A Ordem dos Advogados do Brasil apontou nesta
sexta-feira, um 'quadro de degradação moral e institucional' no País.
Em nota subscrita pelo presidente do Conselho Federal
Claudio Lamachia, a principal entidade da Advocacia alerta que 'a sucessão de
escândalos há três anos incorporou-se dramaticamente à rotina do país'.
OAB condena a "inoperância dos órgãos de controle do
Estado"
Nesta sexta-feira, a Polícia
Federal prendeu novamente o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governos
Lula e Temer), atribuindo a ele a propriedade da fortuna de R$ 51 milhões encontrados
em um apartamento no bairro da Graça, em Salvador.
"Trata-se de um escândalo dentro do escândalo",
diz Lamachia
"O cidadão-contribuinte, que paga a conta de tais
desmandos, não entende como quantias estratosféricas circularam no sistema
bancário, com frequência e desenvoltura, sem que os órgãos incumbidos de
monitorá-las tenham cumprindo esse dever elementar", ressalta o presidente
da Ordem.
Na avaliação de Lamachia, se os órgãos de fiscalização
tivessem cumprido sua missão 'tais aberrações não teriam assumido as proporções
a que assistimos, levando o país à maior crise política, econômica e moral de
sua história'.
"Os mecanismos de controle existem e o correntista
comum a eles se submete, enfrentando muitas vezes excessivo rigor burocrático.
O mesmo, porém, não ocorreu em relação aos criminosos de colarinho branco,
como tem testemunhado a população brasileira, no curso das investigações da
Lava Jato e tantas outras."
OAB questiona
"Como se explica o trânsito de malas e malas com
dinheiro vivo, na escala dos milhões, como as encontradas no apartamento do
ex-ministro Geddel Vieira Lima?" "Sabe-se que o saque bancário, além
de determinado limite, exige esclarecimentos, que os titulares daquelas
fortunas não prestaram. O país exige essa explicação." OAB aponta, ainda,
para as revelações do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil) que, na
última quarta-feira, interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro entregou os
ex-presidentes Lula e Dilma como envolvidos em um 'pacto de sangue' com a
empreiteira Odebrecht.
OAB também cita os áudios de Joesley Batista, delator da
JBS
"O depoimento do ex-ministro Antônio
Palocci e os inacreditáveis áudios de Joesley Batista, da J&F, revelam que
contaram com a cumplicidade de operadores no âmbito do Estado e do sistema
financeiro", afirma Lamachia.
"E não apenas: segundo a Procuradoria-Geral da
República, sob o comando da própria Presidência da República. Nada menos que
três ex-presidentes estão denunciados ao Supremo Tribunal Federal, por,
entre outros delitos, corrupção passiva e formação de quadrilha. Jamais se viu
nada igual!" A nota da Ordem cobra respostas. "Sem que tudo isso se esclareça,
e com urgência máxima, o manto da suspeição continuará a cobrir o conjunto das
instituições do Estado, o que é trágico para a democracia brasileira."