RS é pioneiro na Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual

Levantamento publicado pelo Jornal O Globo neste domingo (24) informa que, além do Rio Grande do Sul, outros 14 estados brasileiros trabalham para implementar projetos de Lei de Responsabilidade Fiscal complementar à legislação federal. A matéria destaca que cinco deles têm discussões avançadas - Rio de Janeiro, Goiás, Espírito Santo, Santa Catarina e Tocantins -, mas apenas o Rio Grande do Sul tem lei aprovada e sancionada. O projeto encaminhado pelo governador José Ivo Sartori foi aprovado pela Assembleia no final de 2015 e vigora desde janeiro.

A matéria diz que os entes federados estão "preocupados em reequilibrar suas finanças e a ideia é ter mecanismos mais rígidos de controle de gastos, especialmente com pessoal, que corrijam desequilíbrios provocados nos últimos anos". Segundo o jornal, a lei gaúcha "ataca um problema que se espalha pelo país: a prática de um governo contratar aumento de gastos que se estendam para mandatos futuros". "Isso ficou proibido na lei gaúcha e também está previsto nos projetos que estão sendo preparados por Goiás e Espírito Santo", analisa o texto.

Entre os secretários de Fazenda consultados pela reportagem, Giovani Feltes diz que a medida enfrentou dificuldades, mas que representou um avanço. "O Rio Grande do Sul é, disparado, o estado com maiores problemas estruturais. Comprometemos 75% das nossas receitas com a folha", disse o secretário.

O veículo nacional também registra os estágios de amadurecimento em diferentes estados. "Santa Catarina, por exemplo, com os menores índices de endividamento do país, trabalha num projeto de eficiência pública estadual, com o objetivo de ser mais abrangente, estabelecendo métodos de controle de despesas".

Por fim, a matéria explica que entre os princípios que devem fazer parte dos projetos estaduais estão o fato de reajustes contratados em um mandato não serem jogados para o governo seguinte, os gastos correntes e de pessoal devem ter algum tipo de limitação, além da necessidade de aperfeiçoamento dos critérios para o cálculo de despesas

"Sem crescimento, adeus pampa mío" diz secretário do RS

Titular da Fazenda gaúcha, Giovani Feltes conta que está "catando milho" para pagar contas e que só o fim da recessão salva os Estados
A Secretaria do Tesouro Nacional estuda adotar novos critérios para medir o peso do gasto com pessoal nos Estados. Há quem reclame, mas o fato é que eles tendem a deixar mais claro o tamanho do peso da folha de pessoal. A prova: pelos critérios adotados hoje, está tudo certo com o pagamento de servidores no Rio Grande do Sul. Seu índice de gasto com pessoal em relação à receita é de 56%, abaixo do teto de 60%. Pelo novo critério, porém, o Estado passaria a ser o líder em gasto com pessoal, com um indicador de 75%.
A realidade atesta que o novo cálculo é mais preciso: primeiro Estado a assumir que não tinha dinheiro para pagar as dívidas com a União, hoje não consegue nem pagar os salários em dia. O secretário de Fazenda, Giovani Feltes, garante que a atual gestão herdou uma longa herança de leniência com a gastança. "Nos últimos 46 anos, em 38 o Estado ficou no vermelho e não podemos culpar este ou aquele partido, porque os mais variados passaram por aqui", diz.
Ele lembra que, nos anos 90, o ex-governador Alceu Collares, do PDT, criou o caixa único, onde receitas e despesas se misturaram. Na década passada, reforça que Olívio Dutra, do PT, deixou o caixa no vermelho. Seu secretário de Fazenda era Arno Augustin, futuro titular do Tesouro na gestão do PT no governo federal e um dos artífices da contabilidade criativa e das pedaladas, que levariam a presidente Dilma Rousseff ao impeachment. Lembra também que Germano Rigotto, do PMDB, sacou de depósitos judiciais. Mas é do antecessor, ex-governador Tarso Genro, que Feltes fala com veemência.
"Em novembro, com um novo governo já vindo, Tarso deu reajuste de 15% para educação e um reajuste para a segurança que deve ser aplicado em janeiro, maio e novembro de 2015 a 2018: são R$ 4 bilhões que terão de ser pagos pela nossa gestão", diz Feltes.
A herança inclui também uma dívida de R$ 62 bilhões com a União. A possibilidade de contrair novos empréstimos para sair do sufoco é zero. Apesar da repactuação com o governo federal e de um corte de 20% nos gastos de custeio, o Estado segue com um déficit médio de R$ 550 milhões todo mês. O vermelho é um reflexo da recessão. "Estamos lascados: começamos 2015 esperando o crescimento de 1% e terminamos com uma queda de 3,5% - e junto tivemos um tombo de R$ 2 bilhões na receita", diz Feltes.
A rotina da gestão financeira tem sido cobrir buracos. Foi preciso, por exemplo, parcelar o 13.º do ano passado. Como forma de compensação para cobrir a espera, prometeram aos servidores uma indenização, que criou uma despesa nova de R$ 240 milhões. "Para pagar tudo, vendemos a folha para o Banrisul, por cerca de R$ 1,2 bilhão, mas a conta não fechou, faltaram uns R$ 80 milhões que cobrimos por aqui", diz Feltes.
Catando milho. O secretário tem uma lista de possíveis fontes de arrecadação emergenciais: uma disputa que chegou ao Supremo Tribunal Federal que pode gerar uma economia de R$ 15 bilhões em pagamentos herdados com o magistério que o atual governo questiona; outra discussão judicial pode render R$ 1 bilhão. Mais R$ 10 bilhões de passivos judiciais podem entrar; há espaço para um programa de parcelamento de dívidas tributárias. "Estamos nessa situação: catando milho, e mesmo nesse ambiente eu não posso falar em privatização, se não isso aqui vira um angu só", diz o secretário.
Mas, para Feltes, o mais importante seria ver a retomada dos investimentos, com concessões, parcerias público-privadas, e a queda dos juros, que mantém o pagamento do serviço da dívida nas alturas. Em última instância, ele anseia pelo fim da recessão. "Se a economia não voltar a crescer, crescer de verdade, adeus pampa mío", diz, usando uma expressão local.

Mais dura ainda tem sido a vida dos servidores. Apesar da multiplicação dos protestos, o jeito tem sido conviver com as restrições. Com 14 anos de magistério, o professor de português e literatura Roberto Silva da Silva precisa escolher quais dívidas pagar. "No primeiro mês do parcelamento, recebi R$ 600 e entrei em depressão. Ainda bem que dou 15 horas de aula em uma instituição particular", diz. O mais angustiante é que ele e os colegas só sabem de que forma receberão no dia do pagamento, pois o governo não divulga antes. "É uma angústia todo mês."  

Telefônica audita área de marketing no Brasil

O jornalk Valor de hoje, em ampla reportagem, informa que a matriz espanhola investiga subsidiária que no 1o trimestre investiu R$ 220 milhões em publicidade, tudo conforme o editor informou em primeira mão na edição de sábado deste site.

Leia a reportagem completa de Adriana Mattos:

    A Telefônica Vivo conduz uma auditoria em seus contratos no departamento de marketing, apurou o Valor com fontes a par do assunto. A investigação das contas, que tem sido conduzida por uma equipe indicada pela matriz, na Espanha, deve levar ao descredenciamento de prestadores de serviços. Também deve ser adotado um código de ética para todos os fornecedores do departamento de marketing da companhia no Brasil.
    A Telefônica Vivo é uma das contas de publicidade e marketing mais disputadas do país, com investimentos anuais em torno de R$ 1,3 bilhão (sem considerar descontos), segundo ranking da Kantar Ibope Media , do ano passado. É a oitava maior anunciante do mercado nacional e número um do mercado de telefonia, em faturamento.
    O comando da Telefônica Vivo, cujo presidente é Amos Genish, decidiu fazer uma revisão de contratos na área de comunicação e marketing, expandindo para o departamento um procedimento adotado em outros setores, conforme divulgou o Valor PRO na quinta-feira. Genish fundou a GVT e chegou à presidência da Vivo em maio do ano passado, quando esta comprou a GVT das mãos do grupo de telecomunicações francês Vivendi.
    A intenção de Genish é passar um pente fino nos acordos prestados na área de marketing, que conta com cerca de 200 fornecedores — de empresas que organizam eventos a agências de publicidade. A ideia era que a verificação dos contratos não fosse liderada por equipes de auditores locais ligadas à subsidiária brasileira. Para que a análise fosse conduzida de forma independente, optou-se por acionar uma equipe de auditores estrangeiros contratada pela matriz, em Madri.
    Durante essa investigação, que ainda não terminou, aconteceu uma reestruturação de cargos no grupo no Brasil — foi anunciada mudança na diretoria de imagem e comunicação.
    A vice-presidência de assuntos corporativos passou a comportar a diretoria de imagem e comunicação. A diretoria de receitas ficou responsável por várias áreas e dentre elas a do marketing, conforme comunicado do grupo no mês passado.
    Em 10 de junho, segundo apurou o Valor , a companhia dispensou a executiva Cristina Duclos, na companhia desde 2008 e que dirigia atualmente a área de imagem e comunicação. Cristina trabalhava com Christian Gebara, vice-presidenteexecutivo de receitas, e no grupo Telefônica há dez anos.
    O cargo para dirigir a área de imagem e comunicação não foi extinto e a empresa ainda busca um executivo para esta posição, segundo uma fonte. A empresa não comenta essa informação.
    O comando da companhia no país relatou a alguns vice-presidentes, em reunião realizada semanas atrás, que a auditoria no departamento de marketing e comunicação tem como objetivo verificar a existência de irregularidades em relação às normas adotadas em contratos e discordâncias em relação aos preços negociados, segundo informações apuradas pelo Valor .
    Questionada sobre o processo de auditoria, a Telefônica Vivo não se manifesta. Também procurada pelo Valor , Cristina desconhece a existência de trabalhos de auditoria no departamento, no período em que estava na empresa, e desconhece a existência de irregularidades em contratos na diretoria de imagem e comunicação.
    A Telefônica Vivo também não quis se pronunciar sobre a saída da executiva, pois não se manifesta sobre desligamento de funcionários do grupo.
    Circularam informações no mercado nas últimas semanas de que a Telefônica Vivo teria auditado modelos de contratos na área de eventos, que conta com dezenas de fornecedores e diferentes tipos de negociação, e que poderia ocorrer descredenciamentos nesta área. Também foram avaliados contratos da Africa, DPZ&T e Young&Rubicam, as agências de propaganda da Vivo — esses acordos estão mantidos.
    Segundo uma fonte, a operadora de telecomunicações teria cerca de 200 fornecedores da área de marketing e comunicação.
    Com vendas líquidas anuais de R$ 40 bilhões no ano passado, a Telefônica Vivo somou R$ 220 milhões em despesas com publicidade e propaganda de janeiro a março, equivalente a 7,5% das despesas totais da companhia com comercialização e valor 8,4% superior ao ano anterior. Por ano, a empresa gasta com propaganda quase o mesmo valor de companhias como Petrobras ou Banco do Brasil.
    Como reflexo da investigação, o comando da operadora decidiu criar um manual de boas condutas específico para a área de marketing, que deve ser distribuído para fornecedores, segundo uma fonte. A empresa tem um código de ética e conduta com princípios de comportamento para seus empregados. Na BM&FBovespa, a empresa não está em nenhum nível de governança corporativa (como nível 1 ou 2 ou Novo Mercado).
    Segundo fonte ouvida pelo Valor, a auditoria na área de marketing abriu uma discussão na Vivo sobre a necessidade de aprimorar controles internos de governança corporativa nos departamentos. A entrada de Genish na empresa, há pouco mais de um ano, envolve, inclusive, iniciativas para tentar avançar em ferramentas de “compliance” — conjunto de disciplinas para fazer cumprir normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio.

    Plano é passar um pente fino em contratos de marketing, que tem cerca de 200 fornecedores e está sendo reestruturada

Luís Milman - Carta a uma jornalista a propósito do espião gaúcho da KGB, Josué Guimarães

Prezada Cláudia Laitano,
Editora de Cultura de Zero Hora.

Li, na última sexta-feira, 22, a entrevista publicada por Zero Hora, do jornalista Paulo Anunciação, sobre o Arquivo Mitrokhin. Anunciação foi muito elucidativo, considerando o espaço relativamente econômico que o jornal dedicou à entrevista. Ressalto que, na edição do título, foi recortado o trecho que o jornalista enunciou na primeira frase da resposta à última pergunta do entrevistador. O que ele disse, como consta do texto na íntegra, é que “o documento que faz referência a Josué Guimarães não diz que ele era espião ou agente contratado ou que recebeu dinheiro dos soviéticos. Apenas diz que foi incluído na rede da agência (KGB) em Lisboa.”  Não é  necessário ser um estudioso de espionagem para saber que alguém que foi incluído na “rede da agência” era, no mínimo, um colaborador da KGB, o que é o mesmo que afirmar que desempenhava algum tipo de atividade de espionagem. Pensar diversamente é incorrer em vício de confusão. Mas, como disse, a entrevista trata de elucidar o tema.

Para reforçar a conclusão de que Josué, digamos, no mínimo, colaborava com a KGB, basta ler o prosseguimento da entrevista. Entre 1976 e 1980, segundo Anunciação, o escritor manteve 42 reuniões com os agentes Novikov, Budyakin a Bykov em três cidades/países diferentes. Não é pouco e, certamente, não se tratavam de reuniões literárias. Anunciação esclarece que Josué, de acordo com a nota transcrita por MItrokhin, ”conhecia bem a forma de trabalhar dos serviços secretos soviéticos, nomeadamente quanto às noções de segurança, conspiração e meios pessoais ou impessoais de comunicação. Convenhamos, é um bom acervo de habilidades. E o próprio jornalista português arremata, de modo impositivo: “... a informação transmitida por Josué Guimarães era tida em alta consideração pelos soviéticos, pois se não fosse assim não teria tido tantas reuniões.”

Zero Hora merece um elogio pela iniciativa da entrevista, depois de repercutir a reportagem do jornalista Vitor Vieira, do site Videversus. Ela confirmou, entre outras coisas, que um ícone da literatura do Rio Grande servia à KGB e a um regime criminoso. Este fato não é nada abonatório. Ao final de suas declarações, Anunciação ainda avisa que segredos que os brasileiros gostariam de manter enterrados para sempre estão contidos no Arquivo Mitrokhin. Concordo inteiramente, porque há muito material desclassificado sobre a América Latina à disposição de pesquisadores. Quem sabe Zero Hora não se dispõe a enviar algum profissional até Cambridge para fazer uma investigação apenas sobre os brasileiros que prestavam serviços à KGB e qual era o alcance da rede de espionagem no Brasil? Sabemos que Josué Guimarães foi incluído na matéria de Anunciação porque o escritor, nos anos 70, vivia e atuava em Portugal.

A intranquilidade causada pela revelação sobre as atividades secretas de Josué Guimarães em Portugal é compreensível e previsível, na medida em que todos os seus amigos integram um grupo cultural orientado por posições de esquerda. O que não pode ser mais desconsiderado é que o próprio Josué confessou sua adesão ao comunismo ainda em 1952, quando escreveu Muralhas de Jericó, um diário de sua viagem  à URSS e à China ocorrida naquele mesmo ano. Josué tinha, então 31 anos e trabalhava para a Última Hora, do Rio de Janeiro. O livro era inteiramente dedicado à exaltação das conquistas soviéticas e chinesas nos campos das relações de trabalho, inovação industrial, educação, liberdade e cultura.

Tudo mentira. A publicação, apenas em 2001, pela LP&M, de Muralhas, tinha o objetivo de homenagear o escritor quando ele completaria 80 anos. Mas terminou configurando um depoimento definitivo sobre o quanto um jovem intelectual pode prostrar-se diante de uma ideologia facínora por razões inconfessáveis, uma vez que, em 1952, já era inteiramente conhecida do Ocidente a barbárie stalinista e o estado de terror genocida em que vivia a União Soviética. Stálin exterminou mais de 70 milhões de pessoas durante sua tirania e parte dos seus crimes seria denunciada, em 1956, por Nikita Krushov, no XX Congresso do Partido Comunista da URSS.

Mesmo assim, o editor de Josué Guimarães, Ivan Pinheiro Machado, ele próprio oriundo do Partido Comunista Brasileiro, com passagem pela Dissidência Leninista e, depois, pelo Partido Operário Comunista, não hesitou em fazer a homenagem ao companheiro, com o apoio financeiro do Instituto Estadual do Livro, administrado, à época, pelo governo marxista de Olívio Dutra. Lembro ainda- e isto é mais assustador- que bem antes de 1952, três dos maiores documentos denunciando o totalitarismo comunista já haviam sido publicados e amplamente cobertos pela imprensa ocidental. Eram documentos literários que qualquer intelectual versado em mais de uma língua tinha o dever de conhecer: O zero e o Infinito (1940) de Arthur Koestler, Do fundo da noite (1941) de Jan Valtin e Eu escolhi a Liberdade (1946) de Victor Kravchenko. Seria interessante repassar estas informações para os amigos de Josué Guimarães, entre eles aqueles que rotularam as informações publicadas por Vitor Vieira sobre a reportagem de Anunciação como “balela” e “boatos”.

Josué Guimarães morreu sem arrepender-se de suas atividades comunistas e sem inutilizar Muralhas de Jericó. Agora sabemos o porquê. Seus editores da LP&M, propriedade da dinastia dos Pinheiro Machado, uma editora assumidamente esquerdista - cujo patriarca, o falecido Antônio Pinheiro Machado Netto, atreveu-se a escrever, em 1985, um elogio em livro ao Muro de Berlim- também não imaginavam que viriam à tona os segredos de Josué Guimarães arquivados em Cambridge. Agora não é possível mais tentar erguer um véu de desdém ou de silêncio sobre o assunto, como pretenderam fazer Luiz Fernando Veríssimo, Flávio Tavares e David Coimbra. Ao contrário, o Arquivo Mitrokhin está lá na Inglaterra, disponível para pesquisa.


Por tudo isso, minha cara, ao cumprimentá-la pela iniciativa da entrevista, aproveitei a oportunidade para manifestar minhas considerações sobre o assunto que, estou certo, ainda renderá muitas investigações sérias e , naturalmente, reportagens.

Telefônica audita área de marketing no Brasil

Matriz investiga subsidiária que no 1o trimestre investiu R$ 220 milhões em publicidade

Valor Econômico - 25 Jul 2016 - por Adriana Mattos

A Telefônica Vivo conduz uma auditoria em seus contratos no departamento de marketing, apurou o Valor com fontes a par do assunto. A investigação das contas, que tem sido conduzida por uma equipe indicada pela matriz, na Espanha, deve levar ao descredenciamento de prestadores de serviços. Também deve ser adotado um código de ética para todos os fornecedores do departamento de marketing da companhia no Brasil.

A Telefônica Vivo é uma das contas de publicidade e marketing mais disputadas do país, com investimentos anuais em torno de R$ 1,3 bilhão (sem considerar descontos), segundo ranking da Kantar Ibope Media , do ano passado. É a oitava maior anunciante do mercado nacional e número um do mercado de telefonia, em faturamento.

O comando da Telefônica Vivo, cujo presidente é Amos Genish, decidiu fazer uma revisão de contratos na área de comunicação e marketing, expandindo para o departamento um procedimento adotado em outros setores, conforme divulgou o Valor PRO na quinta-feira. Genish fundou a GVT e chegou à presidência da Vivo em maio do ano passado, quando esta comprou a GVT das mãos do grupo de telecomunicações francês Vivendi.

A intenção de Genish é passar um pente fino nos acordos prestados na área de marketing, que conta com cerca de 200 fornecedores — de empresas que organizam eventos a agências de publicidade. A ideia era que a verificação dos contratos não fosse liderada por equipes de auditores locais ligadas à subsidiária brasileira. Para que a análise fosse conduzida de forma independente, optou-se por acionar uma equipe de auditores estrangeiros contratada pela matriz, em Madri.

Durante essa investigação, que ainda não terminou, aconteceu uma reestruturação de cargos no grupo no Brasil — foi anunciada mudança na diretoria de imagem e comunicação.

A vice-presidência de assuntos corporativos passou a comportar a diretoria de imagem e comunicação. A diretoria de receitas ficou responsável por várias áreas e dentre elas a do marketing, conforme comunicado do grupo no mês passado.

Em 10 de junho, segundo apurou o Valor , a companhia dispensou a executiva Cristina Duclos, na companhia desde 2008 e que dirigia atualmente a área de imagem e comunicação. Cristina trabalhava com Christian Gebara, vice-presidenteexecutivo de receitas, e no grupo Telefônica há dez anos.

O cargo para dirigir a área de imagem e comunicação não foi extinto e a empresa ainda busca um executivo para esta posição, segundo uma fonte. A empresa não comenta essa informação.
O comando da companhia no país relatou a alguns vice-presidentes, em reunião realizada semanas atrás, que a auditoria no departamento de marketing e comunicação tem como objetivo verificar a existência de irregularidades em relação às normas adotadas em contratos e discordâncias em relação aos preços negociados, segundo informações apuradas pelo Valor .

Questionada sobre o processo de auditoria, a Telefônica Vivo não se manifesta. Também procurada pelo Valor , Cristina desconhece a existência de trabalhos de auditoria no departamento, no período em que estava na empresa, e desconhece a existência de irregularidades em contratos na diretoria de imagem e comunicação.

A Telefônica Vivo também não quis se pronunciar sobre a saída da executiva, pois não se manifesta sobre desligamento de funcionários do grupo.

Circularam informações no mercado nas últimas semanas de que a Telefônica Vivo teria auditado modelos de contratos na área de eventos, que conta com dezenas de fornecedores e diferentes tipos de negociação, e que poderia ocorrer descredenciamentos nesta área. Também foram avaliados contratos da Africa, DPZ&T e Young&Rubicam, as agências de propaganda da Vivo — esses acordos estão mantidos.
Segundo uma fonte, a operadora de telecomunicações teria cerca de 200 fornecedores da área de marketing e comunicação.

Com vendas líquidas anuais de R$ 40 bilhões no ano passado, a Telefônica Vivo somou R$ 220 milhões em despesas com publicidade e propaganda de janeiro a março, equivalente a 7,5% das despesas totais da companhia com comercialização e valor 8,4% superior ao ano anterior. Por ano, a empresa gasta com propaganda quase o mesmo valor de companhias como Petrobras ou Banco do Brasil.

Como reflexo da investigação, o comando da operadora decidiu criar um manual de boas condutas específico para a área de marketing, que deve ser distribuído para fornecedores, segundo uma fonte. A empresa tem um código de ética e conduta com princípios de comportamento para seus empregados. Na BM&FBovespa, a empresa não está em nenhum nível de governança corporativa (como nível 1 ou 2 ou Novo Mercado).
Segundo fonte ouvida pelo Valor, a auditoria na área de marketing abriu uma discussão na Vivo sobre a necessidade de aprimorar controles internos de governança corporativa nos departamentos. A entrada de Genish na empresa, há pouco mais de um ano, envolve, inclusive, iniciativas para tentar avançar em ferramentas de “compliance” — conjunto de disciplinas para fazer cumprir normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio.


Plano é passar um pente fino em contratos de marketing, que tem cerca de 200 fornecedores e está sendo reestruturada.

Carta de Luís Milman

Prezada Cláudia Laitano,
Editora de Cultura de Zero Hora.

Li, na última sexta-feira, 22, a entrevista publicada por Zero Hora, do jornalista Paulo Anunciação, sobre o Arquivo Mitrokhin. Anunciação foi muito elucidativo, considerando o espaço relativamente econômico que o jornal dedicou à entrevista. Ressalto que, na edição do título, foi recortado o trecho que o jornalista enunciou na primeira frase da resposta à última pergunta do entrevistador. O que ele disse, como consta do texto na íntegra, é que “o documento que faz referência a Josué Guimarães não diz que ele era espião ou agente contratado ou que recebeu dinheiro dos soviéticos. Apenas diz que foi incluído na rede da agência (KGB) em Lisboa.”  Não é  necessário ser um estudioso de espionagem para saber que alguém que foi incluído na “rede da agência” era, no mínimo, um colaborador da KGB, o que é o mesmo que afirmar que desempenhava algum tipo de atividade de espionagem. Pensar diversamente é incorrer em vício de confusão. Mas, como disse, a entrevista trata de elucidar o tema.

Para reforçar a conclusão de que Josué, digamos, no mínimo, colaborava com a KGB, basta ler o prosseguimento da entrevista. Entre 1976 e 1980, segundo Anunciação, o escritor manteve 42 reuniões com os agentes Novikov, Budyakin a Bykov em três cidades/países diferentes. Não é pouco e, certamente, não se tratavam de reuniões literárias. Anunciação esclarece que Josué, de acordo com a nota transcrita por MItrokhin, ”conhecia bem a forma de trabalhar dos serviços secretos soviéticos, nomeadamente quanto às noções de segurança, conspiração e meios pessoais ou impessoais de comunicação. Convenhamos, é um bom acervo de habilidades. E o próprio jornalista português arremata, de modo impositivo: “... a informação transmitida por Josué Guimarães era tida em alta consideração pelos soviéticos, pois se não fosse assim não teria tido tantas reuniões.”

Zero Hora merece um elogio pela iniciativa da entrevista, depois de repercutir a reportagem do jornalista Vitor Vieira, do site Videversus. Ela confirmou, entre outras coisas, que um ícone da literatura do Rio Grande servia à KGB e a um regime criminoso. Este fato não é nada abonatório. Ao final de suas declarações, Anunciação ainda avisa que segredos que os brasileiros gostariam de manter enterrados para sempre estão contidos no Arquivo Mitrokhin. Concordo inteiramente, porque há muito material desclassificado sobre a América Latina à disposição de pesquisadores. Quem sabe Zero Hora não se dispõe a enviar algum profissional até Cambridge para fazer uma investigação apenas sobre os brasileiros que prestavam serviços à KGB e qual era o alcance da rede de espionagem no Brasil? Sabemos que Josué Guimarães foi incluído na matéria de Anunciação porque o escritor, nos anos 70, vivia e atuava em Portugal.

A intranquilidade causada pela revelação sobre as atividades secretas de Josué Guimarães em Portugal é compreensível e previsível, na medida em que todos os seus amigos integram um grupo cultural orientado por posições de esquerda. O que não pode ser mais desconsiderado é que o próprio Josué confessou sua adesão ao comunismo ainda em 1952, quando escreveu Muralhas de Jericó, um diário de sua viagem  à URSS e à China ocorrida naquele mesmo ano. Josué tinha, então 31 anos e trabalhava para a Última Hora, do Rio de Janeiro. O livro era inteiramente dedicado à exaltação das conquistas soviéticas e chinesas nos campos das relações de trabalho, inovação industrial, educação, liberdade e cultura.

Tudo mentira. A publicação, apenas em 2001, pela LP&M, de Muralhas, tinha o objetivo de homenagear o escritor quando ele completaria 80 anos. Mas terminou configurando um depoimento definitivo sobre o quanto um jovem intelectual pode prostrar-se diante de uma ideologia facínora por razões inconfessáveis, uma vez que, em 1952, já era inteiramente conhecida do Ocidente a barbárie stalinista e o estado de terror genocida em que vivia a União Soviética. Stálin exterminou mais de 70 milhões de pessoas durante sua tirania e parte dos seus crimes seria denunciada, em 1956, por Nikita Krushov, no XX Congresso do Partido Comunista da URSS.

Mesmo assim, o editor de Josué Guimarães, Ivan Pinheiro Machado, ele próprio oriundo do Partido Comunista Brasileiro, com passagem pela Dissidência Leninista e, depois, pelo Partido Operário Comunista, não hesitou em fazer a homenagem ao companheiro, com o apoio financeiro do Instituto Estadual do Livro, administrado, à época, pelo governo marxista de Olívio Dutra. Lembro ainda- e isto é mais assustador- que bem antes de 1952, três dos maiores documentos denunciando o totalitarismo comunista já haviam sido publicados e amplamente cobertos pela imprensa ocidental. Eram documentos literários que qualquer intelectual versado em mais de uma língua tinha o dever de conhecer: O zero e o Infinito (1940) de Arthur Koestler, Do fundo da noite (1941) de Jan Valtin e Eu escolhi a Liberdade (1946) de Victor Kravchenko. Seria interessante repassar estas informações para os amigos de Josué Guimarães, entre eles aqueles que rotularam as informações publicadas por Vitor Vieira sobre a reportagem de Anunciação como “balela” e “boatos”.

Josué Guimarães morreu sem arrepender-se de suas atividades comunistas e sem inutilizar Muralhas de Jericó. Agora sabemos o porquê. Seus editores da LP&M, propriedade da dinastia dos Pinheiro Machado, uma editora assumidamente esquerdista - cujo patriarca, o falecido Antônio Pinheiro Machado Netto, atreveu-se a escrever, em 1985, um elogio em livro ao Muro de Berlim- também não imaginavam que viriam à tona os segredos de Josué Guimarães arquivados em Cambridge. Agora não é possível mais tentar erguer um véu de desdém ou de silêncio sobre o assunto, como pretenderam fazer Luiz Fernando Veríssimo, Flávio Tavares e David Coimbra. Ao contrário, o Arquivo Mitrokhin está lá na Inglaterra, disponível para pesquisa.


Por tudo isso, minha cara, ao cumprimentá-la pela iniciativa da entrevista, aproveitei a oportunidade para manifestar minhas considerações sobre o assunto que, estou certo, ainda renderá muitas investigações sérias e , naturalmente, reportagens.

A quadrilha internacional das empreiteiras, marqueteiros, Lula e o PT

Quando se imgina que todo aquele ativismo do ex-presidente Lula em favor de candidatos supostamente de esquerda na América Latina -- aliás um claro intervencionismo nos assuntos internos de outros países, uma afronta a um princípio constitucional brasileiro, e às mais sólidas das tradições de nossa diplomacia profissional --  dava-se apenas por simpatia ideológica ou recomendações dos seus chefes cubanos do Foro de São Paulo, agora fica escrachadamente claro , também, que existiam negócios corruptos por trás, e que tudo fazia parte da mesma gangue de mafiosos políticos e empreiteiros corruptos. Nunca Antes no Brasil tivemos uma organização criminosa desse quilate no comando do país. Vamos descobrir que a máfia do PT foi realmente gigantesca. A notícia a seguir é do blog O Antagonista, hoje:

A quadrilha internacional

A Odebrecht admitiu o pagamento de propina a Ollanta Humala, presidente do Peru.
E quem foi o marqueteiro clandestino de sua campanha eleitoral?
João Santana, é claro.
O roteiro está muito claro: Lula se reunia com candidatos de esquerda da América Latina, oferecia-lhes a assessoria de João Santana, a campanha era paga pelas empreiteiras brasileiras, que ganhavam contratos para obras naqueles países, financiadas pelo BNDES, e repassavam 1% de propina para o PT.
Leia o que publicou o jornal peruano Correo em 29 de março de 2011:
"Aunque primero negó tajantemente que su campaña electoral con miras a los comicios de abril sea asesorada por el ex mandatario del Brasil, Ignacio Lula Da Silva, hoy Ollanta Humala terminó por reconocer que si mantuvo una reunión con el polémico estratega Joao Santana.

Como se recuerda el diario Correo reveló al iniciar la semana que Lula tendría interés en el ingreso de Humala al gobierno, pues tiene en mente aprovechar los recursos de la selva virgen para edificar centrales hidroeléctricas que sirvan a su país.

Incluso se estimó que los poderosos grupos cariocas Odebretch y Camargo & Correa, se encargarían de la edificación de las estructuras que además afectarían el ecosistema natural".
Ollanta Humala, portanto, foi obrigado a admitir sua reunião com "el polémico estratega" João Santana. Lula "teria interesse" na eleição de Humala, porque ele assinaria contratos com a Odebrecht e a Camargo Corrêa para a construção de hidrelétricas.

Alguma dúvida?

Artigo, Milton Pires - O Estado Islâmico e o Processo de Impeachment – Como um atentado pode ajudar Dilma e o PT.

Desde onze de setembro de 2001, a Al Qaeda vem sendo uma espécie de PMDB do terrorismislâmico. Capaz de fazer acordo com sunitas, xiitas, alauítas, “parasitas” e todo tipo de psicopata cujo princípio fundamental seja matar ocidentais preservando os muçulmanos.
Quando escreveu “Estado Islâmico – Desvendando o Exército do Terror”, Michael Weiss deixou claro que isso mudou a partir da Segunda Guerra do Golfo Pérsico, em 2003. Nessa ocasião, uma espécie de “franquia da Al Qaeda” no Iraque, a AQI, passou a se comportar como uma espécie de PSTU do terror. “Resolveram” começar a matar “todo mundo” inclusive xiitas e outros facções que não compactuassem com sua loucura sunita de criar um “Califado Islâmico”. O atentado de ontem em Cabul foi um “serviço” do ISIS matando xiitas no Afeganistão e o ISIS é hoje a “estrela” do terror mundial.
Muito bem: o que tudo isto tem a ver com o Impeachment de Dilma Rousseff aqui no Brasil? A “princípio” nada. Cada vez que se pensa e se escreve sobre terrorismo a tendência é ficar nas consequências internacionais, na geopolítica regional, nos aspectos humanitários e esquecer a questão da política interna do país onde o atentado aconteceu. As linhas que seguem especulam sobre as possíveis consequências de um atentado terrorista matando dezenas, centenas de brasileiros, no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Uma vez que tenhamos um atentado terrorista perpetrado pelo ISIS contra cidadãos brasileiros (e acredito que teremos) o principal responsável será o Governo Michel Temer. Não adianta dizer que a Olimpíada foi trazida ao Brasil para que a Organização Criminosa Petista comandada por Lula e Dilma pudesse roubar – será tarde demais. A esquerda brasileira vai usar a desgraça para criticar a “falta de segurança”, a comoção geral será gigantesca, a imprensa internacional inteira vai se voltar (ainda mais) para o Brasil cobrando explicações e o fará com mais vigor se cidadãos “de verdade” (não simples tupiniquins) pagarem com a vida pela loucura de participarem de uma Olimpíada aqui.
Vamos colocar de uma maneira simples: um atentado terrorista, neste momento, no Brasil “serve” à Organização Criminosa Petista e aos seus chefes do Foro de São Paulo. Um atentado pode, sim, ajudar a parar o processo de impeachment em função do altíssimo preço político a ser pago. Não vai haver “clima” para votar o afastamento definitivo de Dilma, o país não vai conseguir “falar em outra coisa”, vai “pegar mal falar mal em política” nesse momento em que “todos temos que ser brasileiros” em solidariedade às vítimas, não é?
Meus caros amigos, 2003 não foi só o ano da Segunda Guerra do Golfo e que propiciou a briga interna dentro da Al Qaeda e o nascimento do ISIS dentro do Campo de Bucca – a prisão militar americana que serviu de “Universidade para o ISIS” - foi também o ano em que o PT chegou ao Governo no Brasil. A chegada desta organização criminosa, travestida de “partido político”, significou a tomada de posse de toda máquina administrativa brasileira por uma legião de alcoólatras, pederastas, viciados em drogas, pedófilos, sádicos e – acima de tudo – ex-terroristas das décadas de 60 e 70. Dilma Rousseff, antes de ser uma chefe de quadrilha e estelionatária é, ela mesma, uma “ex-terrorista”.

Organizações terroristas como o Foro de São Paulo (que aqui no Brasil se apresenta como “PT”) e o Estado Islâmico tem a tradição de cooperar entre si. O contato entre terroristas do ISIS e os interesse dos marginais petistas será feito pelos traficantes brasileiros. Estejamos atentos. A Olimpíada do Rio de Janeiro é uma oportunidade que não vai se repetir tão cedo.