TITO GUARNIERE
Ruins de matemática
O PT, as esquerdas em geral, são ruins de matemática.
Falo de matemática simples, contas de somar e subtrair, cálculo de percentuais,
coisas assim. Os mais, digamos, desatenciosos, têm dificuldade de ler uma
quantidade, dependendo do número de zeros à direita – fazem costumeira confusão
entre milhão e bilhão, que, às vezes, lhes parece a mesma coisa.
A dificuldade vem de duas vertentes. Os petistas têm mais
pendor para as ciências sociais, a sociologia, a filosofia, a história. Podem
acreditar: um petista ou esquerdista na escola, em geral detestava
matemática, física, química. Não é crítica: as ciências
exatas também nunca foram a minha praia.
A outra vertente vem de Lula. Ele contou em longa
entrevista, em meio a risos, no tempo em que era da oposição, ele cansou de
“viajar o mundo falando mal do Brasil. Era bonito falar: no Brasil tem 30
milhões de crianças de rua. Ou tem nem sei quantos milhões de abortos. Se um
cara perguntasse a fonte, a gente não tinha, mas tinha de dizer números”. Era a
lição do mestre e pai fundador. Lula, quando não tem nada para se gabar,
se gaba da própria esperteza, mesmo que ela seja feita de mentiras vulgares.
No governo, como era previsível, erraram feio. Não tinham
claro para si que é preciso ter uma ponderação entre receita e despesa,
que a receita vem antes da despesa, e não o contrário, sem o que as
contas se deterioram e no final não fecham. O que foram as
pedaladas senão a má leitura, o cálculo mal feito de receita, gastos e
orçamento?
O PT, em igual medida, botou o pé na jaca dos
dispêndios públicos, porque sempre entendeu a responsabilidade fiscal como um
valor da direita. O orçamento público, que é em toda a circunstância uma
equação de natureza matemática - receita x gastos - , para eles é uma questão
de valor político. Estamos no mesmo domínio teórico que desdenha conceitos como
produtividade, eficiência, meritocracia, como valores de “direita”.
Durante muito tempo, esteve na ponta da língua de Lula e
dos petistas, o discurso da “vontade política”. Dava-se a entender que os
recursos existiam, e que os governantes só não resolviam os problemas do país
por pura maldade, isto é, por falta da tal vontade política. Não foi por acaso
que o partido votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
No governo, as coisas andaram bem, enquanto a economia
bombava e estava em expansão no mundo. Inebriados, imaginando que o mérito era
deles, acharam ter encontrado a chave dos recursos inesgotáveis e da bonança.
Quando sobreveio a crise, descobriram aturdidos que haviam gasto mal e muito
além da conta os ganhos supostos.
Logo ali na frente havia uma eleição. Foi preciso fazer o
diabo para vencê-la: pedalar, maquiar as contas, reincidir em desmandos,
botar a mão no caixa. Terminaram mal. Afastados do poder, depois de desferir
golpes e mais golpes nos cofres e finanças públicas, saíram gritando: é golpe!
Tal como o ladrão que bate a carteira e grita “pega ladrão”!
Agora, pagam a conta das lambanças. Teriam se poupado de
final tão melancólico, talvez, se tivessem estudado economia e não faltado às
aulas de matemática.
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