Após a morte de quatro policiais, é
frustrante saber que alguns deles poderiam estar vivos,
protegidos por equipamentos adequados
- O autor é advogado, RS.
Milhões de reais que poderiam ser destinados à segurança,
não foram, porque os burocratas ainda discutem sobre a regulamentação da
leiDivulgação Pixabay
A cidade de Porto Alegre, há muito pouco tempo,
aparecia como uma das mais violentas do Brasil. Tínhamos medo de sair às ruas à
noite e durante o dia não encontrávamos viaturas. Vergonhosamente, nem sequer
carros os policiais tinham para fazer as rondas ou eventuais perseguições. Os
bandidos, de outro lado, estavam cada vez mais equipados e ousados. Como um
basta, a sociedade civil se organizou, através de alguns jovens que resolveram
arregaçar as mangas, pedir apoio dos empresários, parar de reclamar do Estado e
fazer a diferença.
Com a fundação do Instituto Cultural Floresta e a doação
de equipamentos de alto nível para as polícias, os agentes, heróis urbanos,
conseguiram melhorar os índices de segurança da nossa cidade. Foi uma
ação pontual que mostrou resultados, não tendo a intenção de resolver todo o
problema da insegurança, mas com a ideia de mostrar à sociedade que é possível
haver colaboração entre o público e o privado, com um objetivo comum.
Nesta linha, o trabalho culminou com a aprovação da lei
que permite às empresas destinar cinco por cento do Imposto de Circulação de
Mercadorias (ICMS) à segurança. Com isto, provavelmente, resolveríamos os
problemas de forma mais efetiva e duradoura. Todos comemoraram! Finalmente,
tínhamos um novo projeto que faria a diferença. Resultados claros e uma
perspectiva de um futuro mais seguro para os cidadãos e para o desenvolvimento
econômico do Estado. Mas, como um balde de água fria, não contávamos com a
lentidão e ineficiência do ente público.
Após a morte de quatro policiais, é frustrante saber que
alguns deles poderiam estar vivos, protegidos por equipamentos adequados.
Triste, muito triste, mas ainda não é possível aplicar a nova legislação.
Milhões de reais que poderiam ser destinados à segurança não foram porque os
burocratas ainda discutem sobre a regulamentação da lei. O governo gaúcho ainda
não conseguiu achar uma saída para isto e drasticamente caminhamos para uma
cidade ainda mais violenta. Trata-se de um empurra-empurra de responsabilidades
que mostra o quanto estamos atrasados intelectualmente.
Somos pioneiros na aprovação da lei e retrógrados na sua
implementação. Que vergonha! Até quando? A solução tem que ser breve, caso
contrário, muitas outros inocentes morrerão.