Fátima Daudt (PSDB), a primeira prefeita eleita de
Novo Hamburgo, está anunciando como desnecessária a construção de uma base de
apoio na Câmara Municipal e ameaça os vereadores. Caso a Câmara não aprove seus
projetos, ela disse que apelará para a opinião pública e a imprensa. Dispensa,
portanto, a interlocução com o poder Legislativo. A primeira crise já está
chegando, antes mesmo da posse. A inexperiência poderá levar Fátima a governar
com a mesma base do governo atual, do PT, que os eleitores derrotaram.
A coligação de Fátima Daudt conseguiu eleger somente uma
vereadora, Patricia Beck (PPS, partido do vice prefeito eleito). Mesmo assim,
Patrícia teve sinal verde para exigir a presidência da Câmara Municipal
imediatamente. A vereadora repeliu negociações para compor Mesa Diretora com
partidos que formam a oposição ao atual governo do PT. A vereadora isolou-se
como base do governo. Isso provocou a formação de uma chapa para a Mesa na qual
os atuais oposicionistas ao governo petista buscam comandar o Legislativo, mas
sem compromisso com a prefeita Fátima.
Esta chapa junta PMDB, PP e Rede com sete dos 14
vereadores de NH. Patrícia se mostra intransigente. Diz que exige ser a
Presidente da Câmara no primeiro ano da legislatura, ou fica fora de qualquer
negociação para a mesa para os próximos quatro anos.
Surpreendentemente, Patrícia procurou o PT, PTB e o
PDT - a base do governo petista atual -, causando um mal estar inclusive em
seus eleitores. Pela manobra, até dezembro, Patrícia será oposição ao grupo
base do PT que governa NH e que foi derrotado nas eleições. Em janeiro,
Patrícia muda de lado e estará abraçada com eles para comandar a Câmara.
A prefeita eleita Fátima que nunca teve envolvimento
partidário (ela se cacifou como presidente da Associação Comercial e
Industrial), publicou nota para dizer que não vai se intrometer nas negociações
do Legislativo e que cada vereador é livre para fazer o que bem entender.
Desta forma, a prefeita do PSDB e a única vereadora eleita por sua coligação,
podem acabar governando com a mesma base atual do PT. Isso fere o compromisso
de mudança da proposta eleitoral que a levou à vitória derrotando o PT. Será
mais do mesmo, não mudança.