Depois de 22 anos como cliente do UOL, cancelei o e-mail que tinha com esse provedor, mandando-o às favas (usando uma expressão publicável).
Eu poderia fazê-lo automaticamente. Mas preferi falar com um ser humano e rejeitei esse negócio de "assistente virtual" ou coisa do gênero.
"O senhor poderia estar informando por que quer cancelar?", perguntou um gerundiante e gentil rapaz.
"Oh, sim", respondi: "é que eu não quero financiar a campanha eleitoral de um réu cheio de processos e inquéritos, com uma infinidade de provas materiais e circunstanciais confirmadas em três instâncias, um indivíduo que deve à Justiça e está buscando o poder para ficar impune.
Ocorre que, dias antes, eu recebera no meu e-mail uma newsletter do UOL apoiando o candidato Luiz Inácio de tal. E essa newsletter ia sair todas as sextas-feiras, sempre assinada por Daniela Pinheiro.
Tratando o leitor como imbecil, a newsletter continha longa entrevista com Celso Amorim, militante do PT. Entrevista? Daniela Pinheiro só levantava a bola para o petista chutar. Isso é jornalismo?
Esse Amorim foi ministro das Relações Exteriores do governo Lula e ministro da Defesa do governo Dilma, tendo decisiva participação para que o Brasil, jogando no lixo todo um um passado exemplar em termos de diplomacia, acabasse sendo chamado de "anão diplomático".
É óbvio que Daniela Pinheiro nada perguntou sobre a grossa corrupção dos governos petistas, a conhecida ladroagem que, ao menos em parte, a Polícia Federal desvendou. A matéria era só uma descarada louvação do PT e do candidato, além de ataques a Jair Bolsonaro.
O rapaz do UOL pediu explicações. E eu não queria nem tinha por que ser rude com ele. Disse-lhe apenas que, se eu seguisse pagando o UOL, eu estaria ajudando a financiar a campanha eleitoral do pior candidato possível. Dei nome aos bois, mas não me alonguei.
Não cabia dizer-lhe que a eleição de Lula seria devolver o Brasil ao Foro de São Paulo, órgão do qual a extrema imprensa (inclusive UOL) jamais tratou e do qual ele, por conseguinte, nunca terá ouvido falar.
Acaso faria sentido eu lhe propor, para que compreendesse, que olhasse para a Venezuela e para a Argentina, que chafurdam no pântano em que esse Foro de São Paulo quer afundar o Brasil?
Quase lhe disse que qualquer candidato que vá para o 2º turno com esse Macunaíma será melhor do que o projeto petista de implantar um Estado totalitário à base de corrupção, seja esse candidato (em ordem alfabética) Bolsonaro, Ciro, Doria ou Moro. Mas isso também não cabia.
Tentei então expressá-lo de modo mais sintético e com bom humor.
"Olhe, meu filho", falei, "se no segundo turno der um cachorro contra o candidato do PT [Foro de São Paulo], eu aprendo a latir e faço campanha para o cachorro!"
Só não consegui saber se ele realmente achou graça...
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail: sentinela.rs@outlook.com