O festejado jornalista Ricardo Noblat apresentou, na
versão impressa de O Globo e em seu blog, uma análise sobre o comportamento de
Dilma nos seus cinco anos e quatro meses de poder. O relato vem recheado por
detalhes de situações pitorescas, humilhantes. Os dois mais notórios são o de
uma ex-ministra que fez pipi na roupa e o da camareira que enfrentou a
presidente em uma “guerra de cabides”. Eis o resumo:
1. GULA - Dilma emagreceu 20 quilos no período de pouco
mais de um ano e emagreceu também o país ao fazê-lo mergulhar na pior recessão
de sua história desde os anos 30 do século passado. Nem por isso ela deixou de
atentar contra o pecado da gula.
Presidente algum, nem mesmo os da ditadura de 1964, se
empenhou tanto em concentrar o poder como Dilma o fez. Seu apetite era
insaciável. Confiou em poucos auxiliares. E mesmo desses costumava duvidar
quando lhe diziam o que não queria ouvir.
Foi uma gerente à moda antiga e, como tal, ineficiente.
Na organização de esquerda na qual militou nos anos 70, ganhou fama como
tarefeira. Fazia o que lhe mandavam. E só se distinguiu por isso.
2. AVAREZA - O dicionário capenga de Dilma não tem o
vocábulo ´elogio´. O que move pessoas, levando-as a superar limitações, é o
reconhecimento. Sem ele não se consegue desempenho acima da média.
A maioria dos ministros escolhidos por Dilma destacou-se
por sua mediocridade ou falta de iniciativa. Mesmo os melhores acabaram se
igualando aos demais por falta de incentivo. Fernando Haddad, atual prefeito de
São Paulo, largou o Ministério da Educação. Nelson Jobim deixou o Ministério da
Defesa, para não ter que brigar com Dilma.
“Não, você não entende de nada disso”, gritava ela, se a
opinião de um ministro ou assessor a contrariasse. Certa vez, de tão assustada
com o que Dilma lhe disse, uma ministra da área social fez pipi na calça, em
plena reunião ministerial.
3. LUXÚRIA - O desejo egoísta por todo o prazer corporal
e material está longe de marcar o desempenho de Dilma como presidente. Mas a
vontade de sentir-se superior em relação aos semelhantes é também uma forma de
luxúria. Humilhou Geddel Vieira Lima, então ministro da Integração Nacional,
num encontro dos dois com Lula.
Desde que eleita, exigiu ser tratada como “presidenta” e,
para tanto, até sancionou uma lei (nº 12.605/12), que só faltou ter a
fotografia dela, ao determinar o emprego obrigatório da flexão de gênero para
nomear profissão ou grau em diplomas.
Expulsou um general do elevador privativo do Palácio do
Planalto. Fez chorar José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras. E deixou
em pânico o jardineiro do Alvorada ao culpá-lo pela bicada de uma ema no
cachorro que ela ganhara de presente de José Dirceu.
4. IRA - Um dos ministros do governo inicial de Dilma
anotou os frequentes surtos presidenciais. Quando ele já colecionava 16
episódios em dois anos, desistiu, porque a ira já havia se banalizado. Dentre
eles, o que ficou conhecido como “A guerra dos cabides”.
Irritada com a arrumação do seu guarda-roupa no Alvorada,
a presidente começou a jogar cabides em Jane, a camareira. Esta reagiu jogando
os objetos de volta. A servidora acabou demitida, mas depois foi presenteada
com outro emprego, em troca do seu silêncio.
5. INVEJA - A inveja de Lula responde por uma série de
atritos que Dilma teve com ele, prejudicando seus governos. Logo de saída,
tentou mostrar que não seria tolerante como Lula fora com os suspeitos de
corrupção. Considerava-se a “faxineira ética”, capaz de demitir sete ministros
em menos de um ano. Nos anos seguintes, aconselhada por Lula, ela readmitiu
alguns e empregou representantes dos outros para garantir apoio à sua
reeleição. Descumpriu um pacto, não escrito, assumido com Lula que permitiria o
retorno dele à presidência em 2014.
6. PREGUIÇA – Não fugia de longos expedientes e de
meter-se em tudo, inclusive no que não deveria. A preguiça de Dilma foi a de
não ouvir, não conversar, não trocar ideias e não gostar de conviver com
pessoas. Dilma é uma mulher solitária; amava o pai; não se dá bem com a mãe.
Quando a Câmara aprovou o impeachment, o ministro Jaques
Wagner sugeriu a Dilma que ela telefonasse para cada um dos 137 deputados que
haviam votado a favor dela, a quem entregou a lista dos 137 com pelo menos dois
ou três números de telefone de cada um. Destacou quatro telefonistas para as
ligações. Dilma não quis. Entrementes, Temer telefonou para todos os 367
deputados que votaram a favor do impeachment. Muitas razões explicam a queda de
Dilma, mas talvez a principal seja o fato de ela não gostar de ninguém e de
ninguém gostar dela.
7. SOBERBA - Desprezou os políticos em geral, e a maioria
deles em particular. Evitou aproximar-se deles e recebê-los. Tratou-os como
cargas que era obrigada a carregar. Um exemplo: há mais de três anos o
ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pede, sem sucesso, para ser recebido por
ela. Diante do risco de a Lava-Jato bater à sua porta antes da reeleição, Dilma
divulgou uma nota que afastava qualquer culpa dela, mas que deixava Lula
exposto à suspeita de que a roubalheira na Petrobras fora obra dele, sim.
Pode ter sido. Mas pode ter sido de Dilma
também. Por mais que a soberba a impeça de reconhecer, ela e Lula estarão
ligados para sempre pela história do país.