Reportagem completa do Estadão de hoje (site do Estadão)


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Fausto Macedo
Repórter

Querido amigo
Leia carta de Lula, enviada em maio de 2012 ao presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang; 'é muito gratificante quando vejo as empresas brasileiras atuando em sintonia com os mais altos objetivos dos países do continente africano, apoiando seu desenvolvimento e se associando a empresários locais para que nasçam novos empregos nas economias locais

A denúncia da Operação Lava Jato São Paulo contra o ex-presidente Lula revela uma carta enviada pelo petista ao presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, em maio de 2012. O documento é uma das provas do Ministério Público Federal contra o petista, acusado por lavagem de dinheiro, e contra o empresário Rodolfo Gianetti Geo, do Grupo ARG, suspeito de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

A acusação, subscrita por onze procuradores da República, afirma que ‘usufruindo de seu prestígio internacional, Lula influiu em decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que resultaram na ampliação dos negócios do grupo brasileiro ARG no país africano’. Segundo a Procuradoria da República, em troca, o ex-presidente recebeu R$ 1 milhão dissimulados na forma de uma doação da empresa ao Instituto Lula.

CARO PRESIDENTE OBIANG 
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A carta de Lula é datada de 21 de maio de 2012. No documento Obiang, o petista mencionava um telefonema entre ambos e afirmaram acreditar que Guiné Equatorial poderia ingressar, futuramente, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A carta foi entregue em mãos ao presidente do país africano por Rodolfo Gianetti Geo.

“Caro presidente Obiang,

Querido amigo,

Quero, em primeiro lugar, agradecer pela atenção que o senhor, mais uma vez, me dispensou em sua carta e no telefonema. Minha recuperação progride a passos largos e espero que esta resposta o encontre com a mesma alegria de que gozo agora. É uma grande satisfação conversar novamente sobre as relações entre nossos dois países, Guiné Equatorial e Brasil. Estou otimista quanto às perspectivas da próxima Cúpula de Ministros da CPLP. Acredito que a Guiné Equatorial passará a integrar essa Comunidade, para maior aproximação e apoio mútuo entre os países de língua portuguesa. Além disso, é muito gratificante quando vejo as empresas brasileiras atuando em sintonia com os mais altos objetivos dos países do continente africano, apoiando seu desenvolvimento e se associando a empresários locais para que nasçam novos empregos nas economias locais. Finalmente, envio esta carta através do amigo Rodolfo Geo, que gentilmente se fez portador. Rodolfo dirige a ARG, empresas que já desde 2007 se familiarizou com a Guiné Equatorial, destacando-se na construção de estradas. Espero ter a oportunidade de reencontrá-lo em breve e também de receber aqui uma delegação do seu governo. Por enquanto, receba meus cumprimentos.

Um abraço,

Luiz Inácio Lula da Silva”

Entenda a nova denúncia contra Lula
A reportagem está tentando contato com todos os citados. O espaço está aberto para manifestação.

Para o Ministério Público Federal, o pagamento de R$ 1 milhão ao Instituto Lula não se trata de doação, mas de vantagem ao petista em virtude de o ex-presidente do Brasil ter influenciado o presidente de outro país no exercício de sua função. Como a doação feita pela ARG seria um pagamento, o registro do valor como uma doação é ideologicamente falso e trata-se apenas de uma dissimulação da origem do dinheiro ilícito, e, portanto, configura crime de lavagem de dinheiro.

Esta é a primeira denúncia da Lava Jato São Paulo contra o ex-presidente. A acusação é subscrita por 11 procuradores da República.

No Paraná, base e origem da operação, a força-tarefa da Procuradoria já levou o petista três vezes para o banco dos réus – em um processo, Lula já foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso triplex do Guarujá.

Os fatos da nova acusação formal teriam ocorrido entre setembro de 2011 e junho de 2012, quando o petista já não era presidente. Como Lula já tem mais de 70 anos, o crime de tráfico de influência prescreveu para ele, mas não para o empresário.

A Lava Jato afirma que a transação que teria levado ao pagamento de R$ 1 milhão destinado ao Instituto Lula começou entre setembro e outubro de 2011. A Procuradoria relata que Rodolfo Giannetti Geo procurou Lula e solicitou ao ex-presidente que interviesse junto ao mandatário da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, para que o governo daquele país continuasse realizando operações comerciais com o Grupo ARG, especialmente na construção de rodovias.

“As provas do crime denunciado pelo Ministério Público Federal foram encontradas nos e-mails do Instituto Lula, apreendidos em busca e apreensão realizada no Instituto Lula em março de 2016 na Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava Jato de Curitiba”, informou a Lava Jato.

Na análise dos dados apreendidos no Instituto Lula, segundo a Lava Jato, foi localizado registro da transferência bancária de R$ 1 milhão pela ARG à instituição em 18 de junho de 2016. Recibo emitido pela entidade na mesma data e também apreendido na Operação registrou a ‘doação’ do valor.

O caso envolvendo o Instituto Lula foi remetido à Justiça Federal de São Paulo por ordem do então titular da Operação Lava Jato, Sergio Moro. O inquérito tramita na 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, que analisará a denúncia do Ministério Público Federal.

COM A PALAVRA, LULA

A denúncia oferecida hoje (26/11/2018) pelos Procuradores da autointitulada “Lava Jato de São Paulo” contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mais um duro golpe no Estado de Direito porque subverte a lei e os fatos para fabricar uma acusação e dar continuidade a uma perseguição política sem precedentes pela via judicial. É mais um capítulo do “lawfare” que vem sendo imposto a Lula desde 2016

A denúncia pretendeu, de forma absurda e injurídica, transformar uma doação recebida de uma empresa privada pelo Instituto Lula, devidamente contabilizada e declarada às autoridades, em tráfico internacional de influência (CP, art. 337-C) e lavagem de dinheiro (Lei n. 9.613/98, art 1º. VIII).

A acusação foi construída com base na retórica, sem apoio em qualquer conduta específica praticada pelo ex-Presidente Lula, que sequer teve a oportunidade de prestar qualquer esclarecimento sobre a versão da denúncia antes do espetáculo que mais uma vez acompanha uma iniciativa do Ministério Público – aniquilando as garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal.

Lula foi privado de sua liberdade contra texto expresso da Constituição Federal porque não existe em relação a ele qualquer condenação definitiva; tampouco existe um processo justo. Lula teve, ainda, todos os seus bens bloqueados pela Justiça; busca-se com isso legitimar acusações absurdas pela ausência de meios efetivos de defesa pelo ex-presidente.

Espera-se que a Justiça Federal de São Paulo rejeite a denúncia diante da manifesta ausência de justa causa para a abertura de uma nova ação penal frívola contra Lula.

Cristiano Zanin Martins

Passo Fundo na rota de um esquema bilionário de roubo na exportação de insumos e máquinas agrícolas para a Venezuela


Procuradores da República do RS receberam doTribunal Federal da Suíça extratos de contas e documentos de operações que podem ser o elo entre as propinas pagas por empresas brasileiras para a estatal venezuelana PDVSA e a alta cúpula corrupta Chavista.

Isto é o que informa o site Imprensa Livre, que publica extensa reportagem sobre o caso.

Leia tudo:

A decisão de enviar os documentos para procuradores da República do RS, responsáveis por iniciar as investigações, foi tomada dia 24 de outubro e tornada pública recentemente.
Na orgiem do esquema criminoso estava a PDVSA Agrícola, braço gigante do setor de petróleo que expandiu sua atuação para outros setores da economia durante a presidência do corruptoHugo Chaves. Foi revelado que dirigentes corruptos chavistas usaram um esquema no Brasil para desviar mais de R$ 80 milhões e parte desses recursos acabaram em contas secretas na Suíça.
O esquema criminoso envolvia a exportação de insumos e máquinas agrícolas superfaturados para a Venezuela. A diferença de valores foi parar no bolso de diretores de estatais venezuelanas e alimentou pelos menos quatro empresas offshore. A suspeita, porém, é de que a operação no setor agrícola seja apenas uma pequena parcela de um esquema mais amplo de corrupção daPSDVSA no Brasil, inclusive com construtoras nacionais.
Um dos envolvidos nesse esquema entre as empresas brasileiras e a PDVSA é o operador Osvaldo Basteri Rodrigues. Seria ele também quem cobraria as propinas que, em seguida, eram distribuídas à chefia da estatal. Os detalhes de suas contas na Suíça estarão à disposição dos procuradores gaúchos, que poderão examinar quem pagou e para onde foi o dinheiro da propina.
Investigadores do escândalo confirmaram que a Odebrecht  (sempre ela) foi uma das empresas citadas como tendo sido procurado pelo operador Rodrigues.
O processo começou em 2004, quando a Receita Federal suspeitou de um rápido crescimento de uma empresa de Passo Fundo (RS). Entre 2010 e 2011, a receita da América Trading aumentou deR$ 13 milhões (número do PT) para R$ 251 milhões com “exportação” de produtos agrícolas para a ditadura da Venezuela.
Segundo a PF, a América Trading havia conseguido um contrato para fornecer insumos agrícolas para a estatal venezuelana no valor de US$ 320 milhões (mais de 1 bilhão de reais). Cabia à empresa brasileira comprar máquinas no mercado doméstico, exportar para a Venezuela. Em Caracas, quem recebia a mercadoria e a repassava para a estatal bolivariana era a Tracto América.
As robustas investigações revelaram que o dono da América Trading era sócio oculto da Tracto América, em Caracas. Com detalhes de pagamentos,  a cooperação entre Brasil e Suiça começou em setembro de 2017, quando a Procuradoria da República do Rio Grande do Sul pediu ajuda aos suíços.
O endereço da América Trading Ltda., em Passo Fundo: Rua Teixeira Soares, nº 1075 – Sala 901 – Condomínio Tamandaré – Centro – Passo Fundo-RS.
O Operador Osvaldo Basteri Rodrigues consta como sócio, dono  ou administrador de duas empresas: Intersugar Consultoria Ltda –  CNPJ: 07.844.621/0001-29 – Av. das Nações Unidas, nº 14.401 – 27º andar – Sala 2715 – Vila Gertrudes – São Paulo/SP – Capital Social: 1.000,00
Intersugar Importação e Exportação Ltda – CNPJ: 19.701.736/0001-15 – Av. das Nações Unidas, nº 14.401 – 27º andar – Sala 2715 – Vila Gertrudes – São Paulo/SP – Capital Social: 750.000,00