- O autor, Marcus Vinicius Gravina, é advogado no RS.
Quando soube que o ministro da justiça, líder do PCB, propôs a criação de uma Guarda Nacional para o Brasil, viajei no tempo até os idos de 1958/59 ao Haiti. Lá, o presidente François Duvallier sufocou um golpe de estado e se transformou em ditador daquele pais caribenho.
Com a ajuda do Google resumi o histórico daquela façanha, para estabelecer alguma coincidência com o que poderá acontecer 64 anos depois em nosso país.
Aquele ditador passou para a história com a alcunha de ”Papa Doc” (bicho papão}. Consta que, inspirado no fascismo, criou uma Força Paramilitar Haitiana sob seu comando imediato. Ela foi autorizada a cometer violência sistemática e abusos dos direitos humanos para reprimir a oposição política. Gerou um Terrorismo de Estado.
Foram executados vários oficiais do seu Exército por considerá-los uma ameaça ao novo regime. Para neutralizar a suposta ameaça surgiu a força militar conhecida, inicialmente, como “Homens Encapuzados” com tradução ao português. Mais tarde passaram a ser chamados de “Tontons Macoutes”, quando as pessoas começaram a desaparecerem sem motivos aparentes.
Esta introdução é para os preocupados integrantes do Clube Militar - em seus chás com biscoitos e canapés - conversarem sobre o plano de um comunista assumido, cuja ideologia – comunismo - foi alvo permanente de combate em seus cursos de formação até a assunção do atual comandante do Exército.
É incompreensível. Tivemos um plebiscito sobre o armamento/desarmamento e não se dá o mesmo tratamento à criação de uma Guarda Nacional, (provavelmente integrada por mercenários internacionais) que será comandada diretamente por uma pessoa desvairada, com discursos revanchistas e de ódio depois de sair do xadrez.
Esta temerária iniciativa, não pode passar feito uma boiada por uma cerca intencionalmente rompida. Para ser, estritamente, justa ou razoável tal pretensão, deve ter a aprovação e o consentimento dos governados.
Sem isto, conheceremos a versão brasileira da ação dos Tontons Macoutes com uma diferença. O comando não será de um Papa Doc, mas de um Papa Tudo.
De Henry D. Thoreau (Walden ou A vida nos bosques, p.329).
“O progresso da monarquia absoluta para a limitada, e desta para a democracia, é um progresso rumo ao verdadeiro respeito pelo indivíduo.”
Pensem, nisso!
Caxias do Sul, 29.01.2023