os dados do boletim de urna com
as cédulas em papel.
Os equipamentos eletrônicos utilizados na votação
paralela são sorteados entre todas as seções eleitorais dos estados no dia
anterior à eleição. De acordo com Roger Maciel, diretor-presidente da empresa
que auditará o processo, através dele, é possível garantir a segurança
das urnas eletrônicas. "Nenhuma, de todas as urnas que auditamos, em
nenhum dos estados, teve problema", assegura, lembrando que a empresa já
foi responsável pelo trabalho nas eleições de 2012 e 2014.
Ao todo, 57 auditores fiscalizarão aproximadamente, 200
urnas em todas as unidades da Federação. "Fizemos a auditoria de uma parte
do processo, que é a urna eletrônica. Com o teste, a gente consegue
comprovar que é um equipamento confiável", reforça Maciel. O executivo
considera o sistema eleitoral brasileiro como "extremamente confiável e
tecnológico". "A urna é completamente segura em relação a invasões
externas ou hackers", afirma o diretor do Grupo Maciel.
No Rio Grande do Sul, quatro urnas serão sorteadas para a
realização do procedimento â sendo, pelo menos, uma de Porto Alegre, uma da
Região Metropolitana e uma do Interior. Assim que forem sorteadas, no dia 6 de
outubro, as respectivas zonas eleitorais são comunicadas para que façam a troca
por urnas reservas e encaminhem os equipamentos sorteados ao TRE.
Neste ano, as urnas serão levadas para o prédio 50 da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), que sediará o
escrutínio no Estado. Todo o processo será filmado e transmitido pelo canal do
TRE no YouTube, de acordo com a chefe da seção de regularização cadastro
eleitoral, Ana Cristina Moretti, que faz parte na comissão de apoio da votação
paralela. Mais de 40 profissionais atuarão no procedimento no dia da eleição.
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