Safadeza do STF
“Aplicou para o passado regra que aparentemente nunca tinha sido expressada em nosso Direito pelos Tribunais e que, se fosse aplicada pelo juiz, poderia por si só ter gerado a anulação do caso em instâncias inferiores justamente diante da ausência de expressa previsão legal; não houve demonstração de prejuízo à defesa e não se deve presumir prejuízo segundo a jurisprudência do próprio Tribunal; viola a isonomia entre os corréus; a palavra de colaboradores jamais é suficiente para uma condenação criminal, situação que seria distinta caso houvesse a apresentação de documentos incriminadores com as alegações finais, o que não ocorreu; e cria situações nebulosas e fecundas para nulidades (por exemplo: e se o réu decidir confessar ou colaborar nas alegações finais? E se corréus implicarem uns aos outros?).”
Artigo, Astor Wartchow - Amazônia
- O autor é advogado, RS.
Georg Wilhelm
Friedrich Hegel (1770-1831) afirmava que o ser humano só se pode constituir
pela confrontação de, pelo menos, dois desejos assimétricos (não iguais).
Assim, se
tornaria escravo aquele que colocasse sua vida acima de sua liberdade, e por
isso pararia de lutar. E, contrariamente, se tornaria senhor aquele que
colocasse sua liberdade acima de sua vida, e por isso continuaria lutando.
O filósofo
alemão também observava que a história é farta em exemplos de estabelecimento
de relações de senhorio e servidão, regra geral consequência de guerras, forma
radical de submeter um povo à vontade de outrem.
Com o
“desmonte” da União Soviética (URSS), o equilíbrio de poder mundial não existe
mais. Consequência ou não, sucedem-se as micro-guerras localizadas.
A maioria
delas de informação e contra-informação, agora predominantemente digitais. E a
pretexto de qualquer reivindicação e palavra de ordem, legítimos ou não.
Amazônia. De
repente, vem à tona uma enxurrada de denúncias sobre desmatamento, queimadas,
constituição e presença de bases sociais e econômicas estrangeiras (ONGs, por
exemplo), envolvimento e cooptação das tribos locais e tentativa de legitimação
de ocupação (lembram da antiga proposta internacional de criação da república
Ianomâmi?).
Desmatamentos
(legais e ilegais) e queimadas (naturais e provocadas), por exemplo, são
problemas e ocorrências históricas e repetitivas, para mais e para menos em
extensões e danos, fosse quem fosse o governo federal e estaduais.
Independentemente de nossa evidente dificuldade de gerenciamento daquele
megaproblema (ou será megassolução?), creio pertinente uma reação, sob pena de
resultar na submissão e a prevalência do espírito do escravo.
A insubmissão (negação da servidão) contra
uma ideia de ocupação estrangeira está ancorada na sua falta de base política e
legitimidade local (por que não te calas, Macron?).
Ressalte-se
que o pretexto e a ocorrência da “guerra amazônica” é um fracasso da política.
Resultado de incompetência e ausência de interlocução de qualidade (por que não
te calas, Bolsonaro?).
A desastrosa
comunicação presidencial e o atraso de uma reação propositiva e qualitativa em
torno do problema imediato, proporcionou o advento de uma histeria coletiva que
revelou oportunistas nacionais e estrangeiros de todas categorias sociais, vertentes e pretextos, alguns de objetivos
inconfessos e manifestações rancorosas.
Tirante
esclarecimentos científicos e declarações honestas acerca do desastre
amazônico, preponderou, entretanto e massivamente, “a queimada e o
desmatamento” da verdade, da ciência, da
ética, do respeito e da diplomacia!
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