Unidas, mais de 15 entidades empresariais participaram da reunião extraordinária na FEDERASUL para debater os impactos da retirada dos incentivos fiscais
A reunião extraordinária, que durou duas horas, ouviu os representantes de todos os setores e celebrou a conjunção de ideias. Em tom unânime, presidentes e representantes se posicionaram contra os decretos do governo estadual garantiram que a retirada dos quatro decretos é mais que necessária para permitir que as famílias gaúchas sirvam suas refeições, já que incidirão sobre a cesta básica.
O presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, abriu a reunião expondo a enfática posição da entidade contra os decretos, os quais considera “uma violência contra a sociedade”. O presidente argumentou que a retirada dos incentivos prejudica a competitividade das empresas gaúchas, além de afetar diretamente na mesa da população. “O limite da narrativa é a coerência”, afirmou. Segundo o presidente da FEDERASUL, o governo valoriza um superávit das contas públicas, mas propõe medidas que aumentam impostos.
A presidente do Conselho da Mulher Empreendedora da FEDERASUL, Simone Leite, lembrou a importância de transmitir essas informações à opinião pública. “Precisa ser dito que o governador se elegeu dizendo que não aumentaria impostos. Ele já sabia das contas públicas”.
No encerramento, o presidente da FEDERASUL, utilizou uma metáfora para explicar a situação da classe produtiva que ele comparou com um elefante que não conhece sua força. Com a edição dos decretos, o elefante percebeu seu poder.
União de todos os gaúchos
O presidente da FEDERASUL lembrou que o efeito dos decretos “é tão cruel” que está causando a união de todos os setores, tanto dos patronais quanto dos funcionários, da esquerda à direita. Ele defendeu também a conjunção de ideias dos representantes das entidades nesta pauta, em um “alinhamento estratégico para que o governo enxergue um bloco coeso, unido, de toda a sociedade gaúcha”.
Em total sintonia, o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, defendeu “um confronto de entendimento (com o governo do Estado) para o bem do RS”. Ele lembrou do efeito do aumento de impostos diretamente nos alimentos “coisas que nunca antes foram tributadas” e concluiu dizendo que “a Assembleia Legislativa tem que se sentir empoderada para, ao menos, fustigar essa proposta no Legislativo”, defendeu Bohn.
O representante da Federação das Indústrias do RS (FIERGS), Marco Oderich, lembrou que a união das entidades tem força para garantir a competitividade. “A gente anda pelo interior, fala com os sindicatos e a sensação de todos é de desânimo”, explicou. Ele foi taxativo: “estão destruindo a indústria gaúcha, estão mandando as indústrias para fora do RS”.
Confira falas de outros líderes de entidades presentes na reunião:
“A base de cálculo da queda de arrecadação que o governo fez considera anos atípicos no RS, de seca (2021 e 2022) e a pandemia (2020 e 2021)”
–Fábio Avancini Rodrigues, vice-presidente da Farsul
“O prejuízo dos decretos em áreas da produção como ovos, figo, uva entre outros, tende a acontecer”
–Vilson Noer, presidente da AGV
“51% do varejo e serviços é informal. Aquele proprietário de uma vendinha vai se tornar informal. O caminho que o governo está apontando aqui é o da informalidade”
– Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do RS
“Estou muito convicto de que temos que abraçar essa causa com muito fervor e não permitir que esses decretos entrem em vigor lá em abril”
– Írio Piva, presidente da CDL de Porto Alegre
“O governo quer aumentar alimentos (como até 25%) em hortifrutis, enquanto o trabalhador teve 7% de aumento. ”
–Flavio Ribeiro, presidente do SESCON-RS
“Todos aqui temos que defender o consumidor final. Os decretos podem afetar até a segurança alimentar”
–Antônio Cesa Longo, presidente da AGAS
“Estaremos juntos até o último minuto. O governador prometeu na eleição que não aumentaria impostos. Nós vamos cobrar isso”
–Arcione Piva, presidente do Sindilojas - Porto Alegre
Próximo passo
As entidades, de forma unânime, marcaram para o próximo dia 21, no Palácio do Comércio, um fórum técnico sobre os decretos estaduais e soluções possíveis para arrecadação. Para isso, além das entidades setoriais, serão convidadas, todas as secretarias envolvidas bem como as frentes parlamentares.