A grande polarização

 O ex-candidato à presidência da República e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, apresenta neste domingo uma instigante, provocativa e robusta análise da conjuntura política brasileira, tudo em entrevista concedida ao jornal O Globo.

A questão principal colocada por ele é a mais justa:

- É quando ele atribuiu a polarização política no Brasil à permanência de Lula da Silva na disputa política e eleitoral.

Ele  disse que o cenário só se resolverá quando Lula “sair do jogo”.

É justo.

Sair do jogo, de que forma ?

É aí que falha na falta de resposta o líder do PDT, que faz discursos contundentes contra o governo nomeado e no entanto mantém seu representante no ministério da Previdência, no caso Carlos Lupi.Em política isto se chama, como na psiquiatria, completa esquizofrenia.

Eu responde o que Ciro Gomes não respondeu ou não explicou:

- A polarização política e eleitoral terminará, sim, no momento em que Lula da Silva for apeado do governo nomeado, expurgado em definitivo da vida pública, e sua organização criminosa, o PT, seja definitivamente cancelada da vida partidária.

Simples assim ?

O resto vem a reboque.

É simples implementar tão desafiadora mudança ?

Não é nada simples, porque Lula e o PT servem aos interesses do Eixo do Mal, o chamado sistema, como verdadeiros crocodilos de estimação controlado por ele para assustar e atacar quem se mete no seu caminho.

Tudo marcou bem até a eleição de Bolsonaro, ocorrida como desdobramento das heróicas jornadas de rua, a partir de 2013, quando a maioria silenciosa transformou-se na maioria ruidosa que o empurrou para patamares nunca antes almejados por ele. Foi o melhor momento mais importante da assepsia política iniciada pelos julgamentos do Mensalão e da Lava Jato.

Acontece que Bolsonaro e o povo que o elegeu para conduzir o Brasil e os brasileiros a um novo processo civilizatório, foram fustigados durante 4 anos, resultando atropelados para valer no frigir dos ovos do quesitonável processo eleitoral de 2022.

A retomada das rédeas por parte do Eixo do Mal, de novo nomeando os crorocodilos para tomarem governarem sob sua tutela e interesse, mudou a inflexão política brasileira, que recuou para as trevas onde sempre os donos do Poder fizeram e aconteceram, ou seja, adonando-se de tudo que os brasileiros entregam de maneira imposta às burras do Tesouro.

É simples assim.

É isto que explica a polarização política.

Ela poderá ser rompida com o expurgo de Lula e com a proscrição da sua organização criminosa, o PT.

Quem fará isto ?

Ora, o Congresso, cabalado pelo povo em transe, ou a decisão de urnas que não sejam fraudadas, ou pelo rugido incontrolável das massas populares descontroladas ou muito bem controladas, como queiram.

Para cada uma destas opções, existe pelo menos um exemplo histórico: Collor, Dilma, Jânio ou Washington Luis, como quiserem.

É isto para este domingo.

Pensem bem.



Presos e perseguidos pela ditadura brasileira que elogiam seus carrascos

ADRILLES JORGE 


O que leva um sequestrado, torturado, preso e abusado a elogiar seu abusador e carrasco? Há sempre aquela velha teoria da síndrome de Estocolmo. A pessoa que é sequestrada se deixa envolver emocionalmente por seu sequestrador para estabelecer um laço de humanidade que o faz sobreviver ao terror, um laço que na verdade é uma ficção de elo com quem na verdade o está violentando. No Brasil, onde existe hoje uma ditadura do Judiciário que persegue e massacra pessoas em nome de uma falsa democracia, é um ponto ambíguo. Vira e mexe, há várias pessoas, inclusive vítimas desta ditatoga, que elogiam os perseguidores. A síndrome de Estocolmo se dá por uma tática psicológica de sobrevivência mental equivocada. No Brasil, não é só a questão de sobrevivência mental. É sobrevivência mesma, social, individual, no trabalho, na família. A ditadura do Judiciário brasileira quebra todas as possibilidades de existência de alguém que se coloca contra ela.


Há alguns casos emblemáticos dessa tática melancólica de sobrevivência elogiando o carrasco. A primeira é a mais sórdida. A de cálculo de poder. Poder que deixa de poder fazer algo por vítimas da ditadura para se unir aos ditadores e preservar seu poder narcísico. Sergio Moro é exemplo. Moro estava à beira de uma cassação política de seu mandato de senador. Era e é visto com ódio tanto à direita como pela esquerda. Foi um herói nacional na Lava Jato que levou corruptos de colarinho branco à prisão pela primeira vez na história da república, inclusive a alta cúpula petista de poder. Depois entrou e saiu atirando do governo Bolsonaro, fazendo acusações nunca provadas. Ganhou inimigos por todos os lados por estas duas frentes de atuação. Por fim, o colocaram na parede, amaçando cassá-lo por uma estapafúrdia razão financeira. Moro não titubeou e foi beijar a mão de Flávio Dino, então seu antigo algoz. Foi beijar a mão do TSE, que, segundo ele, teria atuado em nome de valores democráticos. Esse mesmo TSE que censura e persegue pessoas por crimes de opinião. Moro, portanto, não quis construir um elo de sobrevivência afetiva, falso que seja, com seus carrascos. Moro quer sobreviver politicamente, fazer sobreviver seu mandato de senador, pura e simplesmente. Ganhou de presente a manutenção de seu mandato. Perdeu sua alma e seu caráter. É triste pensar que um homem que foi símbolo de justiça num país injusto, dominado por um establishment corrupto, tenha se vendido a esse mesmo establishment corrupto que um dia combateu. Fica a pergunta: Moro, quando combateu a corrupção no Brasil, estava atuando em nome de valores ou em nome do valor de seu poder e vaidade? Algumas boas ações podem ser movidas pelo mais sórdido dos vícios. Vaidade, tudo é vaidade…

Coronel Naime, mais um perseguido pela ditadura brasileira que elogia seus carrascos

O outro caso é o do coronel Naime, um homem destruído pela injustiça suprema que comandava forças de proteção do Estado e que foi preso sob a acusação esdrúxula de passividade na contenção dos invasores do 8 de janeiro. Naime fico preso durante um ano, perdeu saúde, teve sua vida destroçada e vilipendiada. Agora elogia seu carrasco, o juiz Alexandre de Moraes, por ter atuado fortemente contra os vândalos do 8 de janeiro. Atuação firme seria prender senhoras de 60 anos, líderes evangélicos, autistas, vendedores, pessoas comuns, por estarem em frente a quartéis ou por simplesmente estarem na Praça do Três Poderes e condenarem estas pessoas a penas de até 20 anos de cadeia em última instancia sem ter a recorrer? Naime sabe disso. Mas então por que elogia seu carrasco? Porque talvez seja a única forma de manter sua sobrevivência junto à sua família, junto a um mínimo de dignidade física, sem ter de voltar à masmorra da injustiça que o trancou. Naime sabe que se obrigou a vender sua alma ao demônio. Mas daria para condenar sumariamente um homem que tem a perspectiva de passar uma vida encarcerado por um crime que não cometeu e trocar sua miséria por um elogio ao carrasco que só quer seu endosso para libertá-lo? Naime percebe que os que silenciam e os que adulam a ditadura estão tendo vantagens.


É triste. O personagem central do celebre livro 1984 acaba vendendo sua alma à ditadura quando se vê torturado barbaramente e cede ao pedido de seu torturador para que a mulher que amava trocasse de lugar com ele na tortura. O personagem saiu livre da tortura, mas sua alma se tornaria eternamente torturada a partir daquele momento. A venda de princípios pode ter nuances? A sobrevivência de sua família, sua prisão eterna são torturas pesadas. No caso de Naime, poderia até receber perdão. Mas a venda da alma de um homem por um cargo no poder é algo inominável. Moro jamais será perdoado.


O pacto dos presos e perseguidos

A ditadura é algo assim. Revela o caráter e o medo das pessoas. Desde os torcedores do carrasco, os ideopatas atuais, como aqueles da idade média que acompanhavam suplícios de pessoas torturadas em praça pública e que agora veem pessoas, vítimas do regime, sendo esmagadas, varridas do mapa, por até pessoas que são obrigadas a elogiarem seus torturadores, por poder da vaidade ou por sobrevivência mínima.


E curioso observar que esse tipo e pacto só é feito com pessoas poderosas. Naime e Moro têm prestígio e poder. Senhoras, pessoas comuns, que vivem hoje na cadeia, as pessoas comuns que têm contas bancárias bloqueadas, vidas arruinadas, como a de Cleriston, morto por omissão de juízes, morto sem uma acusação precisa, sem processo legal, sem justiça formal. A estas pessoas, humilhadas, massacradas e mortas em corpo e espírito, nenhum pacto é oferecido. São sumariamente massacradas pela ditatoga brasileira. E os poderosos que vendem suas almas não parecem enxergar estas pessoas. Só enxergam o próprio ego, espelhado na sola da bota do carrasco que lambem.


Pronampe

 O aporte de R$ 4,5 bilhões em recursos no FGO (Fundo Garantidor de Operações) para a concessão de crédito para microempresas e empresas de pequeno porte gaúchas será dividido em duas partes. A medida promove a alavancagem de R$ 30 bilhões em empréstimos aos pequenos negócios no âmbito do Pronampe (Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).


A portaria publicada em 17 de maio define:


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R$ 2,25 bilhões para a garantia de empréstimos tomados por microempresas, cujo teto de faturamento anual é de R$ 360 mil;

R$ 2,25 bilhões para a garantia de empréstimos tomados por pequenas empresas, cujo teto de faturamento anual é de R$ 4,8 milhões.

Para solicitar o crédito, os empresários devem:


comprovar estar domiciliado ou ter estabelecimento situado em algum município em situação de calamidade pública ou emergência do Rio Grande do Sul;

apresentar declaração de que tiveram perdas materiais decorrentes dos eventos climáticos extremos ocorridos em abril e maio de 2024 no Rio Grande do Sul.

Eis a íntegra da medida (PDF – 82 kB).


O aporte de R$ 4,5 bilhões faz parte de uma série de medidas anunciadas pelo governo federal para pequenos negócios afetados pelas chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul. Ao todo, estão previstos ao menos R$ 35 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas do Rio Grande do Sul.


Desse total, R$ 30 bilhões serão alavancados por meio do aporte de R$ 4,5 bilhões no FGO (Fundo Garantidor de Operações). Os outros R$ 5 bilhões são resultado dos R$ 500 milhões repassados pelo governo ao FGI-PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito).


Leia as medidas anunciadas para empresas do Rio Grande do Sul pelo governo federal:


1. Aporte de R$ 4,5 bilhões

o que é: aporte de R$ 4,5 bilhões em recursos no FGO que permitirão a concessão de garantias, e então a alavancagem da concessão de crédito no total de R$ 30 bilhões aos pequenos negócios no âmbito do Pronampe (Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte);

beneficiários: microempresas e empresas de pequeno porte;

período: a partir de maio;

impacto: R$ 4,5 bilhões de aporte, com potencial de alavancagem de R$ 30 bilhões.

2. Subvenção de juros no Pronampe

o que é: será colocado R$ 1 bilhão para concessão de desconto em juros de créditos garantidos pelo Pronampe, até o valor máximo de crédito concedido passível de desconto de R$ 2,5 bilhões, ou seja, dos R$ 30 bilhões potenciais de crédito, R$ 2,5 bilhões serão concedidos com desconto de juros.

beneficiários: microempresas e empresas de pequeno porte;

período: a partir de maio;

condições: financiamento de até 72 meses, com até 24 meses de carência. Terá subsídio do governo federal para reduzir a taxa de juros para 4% nominal (taxa de juros real zero) para os primeiros R$ 2,5 bilhões tomados e depois juros normais da linha.

impacto: R$ 1 bilhão para desconto de juros no Pronampe até o limite de R$ 2,5 bilhões de créditos concedidos.

3. Crédito no FGI-PEAC

o que é: serão colocados R$ 500 milhões para concessão de garantias via Fundo Garantidor de Investimentos para alavancagem, no FGI-PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito), de até R$ 5 bilhões. Neste caso, o aporte alavanca e garante acesso ao crédito, não se fazendo subvenção da taxa de juros. No caso do FGI-PEAC, o operador é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

beneficiários: MEIs, microempresas e empresas de pequeno porte;

período: a partir de maio;

condições: taxa de juros média de 1.75% a.m, com bancos que oferecem até 1.55% a.m;

impacto: R$ 500 milhões em aporte de garantias no Fundo Garantidor de Investimentos para alavancar até R$ 5 bilhões em concessão de crédito.

4. Prorrogação de vencimento de tributos

o que é: prorrogação por no mínimo 3 meses dos prazos de recolhimento de tributos federais e Simples Nacional;

beneficiários: 203 mil empresas do Simples Nacional;

período: abril, maio e junho;

impacto: R$ 4,8 bilhões.

5. Dispensa da apresentação da certidão negativa de débitos

o que é: dispensa de apresentação de certidão negativa de débito para contratações e renegociações de crédito junto a instituições financeiras públicas;

beneficiários: empresas (governo não especifica portes) e produtores rurais;

período: de maio a novembro.

Leia mais:


Governo anuncia R$ 50,9 bi em novo pacote de medidas para o RS.

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