O empreiteiro Otávio Marques de Azevedo, um dos delatores
da Operação Lava Jato, afirmou nesta quinta-feira, em depoimento ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), que não houve doação eleitoral em forma de propina
para a chapa da campanha presidencial Dilma-Temer de 2014. Azevedo é
ex-presidente da Andrade Gutierrez. Segundo advogados que presenciaram a
audiência, Azevedo retificou depoimento prestado anteriormente no qual
confirmou os repasses em forma de propina para os comitês da ex-presidenta
Dilma e do então vice, Michel Temer.
O delator foi chamado a depor novamente na Justiça
Eleitoral por determinação do ministro Herman Benjamim, que atendeu pedido
feito pelos advogados da campanha de Dilma. Os defensores afirmaram ao TSE que
cerca de R$ 1 milhão, valor que teria sido recebido de propina pela
empreiteira e repassado como doação de campanha, foram transferidos em julho de
2014 para o diretório nacional do PMDB, e não do PT, como disse Azevedo em um
primeiro depoimento.
De acordo com o advogado Flávio Guedes, representante do
PMDB, Azevedo retificou seu depoimento e disse que todas as doações feitas ao
partido e para Dilma foram legais, inclusive o repasse que consta em um cheque
de R$ 1 milhão repassado à campanha de Temer. "Foi um depoimento de
retificação em que ele apresentou a nova versão dizendo que se equivocou em
relação ao primeiro depoimento e que, ao contrário do que disse, não houve da
Andrade Gutierrez, nenhum valor de propina para a campanha presidencial de
2014." disse Guedes.
O advogado da campanha de Dilma, Flávio Caetano, também
confirmou que Otávio de Azevedo reconheceu que "não houve nenhuma propina
e nenhuma irregularidade na campanha de Dilma e de Temer". "Dos 25
testemunhos de acusação, era o único que tinha dito que tinha alguma
irregularidade na campanha. Hoje cai por terra toda e qualquer acusação de
irregularidade na arrecadação da campanha de Dilma e Michel Temer",
afirmou Caetano.
Após o depoimento, que durou cerca de duas horas nesta
noite, Azevedo foi abordado pela imprensa e evitou fazer comentários sobre seu
depoimento, mas disse que está "tranquilo". "Da minha parte
estou bastante tranquilo, como vejo que tem que ser. Vamos continuar olhando
para a frente. Olhando para essa caminhada para a frente".
Em dezembro de 2014, as contas da campanha de Dilma e do
então vice-presidente Michel Temer foram aprovadas, por unanimidade, no TSE. No
entanto, o PSDB questionou a aprovação por avaliar que havia irregularidades
nas prestações de contas apresentadas por Dilma, como doações suspeitas de
empreiteiras. Conforme entendimento atual do tribunal, a prestação contábil da
chapa é julgada em conjunto.