Após o fiasco no sábado, 21/10/23, quarta partida sem vitória com apenas um ponto em 12 disputados, o vestiário do Grêmio tremeu: Luis Suárez fez "cobranças". Em que termos, não sei. A fonte da notícia é Pedro Ernesto Denardin, talentoso narrador que já foi repórter e poderia ensinar aos afoitos moços da imprensa a distinguir notícia de intriga.
O palco era o Morumbi. O Grêmio enfrentava o São Paulo na mais troncha desorganização. Aí, Suárez cobrou uma falta, alçando a bola na área. Mas não era ele quem deveria estar na área e receber o lançamento para tentar o gol? De propósito ou não, fez bem ele em desnudar a baderna. Foi o que pensei na hora. Também previ que os "afoitos" não iam dar tratamento jornalístico ao inusitado da cena. E é óbvio que não deram!
Mas o que é que o Grêmio treina, carambolas? Nem cobrança de falta? Ah, não sobra tempo... É mesmo... Eu tinha esquecido.
Aí o pavor pegou. O próximo adversário era o Flamengo, melhor elenco do Brasil e, para piorar, em ascensão. Ah, mais o vice de futebol, Antonio Brum, deu esperança: assegurou que jogadores e dirigentes fizeram "um pacto". E o Grêmio venceu o Flamengo na Arena. Ele não disse? O pacto funcionou... Agora vai!
O Grêmio perde e não sabe por que perde. Ganha e não sabe por que ganha. É uma instituição que, com uma folha de R$ 12 milhões, tem diretores e comissão técnica com mentalidade de clube de bairro. Faz "pacto", em vez de discutir a qualidade do treino. Se perde é por falta de intensidade, se ganha é por esperteza do técnico. O que fará no próximo jogo, quando não terá a torcida para empurrar o time?
Nada há de novo. Preciso repetir que os clubes se parecem com empresas estatais? Quem manda na coisa não sofre as consequências dos seus erros, o que é um sinal verde para a irracionalidade. Deixa pra lá.
Dá pena ver um profissional com a estatura de Suárez perdido na várzea que virou o vestiário do Grêmio. Por ser quem mais combinou excelência técnica com profissionalismo numa carreira internacional exuberante, Suárez é simplesmente o jogador de maior envergadura que já vestiu a vitoriosa camisa do "Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense".
Mas o clube, lamentavelmente, jogou no lixo a oportunidade de aproveitar o seu talento. Suárez não terá seu nome ligado a nenhum grande feito do Grêmio. Será só um verbete na história de um clube que murchou ao ser gerido com critérios de simpatia e favoritismo, nada racional. Enfatizo, não é por ele que a história termina tão sombria, mas porque a direção, depois de uma arrancada espetacular, resolveu engatar a ré.
Será que o Grêmio, se, em vez do amadorismo improvisado, contasse com um profissional dirigindo a equipe, teria perdido para os lanternas? Seria ultrapassado por equipes de menor potencial? Será que ficaria, como tende a ficar, fora da Libertadores de 2024?
Acabem com a balela de que a temporada já é um sucesso para um time que veio da segundona e que se manteve no G4 por 17 rodadas etc. Futebol se joga no campo, não no Foro Central! Com atletas, não com advogados: argumentos não ganham título. Já basta de fanfarronice!
O erro cometido pela direção tornou-se irremediável por já não haver mais tempo para mudanças. O que resta é planejar 2024 e fazer diferente.