Artigo, Mateus Bandeira, Zero Hora - Debate interditado

- Mateus Bandeira - mateusbandeira@gmail.com_

Poucas atitudes podem ser mais contraditórias do que a decisão da Assembleia Legislativa de interditar o plebiscito sobre a privatização das estatais. É como se o cidadão que vai às urnas estivesse preparado para escolher novos governantes, mas não para dizer como devem agir os eleitos.

As três companhias em questão – CEEE, Sulgás e CRM – são ineficientes, deficitárias e carecem de investimentos que o erário não tem. Só isso seria suficiente para que os deputados aprovassem a venda. Ocorre que o Estado possui uma legislação esdrúxula: para criar estatais, basta um projeto de lei; para extingui-las, é obrigatória a realização de um plebiscito. Sendo essa a realidade, os parlamentares negaram a soberania do eleitor. Entenderam que os gaúchos não têm capacidade de tomar muitas decisões diante da urna.

O que parecem desconhecer é que, em países como Estados Unidos, o eleitor se depara com listas plebiscitárias imensas. Os norte-americanos sabem como é sensata a decisão de coincidir eleições gerais com a de plebiscitos. Assim, determinam de antemão aos novos mandatários e legisladores qual a sua vontade.

Na verdade, os que se opuseram à iniciativa são oportunistas ou medrosos. Os primeiros revogam suas supostas convicções em nome das eleições. Os outros temem que o povo se oponha às suas ideias – ademais, obsoletas. Ambos decidem pela conveniência eleitoral.

Prosseguir investindo dinheiro escasso em energia, mineração e gás serve apenas às corporações que se apropriaram do patrimônio público. Preservar paquidermes interessa à minoria que se apoderou do orçamento, em detrimento das funções essenciais do Estado: saúde, educação e segurança.

Em editorial, Zero Hora perguntou "o que temem os contrários a uma consulta aos eleitores". Além da perda de estatais que servem como cabides de emprego, temem a soberania popular.

Após 33 anos governados pela velha política – PT, PSDB e MDB –, os brasileiros deparam-se com um momento histórico no próximo 7 de outubro. É a oportunidade de decidir se vamos continuar na rabeira do desenvolvimento econômico e social, ou se vamos avançar como já o fazem países que estavam atrás de nós e hoje surfam na modernidade.

_Consultor de empresas, ex-CEO da FALCONI, ex-presidente do Banrisul e ex-secretário de Planejamento do RS_

Cesta básica de Porto Alegre subiu 1,73% em maio sobre abril


O Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, informou esta tarde que a cesta básica em Porto Alegre subiu R$ 7,44 em maio sobre abril. A alta de 1,73% foi influenciada principalmente pelo tomate, que sofreu reajuste de 15,52% no período, e a batata (12,93%). 

Com a elevação dos preços, a capital gaúcha ficou com a 4ª cesta básica mais cara do País (R$ 437,73), atrás apenas do Rio de Janeiro (R$ 446,03), Florianópolis (R$ 441,62) e São Paulo (R$ 441,16). 

Para consumir produtos básicos na alimentação, o salário mínimo dos porto-alegrenses deveria ser de R$ 3.747,10, 3,93 vezes o salário mínimo nacional, de R$ 954,00. Em maio, o valor da cesta básica representou 49,87% do salário mínimo líquido, contra 49,03% em abril de 2018 e 53,44% em maio de 2017. O trabalhador com rendimento de um salário mínimo necessitou, em maio, cumprir uma jornada de 100 horas e 56min para adquirir os bens alimentícios básicos.

Isso porque, no período, dos 13 produtos que compõem a cesta básica, seis ficaram mais caros: o tomate (15,52%), a batata (12,93%), a farinha de trigo (2,68%), o pão (2,38%), o leite (1,40%) e o óleo de soja (1,05%). Já sete alimentos sofreram redução nos preços: arroz (-5,06%), açúcar (-3,74%), feijão (-2,21%), manteiga (-1,93%), banana (-1,07%), carne (-0,43%) e café (-0,13%).