Contradições revolucionárias: verdades ocultas

Por Renato Sant'Ana

 

O repórter Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, vasculhando o lixo da casa do Lula, encontrou garrafas de vinhos finos, como a do exclusivo vinho português Pêra-Manca, que, em lojas do ramo, custa em média R$ 5 mil, além de um cartão do mega empresário Rubens Ometto associado a um mimo, que não foi identificado - lixo de gente rica.

"Caro Presidente, conforme prometido [sic!], espero que goste!!! Abraços", dizia a mensagem manuscrita no cartão, que continha também, impresso, o nome completo de Ometto, sócio-fundador do grupo Cosan, com negócios nos ramos de álcool, açúcar, energia, lubrificantes e logística e cuja fortuna é estimada em mais de R$ 45 bilhões.

Rangel registra que, em abril último, ao discursar em um evento em São Paulo, Lula espinafrou o padrão de vida da classe média: "Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida em que nenhum lugar no mundo a classe média ostenta. (...) um padrão de vida que não tem na Europa, que não tem em muito lugar. Aqui, na América Latina, a chamada classe média ostenta um padrão de vida acima do necessário", disse ele.

A classe média é o inimigo imaginário usado para despertar o ódio que une a massa em torno dos "salvadores do povo". Já se viu isso na conhecida fala de uma fundadora do PT, a enraivecida Marilena Chauí.

"(...) eu odeio a classe média! A classe média é o atraso de vida! A classe média é estupidez! É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista! É uma coisa fora do comum, a classe média! (...) A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética, porque ela é violenta. E ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante", diz Chauí.

A reportagem de Rangel destapa três verdades. A primeira é que, para essa gente, classe média, rica ou pobre é questão de ideologia: é pecado mortal ser de classe média, mas se o sujeito for devoto da esquerda, ainda que tenha patrimônio (caso de Lula), então estará santificado.

A segunda é como esses revolucionários encaram a imprensa. Num evento com centrais sindicais em São Paulo, Lula condenou o repórter Rodrigo Rangel por revelar ao público o seu nível de consumo. Não de classe média, mas de rico! O PT sempre teve e nunca ocultou o seu propósito de instituir o "controle social da mídia", pomposo nome para a censura.

Em 2018, o programa de governo do candidato Fernando Haddad (que teria sido de Lula se não estivesse preso) previa candidamente "promover a democracia, o pluralismo e a diversidade na mídia"; e vedar "toda e qualquer censura pública ou privada de natureza política, ideológica e artística", palavras sedutoras que dissimulavam o real propósito.

Com malícia, o programa dizia: "O monitoramento e aplicação dos princípios constitucionais deve se dar por meio de um órgão regulador com composição plural e supervisão da sociedade para evitar sua captura por qualquer tipo de interesse particular." Ora, esse "órgão regulador", no universo petista, é um conselho dominado por esbirros do partido para censurar jornalistas e colocar cabresto na imprensa.

A terceira verdade é o apetite para fazer patrimônio e para a ostentação que têm os revolucionários: nada fazendo para gerar riqueza, ficam ricos às custas do Estado e por meio da corrupção.

Hélio Bicudo, outro fundador do PT, que o conheceu na intimidade, apontou Lula como um dos homens mais ricos do Brasil. Isso antes de ele ser denunciado na Lava Jato. Depois, executivos de grandes empreiteiras, em especial da Odebrecht, admitiram ter drenado MILHÕES em propina para a conta dele, corroborando o que disse Bicudo.

Em 2015, o filho do ditador cubano Fidel Castro, Antonio Castro Soto del Valle, fez das suas. Viajando num iate alugado em Mykonos (charmosa ilha grega), chegou a Bodrum, na Turquia, onde pagou, para seus 12 acompanhantes, cinco suítes de um resort cuja diária custava US$ 1 mil.

Em 2017, um diretor da PDVSA (petroleira estatal da Venezuela), alheio à miséria do povo venezuelano, passou por Paris como um sheik, hospedando-se no hotel Four Seasons George V e, onde esvaziou uma pilha de garrafas dos vinhos mais caros, inclusive um Petrus Magnum, que, à mesa, segundo especialistas, deve ter custado perto de US$40 mil.

Os três casos de esbanjamento só vieram a público por ainda haver jornalistas atuando em liberdade. Mas há quem queira acabar com isso!

Lula, Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chaves, vinculados de algum modo a esses casos, são os fundadores do Foro de São Paulo entre cujas diretrizes está o "controle da mídia" por agentes do governo, o que já está consolidado na Venezuela e é pretendido pelo PT: dominar a imprensa para desinformar a opinião pública e impor o ideário da esquerda.

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail: sentinela.rs@outlook.com

Guilherme Baumhardt - Um novo peremptório ?

 Ao que tudo indica, a próxima semana reserva o anúncio oficial da candidatura de Eduardo Leite, ao Palácio Piratini. Não, você não está perdido no calendário. Estamos em junho de 2022, não em 2018. E não, você não foi acometido por uma crise de amnésia: Leite desde sempre se posicionou contrário ao instituto da reeleição. Pois é. O mundo dá voltas.


Os mais detalhistas – e que sonham em ver coerência onde na verdade há uma promessa não cumprida – poderão argumentar que não se trata de uma reeleição, já que Leite renunciou. Em tese, sim. Moralmente e eticamente, ninguém aqui é bobo ou palhaço. É, sim, uma quebra do que sempre disse o ex-governador – que agora quer virar governador novamente.


Se disputar novamente o governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite acabará se transformando numa espécie de Tarso Genro às avessas. O petista afirmou peremptoriamente que não renunciaria à prefeitura de Porto Alegre, durante a campanha de 2000. Um ano e quatro meses depois, pulou fora do Paço para entrar na corrida ao governo do Estado. E perdeu.


Leite sempre se posicionou contra a reeleição. Foi assim em Pelotas. Tinha um novo mandato garantido, mas deixou o caminho livre para a vice, Paula Mascarenhas. Agora, pelo visto, as coisas serão diferentes. Avariado em pleno voo rumo à disputa pelo Palácio do Planalto, parece ter encontrado uma espécie de refúgio na disputa pela cadeira que ocupou nos últimos três anos. Não é, porém, um nome a ser desprezado, sob hipótese alguma.


Dizer que Eduardo Leite não sabe o que quer da vida talvez seja um erro, um exagero. O problema é outro. Leite sabe muito bem o que quer. Pena que, pelos movimentos recentes, a impressão que passa é a de que por trás de tudo existe, na verdade, uma sede incomensurável pelo poder. É um combustível perigoso.


Se entrar na disputa e vencer, tudo bem. O problema é perder e virar uma espécie de cadáver político ou que, no mínimo, precisará trabalhar muito para reconquistar espaço. Ao fim e ao cabo, muitos eleitores talvez estejam se perguntando aquilo que meu avô diria: “Afinal, o que esse guri quer da vida?”.