"Abusos e ilegalidades do STF dão força ao bolsonarismo.

 "Abusos e ilegalidades do STF dão força ao bolsonarismo.

Decisões políticas dos ministros do Supremo reavivam o bolsonarismo mesmo em quem já começava a se arrepender de apoiar o presidente. 

Por que, depois de tantas decepções, alguém ainda defende Jair Bolsonaro? Um motivo trivial, mas poderoso, é ódio. Foi o ódio ao STF que levou tanta gente para a rua nesta terça-feira (7).


Gostamos de acreditar que os cidadãos são movidos pela razão ou por bons sentimentos; a verdade crua é que o ódio –e o sentimento de injustiça– são os motores mais potentes de mobilização.


Anos atrás, o ódio a Dilma Rousseff e aos escândalos de corrupção do PT formavam a agenda negativa que unificava pessoas diversas. Era possível ver Eduardo Leite e Levy Fidélix na mesma passeata, unidos pelo antipetismo.

Agora, Alexandre de Moraes e o STF como um todo geram a repulsa a carregar as baterias, que andavam meio arriadas, do bolsonarismo.


Seus abusos e ilegalidades, suas interpretações criativas e superabrangentes da Constituição fazem reavivar o bolsonarismo mesmo em quem já começava a se arrepender de apoiar o presidente.

É fácil tomar como loucos e inebriados por fake news os brasileiros que chamam o STF de vergonha nacional. Mais difícil é fazer uma autocrítica e admitir que diversos ministros do Supremo tomaram atitudes pra lá de vergonhosas.


O STF proibiu o TCU de examinar denúncias de mordomias concedidas pela Itaipu a... ministros do STF.


Proibiu a investigação contra Dias Toffoli, apesar dos fortes indícios de venda de sentenças do TSE (curioso esse fato não ter gerado um clamor na imprensa equivalente ao caso Temer e JBS).


O STF enterrou a Lava Jato em Brasília, sendo que ele próprio tinha determinado que o lugar dela era no Paraná.


Alexandre de Moraes assopra a brasa do bolsonarismo quando mantém inquéritos ilegais, bloqueia a conta de organizadores de passeatas, desmonetiza canais de humor que o satirizam no YouTube ou prende deputados baseado em termos controversos como o “mandado de prisão em flagrante”.


A melhor forma de conquistar respeito é fazer por merecê-lo. Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski não contribuem para a respeitabilidade do STF quando contrariam o que diz com toda a clareza a Constituição.


Foi o caso de voto desses quatro a favor da possibilidade de reeleição de Maia e Alcolumbre. Ou a decisão de Lewandowski de manter os direitos políticos de Dilma, em 2016.


Quando os ministros se incumbem da tarefa de determinar o que é fake news ou “anticientífico”, sem haver nas leis nacionais um parágrafo dizendo que a sociedade cedeu ao Estado o direito de determinar o que é científico, o STF perde respeito e gera ódio.


É verdade que juízes não devem tomar decisões pensando em popularidade, e sim no que é juridicamente correto. Mas isso lhes dá direito de agir como políticos. Está claro, para muitos brasileiros, que boa parte dos ministros do Supremo é de atores políticos, e não juízes imparciais.


Se querem deter o bolsonarismo, os ministros do STF precisam parar de dar motivos tão óbvios para bolsonaristas se mobilizarem."


(Leandro Narloch, jornalista e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros)

Termos do acordo

 De acordo com uma fonte do MDB que falou comigo agora há pouco por cerca de 10 minutos, o posicionamento de hoje do Bolsonaro integra um acordo que já vinha sendo construído nas últimas três semanas entre Ciro Nogueira, Gilmar Mendes, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. 


Com a forte adesão popular, Bolsonaro buscou solidificar esse acordo. E consiste no seguinte:


- Ação no STF que pede derrubada dos decretos de armas será rejeitado;


- Inquérito dos atos antidemocráticos será assumido pela PGR;


- Nova regulamentação em torno da raposa Serra do Sol;


A nível legislativo, a negociação incluiu:


- Emenda Constitucional para regulamentar um ponto da CF para o STF só carimbar em torno de ações que sejam constitucionais ou inconstitucionais, o resto é de autonomia do Legislativo ou até mesmo de instâncias inferiores do Judiciário;


- ICMS fixo;


- Aprovação do Auxílio Brasil;


- Solução dos precatórios;


- Aprovação de Mendonça pro STF.


Coube ao Bolsonaro esvaziar as manifestações dos caminhoneiros, evitar desabastecimentos e dar andamento aos planos econômicos para reduzir inflação e afins.


E a nível político, a participação do Michel Temer foi para o Bolsonaro avalizar no ano que vem a candidatura do Temer para deputado federal e ele presidir a Câmara após o biênio do Lira. Foi isso costurado hoje e negociado ao longo das últimas três semanas. Se serão cumpridos, não sabemos

“Acuse o seu inimigo daquilo que você faz”

 “Acuse o seu inimigo daquilo que você faz” é o truque velho como ela própria de que tem vivido, desde Lenin, a esquerda antidemocrática. Quem fala e quem legisla em defesa da democracia, quem prega o respeito à constituição, quem desmancha leis espúrias contra a censura da internet e quem pede a libertação dos presos políticos, embora sempre de modo canhestro e desastroso, é Jair Bolsonaro. A esquerda antidemocrática limita-se a criminalizar na direita tudo que ela mesmo sempre fez: o aparelhamento de todas as instituições democráticas, da educação pública e dos “meios de difusão cultural da burguesia” na hoje jurássica tentativa gramsciana do século 20; a estruturação cientificamente organizada da “esgotosfera” petista nas redes sociais com dinheiro público e a destruição pela corrupção organizada e minuciosa do poder eleito usando toda a força do Tesouro Nacional e da milícia empresarial “campeã nacional”, na segunda tentativa, conforme desvendado no julgamento do Mensalão. Agora dá os toques finais na muito mais prática e econômica tomada de assalto da maioria dos 11 monocratas para a posterior “tomada da eleição", conforme milimetricamente descrito e prometido no Foro de São Paulo e já devidamente aplicado por alguns dos sobreviventes dessa UTI do caudilhismo “socialista” jurássico latino-americano, dito "bolivariano”, que Lula fez o dinheiro dos pobres do Brasil patrocinar. (Fernão Lara Mesquita)