- O autor é Mateus Bandeira
A
demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras representou o desfecho
melancólico do governo Temer. O viés aparentemente liberal dissolveu-se até
retornar à velha política, que tem o fisiologismo, a demagogia e a corrupção
como métodos de perpetuação do poder. Na economia, é representada pelo Estado
gigante que abre seus tentáculos para controlar a vida de todos – e, depois,
cobrar por isso.
A greve
dos caminhoneiros, que precipitou a crise dos combustíveis, foi o ápice de uma
sucessão de erros. É consequência da incúria de governos sucessivos, que
optaram pelo incentivo seletivo aos automóveis. Da má gestão da União, incapaz
de se antecipar à greve. Das concessões bilionárias a categorias privilegiadas,
como os servidores. Do Parlamento, que boicotou reformas imprescindíveis ao
reequilíbrio fiscal, como a da Previdência. Do governo Dilma, responsável pela
desordem nas contas públicas. Do tabu de setores da esquerda e ultradireita em
relação à iniciativa privada.
Mas não nos enganemos: o que está muito ruim
pode ficar pior. Até as eleições, quando escolheremos o Brasil do futuro, é
preciso responsabilidade dos agentes públicos. No Congresso, não é hora de
pensar nas urnas, mas no país. O governo deve evitar o populismo e retomar a
política fiscal responsável. E a Petrobras tem de perseverar no caminho da
recuperação, mas sem ignorar o consumidor.
O
debate eleitoral precisa incluir temas cruciais como o monopólio da Petrobras e
a prevalência do transporte rodoviário em relação ao ferroviário e hidroviário.
Não se trata de controlar a empresa, mas de abrir o mercado à competição. A
concorrência regula os preços e incentiva a produtividade.
Por
fim, candidatos e sociedade necessitam debater com desprendimento as
privatizações, sem viés ideológico. A pergunta central deve ser: qual o sistema
que melhor atenderá os anseios da cidadania? Eis a resposta certa: aquele que
oferecer os melhores serviços pelo menor custo – o que pressupõe menor intervenção
estatal na economia.
- Consultor de empresas, foi CEO da FALCONI e secretário de Planejamento
do RS