Nota oficial do deputado Enio Bacci


Não tenho conhecimento dos fatos porque estão em sigilo de justiça. Mas, conforme matéria veiculada pela RBS TV me manifesto da seguinte forma:

"Não se combate um câncer impunemente." 

É o preço que se paga por ter sido o relator que pediu a cassação do ex-deputado Basegio.
De pronto repudio a citação ao meu nome. Em meu gabinete nunca existiu nenhuma ilegalidade.
Chega a ser cômico o ex-deputado cassado querer se livrar da prisão, citando presunções e mentiras, justamente contra membros da Comissão de Ética, que foram responsáveis por sua cassação.
Primeiro alardeou que todos os deputados praticavam ilegalidades. Mas, depois citou apenas quatro, justamente da Comissão de Ética.
Ora, parecia que a delação seria arrasadora. Popularmente dirão "sinalizou com tempestade, mas trovejou e não choveu." A montanha pariu um rato.
Espero que o Ministério Público avalie com cautela estas citações e não dê quaisquer benefícios a seus crimes, em troca de presunções e mentiras.
Neste acordo de delação o ex-deputado Basegio não quer cumprir nem um dia de prisão, quer cumprir apenas prestação de serviços.
Sempre defendi que quem comete crime tem que ser punido.
A cassação foi embasada em farta prova e a justiça não pode perdoá-lo em troca de uma delação sem consistência.

"Que os culpados sejam punidos."

Enio Bacci
Deputado Estadual

Onde e como Lula passou durante 10 horas do crítico 4 de abril

Em texto da jornalista Leticia Mori, postado em sua página na internet à 0h38 desta quinta-feira, a BBC conta como foi parte do 4 de abril de Lula:
11h25 - Cercado por seguranças, Lula chega ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo - de onde decidiu, na última terça, acompanhar a sessão do Supremo Tribunal Federal. Sobe discretamente para o segundo andar, sem cumprimentar a militância de cerca de 400 pessoas, que aguardava desde as 10h da manhã no salão principal da entidade, bandeiras vermelhas em punho.
O salão foi especialmente decorado com fotos históricas de Lula para a ocasião. As janelas dos corredores do segundo andar do sindicato, onde Lula vai assistir ao julgamento, foram forradas com tecidos, para esconder os movimentos do petista. Durante a manhã, Lula recebeu antigos líderes sindicais, como Djalma Bom e Expedito Soares, que entregam uma carta de apoio ao ex-presidente. Ele relembrou as greves que participou durante a ditadura militar.
12h20 - Enquanto Lula conversa a portas fechadas com Luiz Marinho, pré-candidato do PT ao governo paulista, uma banda embala a militância: "Eeeee, ooo, vida de gado, povo marcado, povo feliz". A ex-presidente Dilma Rousseff chega ao sindicato acompanhada do ex-ministro Miguel Rossetto e se junta ao padrinho.
Lideranças do partido insistem no discurso de que o PT não trabalharia com a hipótese de prisão de Lula. "Temos a confiança de que o Supremo vai ser o guardião da Constituição", diz Marinho, que saiu da sala para cumprimentar militantes no salão. "Eles cometeram um erro em 2016, quando autorizaram a prisão após segunda instância). Agora é a chance de corrigir" – diz, "
13h - Um almoço - arroz, feijão e bife - é servido ao ex-presidente Lula e sua comitiva - Dilma, Marinho, os governadores Tião Viana, Wellington Dias e o gaúcho Miguel Rossetto. Parte dos militantes almoça no restaurante do sindicato, no último andar, enquanto outra parte - composta, sobretudo, por pequenos agricultores - entoa um batuque sentada no salão.
13h40 - Pouco antes da sessão começar, aliados do ex-presidente dizem que ele está tão tranquilo que encontra tempo para comentar o gol de Cristiano Ronaldo no jogo da Liga dos Campeões, na noite de terça. Sem revelar tensão com o julgamento, Lula teria demonstrado preocupação apenas com o comentário do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que na noite de terça-feira postou mensagens em que dizia ser contrário "à impunidade", em ato que foi interpretado por políticos e analistas como um constrangimento ao STF.
14h07- O STF atrasa sete minutos o início da sessão. A presidente Carmen Lúcia inicia o julgamento com um comentário de menos de dois minutos e às 14h10, o relator Edson Facchin já falava, relatando e votando.
Enquanto isso, o grupo de aliados e o próprio Lula ainda almoçavam. O ex-prefeito Fernando Haddad e o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel tinham se juntado ao grupo um pouco antes. A mulher do presidenciável do PSOL Guilherme Boulos, Natália, também veio acompanhar o julgamento com Lula. E Boulos, em viagem, não pode comparecer. Da família, está presente o irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.
14h30 - A banda que toca músicas nordestinas para de cantar para a transmissão do julgamento.
15h13 - A lenta leitura dos votos pelos ministros deixa a plateia entediada. Alguns bocejam. A única reação na primeira hora do julgamento é um muxoxo desaprovador que percorre o salão onde estão os militantes quando Gilmar Mendes critica o PT e o ex-ministro José Dirceu, dizendo que o partido gestou a "violência que está aí."
15h57 - Em questão de minutos, Gilmar Mendes vai de 'golpista' a ovacionado, quando antecipa voto em favor do habeas corpus a Lula. Os militantes pulam e a bateria começa a tocar. "Lula, presente, eterno presidente" gritam os manifestantes, agitando bandeiras de diversos grupos sociais.
16h37 - O julgamento recomeça, com o voto do ministro Alexandre de Moraes. No primeiro andar, filiados do PCO (Partido da Causa Operária) distribuem folhetos em que se lê: "Sair às ruas contra a prisão de Lula". O já esperado voto de Alexandre de Moraes contra o habeas corpus termina sem nenhuma reação dos militantes.
17h30 - Quando o ministro Luis Roberto Barroso sinaliza que votará contra Lula, a maior parte da plateia de militantes está conversando e prestando pouca atenção ao que se passa no Supremo. Depois do voto de Barroso, Lula desiste de assistir ao julgamento. Vai para uma sala onde não há TV e conversa tranquilamente com Dilma, Haddad e outros amigos.
"Ele não parece estar muito interessado nos votos individuais. Quer saber do resultado final", diz um interlocutor do presidente.
18h40 - Quando começa o voto de Rosa Weber - decisivo - Lula segue sem mirar o televisor. No salão, o voto da ministra não está sendo exibido. A militância é reunida no salão e Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, orienta para que ninguém vá embora e garante que já estão providenciando o jantar para os apoiadores. "Ao final, vamos precisar de todos vocês aqui. Quer o resultado seja bom ou ruim pra gente", diz ele, antes de ligarem novamente o telão.
19h10 - Durante fala da ministra Rosa Weber, no entanto, parte dos militantes já vai embora.
19h27 - O voto de Rosa Weber é contrário ao habeas corpus de Lula. A militância ouve em silêncio. Há um clima de confusão. As vaias só vêm, esparsas, quando ela diz claramente que acompanha o voto do relator, Fachin. O clima no salão é de desânimo, não de revolta. Mais militantes vão embora.
19h30 - Lula continua conversando com amigos em uma salinha sem televisor. É avisado por vários petistas - que assistiam na sala ao lado - que o voto de Rosa Weber foi contrário a ele. Diante do cenário, chances do ex-presidente agora são mínimas: entre os ministros que ainda devem votar, pelo menos dois - Luiz Fux e Carmen Lúcia - já deram indícios de que sua posição é a favor da prisão em segunda instância.
20h20 - Durante a fala do ministro Luiz Fux, contrária ao habeas corpus, uma pizza e um refrigerante são levados pra o local onde Lula está. O salão onde se concentrava a militância vai se esvaziando - resta menos da metade das pessoas. Um pequeno grupo batucava e gritava alto para atrapalhar os repórteres de tevê que tentavam entrar ao vivo.
21h - Amigos próximos de Lula começam a ir embora - entre eles o ex-presidente do PT Rui Falcão e o dirigente do Instituto Lula, Paulo Okamoto. Lula continua no sindicato, mas seus assessores anunciaram que ele não iria se pronunciar, nem falar com jornalistas.
22h36 - Ninguém entra ou sai da sala onde está Lula. No salão do sindicato, cerca de 50 militantes aguardam em silêncio o fim do julgamento.
23h30 - Faltando apenas dois votos para o fim do julgamento, fogos comemorando a aparente derrota do HC de Lula são soltos em um prédio de apartamentos 

Artigo, Marcelo Aiquel - A ópera bufa (ou, o Teatro do STF)

Artigo, Marcelo Aiquel - A ópera bufa (ou, o Teatro do STF)

        
         Não festeje muito, pois o “pau que bate em Chico, também bate em Francisco”.
         Todos viram o quanto é inconfiável a nossa Suprema Corte. Um palco de vaidades absolutas, onde os Ministros derretem-se frente às câmeras e – cada um, por sua vez – quer mostrar mais conhecimento, mais saber jurídico. E nada de bom senso.
         Escolhidos de maneira completamente frágil, são indicados de forma pessoal e – com raras exceções – ficam à mercê dos interesses do seu “padrinho”.
         Não fosse o grande clamor popular, somado ao recado objetivo (e assustador) dos chefes das forças armadas, e o resultado de ontem seria outro.
         Tivemos Ministros refletindo sobre o “sexo dos anjos”; Ministros “inventando” liminares intermináveis; Ministros destilando indignação contra as pressões recebidas. Como se isto não fosse inerente ao cargo público que optaram por seguir!
         Enfim, tivemos um julgamento que levou quase 12 horas para decidir o óbvio. Ululante!
         Quanto tempo perdido. Quanta encenação.
         E, não se sinta vingado. Pois o baile continua e a orquestra é a mesma que “desafinou” ontem, quando alguns quiseram dar a um condenado, a sobrevida.
         Não fosse – repito – o receio de intervenção militar, e hoje a festa seria em outro endereço.
         Portanto, muito cuidado ao louvar um Supremo inconfiável!