José Nêumanne, Estadão - Cadê a bomba, Glenn?

José Nêumanne, Estadão - Cadê a bomba, Glenn?


Interpretação dada na Band News sobre eventuais mensagens trocadas entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato não contêm ilegalidades pretendidas na atuação do então juiz da operação e atual ministro da Justiça, Moro

Divulgação de mensagens, que não se sabe se são autênticas, contendo observações (e não mais do que isso) sobre a participação da procuradora federal Laura Tessler num processo da Lava Jato, foi reproduzida por Reinaldo Azevedo na rádio FM Band News. Mas não teve o impacto com que contavam a defesa de Lula e os inimigos da Lava Jato diante dos fatos de as revelações não terem sido até agora atestadas como verídicas e por não haver correspondência da versão com o fato. O site O Antagonista definiu a tentativa como “pastel de vento” requentado e Glenn Geenwald ainda está por apresentar a bomba com que pretende demolir a reputação de Moro.
https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-21062019-direto-ao-assunto
Assuntos para o comentário da sexta-feira 21 de junho de 2019-06-20
1 – A divulgação pelo blogueiro Glenn Greenwald de que Conselho do Ministério Público criticou a procuradora do processo de Lula por críticas do ministro da Justiça, Sergio Moro, feitas pelo aplicativo telefônico russo Telegram
2  O que você acha que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, podem fazer a respeito do prejuízo dos bancos públicos no caso da recuperação judicial da empreiteira Odebrecht
3 – Você acha que o presidente Jair Bolsonaro agiu corretamente ou cometeu um erro ao demitir o general Juarez Cunha da presidência dos Correios e nomear o general Floriano Peixoto para o lugar, provocando a segunda troca em menos de seis meses na Secretaria de Governo
4 – Segundo manchete do Estadão de hoje, “Bolsonaro contraria discurso de campanha e admite reeleição”. Isso muda alguma coisa de essencial na democracia brasileira hoje?
5 – Que avaliação você faz da participação do senador Renan Calheiros no interrogatório do ex-juiz Sérgio Moron na CCJ do Senado
6 – Quem teve razão no debate entre o ministro da Justiça e o senador Jaques Wagner, que cobrou um paralelo entre o hacker que invadiu celulares de autoridades que atuam no combate à corrupção e a queda do sigilo telefônico do presidente Lula em chamada à ex-presidente Dilma
7 – Por que, na sua opinião, o ministro da Justiça repreendeu o senador petista Rogério Carvalho, que criticou uma eventual troca de mensagens entre Moro e a oitava turma do Tribunal Federal Regional da 4.ª Região que teria influído na condenação de Lula em segunda instância.


Famílias da Nazaré recebem casas


As primeiras famílias da Vila Nazaré foram reassentadas nesta sexta-feira-21, no Loteamento Senhor do Bom Fim, no bairro Sarandi. Agentes comunitários do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) acompanharam o processo, que transcorreu com tranquilidade. A prefeitura cedeu o terreno e firmou convênio com a Caixa Econômica Federal para a construção das moradias por meio do programa Minha Casa Minha Vida.  A assinatura dos contratos com 112 famílias foi  realizado na quarta-feira, 19, e na próxima semana, mais 16 famílias assinam os contratos, totalizando 128, da primeira etapa de mudanças. Assim, será possível a continuidade das obras de ampliação da pista do Aeroporto Salgado Filho. 
 “Este é um dia especial para essas pessoas e gratificante para nós que trabalhamos na política habitacional de Porto Alegre. As famílias agora vão morar com dignidade e realizar o sonho da casa própria. Chegar a este momento é o que nos motiva a trabalhar com todas essas comunidades e vê-las começar uma nova história de vida”, frisa o superintendente de Ação Social e Habitação do Demhab, Emerson Côrrea.
Nas primeiras horas da manhã, os caminhões chegaram para carregar os móveis e objetos. As famílias serão reassentadas em casas e apartamentos com dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro, área de serviços e aquecimento com energia solar. A primeira a estar com tudo pronto foi Vera Regina Monteiro. “Um sonho realizado. Agora vou poder até andar de ônibus e passear. Aqui eu não tinha como sair”, explica ela que é cadeirante.
As primeiras quatro mudanças serão de pessoas com deficiência ou dificuldades de locomoção. As demais famílias seguem o cronograma montado pelo  Departamento Municipal de Habitação (Demhab). Assim que as antigas casas ficam vazias são demolidas para evitar futuras invasões. João Alberto Reck de Souza foi o segundo morador a estar pronto. “Até o inicio da tarde queremos estar na casa nova. Isso é muito bom. A gente precisava sair daqui”, afirma.
A chegada no Loteamento Senhor do Bom Fim, no bairro Sarandi, não foi menos emocionante. Vera, a primeira a chegar, era só felicidade. “Que alegria! Finalmente na minha casa. Agora vou comprar um armário novo, quero ver minhas coisas todas arrumadinhas, tudo organizado”, comemora.  A Fraport concedeu voucher-compras no valor de R$ 2 mil para as famílias adquirirem  móveis  ou utensílios para as novas moradias.
Os moradores receberão também uma cartilha criada pela Fraport, Caixa Federal e Demhab com  informações básicas para as famílias que serão reassentadas. A peça inclui a planta das casas e apartamentos, dicas de cuidado com a nova unidade, telefones úteis da região, tarifas sociais e de descarte sustentável de lixo. 
Histórico - Em abril foram realizados os sorteios das casas para as pessoas com deficiência e dificuldades de locomoção e apartamentos para os demais das 128 famílias que farão a mudança ainda no mês de junho. A prefeitura oferece dois empreendimentos e a transferência será  em duas etapas. A primeira com 128 famílias transferidas para o condomínio Senhor do Bom Fim. A segunda etapa, até o final do ano, disponibiliza unidades para mais 236 famílias no Senhor do Bom Fim e 936 no condomínio Irmãos Maristas, que está em fase final de construção. A prefeitura trabalha para assegurar que, nos dois empreendimentos, as famílias tenham acesso à creche, escola e posto de saúde. Ambos os empreendimentos também terão unidades comerciais, para aqueles que já possuírem estabelecimentos na Vila Nazaré.


Nota do Ministério Público Federal


“A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR) vem a público repudiar notícia falsa sobre troca de procuradores em audiência do caso Triplex por meio de publicação rasa, equivocada e sem checagem dos fatos pelo blogueiro Reinaldo Azevedo.

Conforme é público, a procuradora da República Laura Tessler participou, na manhã de 13/03/2017, de audiência em ação penal em que acusado o ex-ministro Antônio Palocci (autos nº 5054932-88.2016.404.7000). Além de seguir realizando a audiência na tarde do mesmo dia, a procuradora participou de todas as subsequentes do caso, nos dias 14/03/2017, 15/03/2017, 21/03/2017, e 22/03/2017.

Como sempre, sua atuação firme, técnica e dedicada contribuiu decisivamente para a condenação, somente nesse caso, de 13 réus acusados de corrupção e lavagem de dinheiro a mais de 90 anos de prisão, incluindo o ex-ministro Antônio Palocci. Integrante da Lava Jato no MPF desde 2015, a procuradora Laura Tessler seguiu e segue responsável por diversas investigações e ações criminais, realizando todos os atos processuais necessários, incluindo audiências, contando com toda a confiança da força-tarefa na sua condução altamente profissional, cuidadosa e obstinada no combate à corrupção.

Ou seja, não houve qualquer alteração na sistemática de acompanhamento de ações penais por parte de membros da força-tarefa. Assim, os procuradores e procuradoras responsáveis pelo desenvolvimento de cada caso acompanharam as principais audiências até o interrogatório, não se cogitando em nenhum momento de substituição de membros, até porque todos vêm desenvolvendo seus trabalhos com profissionalismo, competência e seriedade.

Também como é público, os procuradores da República Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, que participaram em 11/05/2017 do interrogatório de Lula na ação penal sobre o triplex no Guarujá (autos nº 5046512-94.2016.404.7000), foram os mesmos que estiveram presentes nas principais medidas investigatórias do caso em 04/03/2016 (como na oitiva do ex-presidente no aeroporto de Congonhas e na busca no Instituto Lula), na exposição pública do conteúdo da denúncia em 14/09/2016, e em 16 das 18 audiências judiciais do caso realizadas no ano de 2017.

Além de desrespeitosa, mentirosa e sem contexto, a publicação de Reinaldo Azevedo não realizou a devida apuração, que, por meio de simples consulta aos autos públicos acima mencionados, evitaria divulgar movimento fantasioso de troca de procuradores para ofender o trabalho e os integrantes da força-tarefa. Como o site “The Intercept Brasil”, de quem se diz parceiro, Reinaldo Azevedo, de modo tendencioso, tentou criar artificialmente uma realidade inexistente para dar suporte a teses que favoreçam condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.

Para suas absurdas conclusões, o blogueiro usou material cuja autenticidade não foi confirmada, reforçando o aparente intuito de criar notícias às custas de publicações que distorcem supostas conversas entre autoridades, atacando o Sistema de Justiça e as instituições da República, na mesma linha do que verificado nos ataques cibernéticos. A suposta versão, que não resiste a uma mínima análise crítica diante dos fatos públicos, indica que a fábrica de narrativas político-partidárias baseadas em supostos diálogos sem autenticidade e integridade comprovadas somente leva à perda de credibilidade de quem delas se utiliza sem a devida apuração.

Todas as informações sobre as ações penais referidas podem ser consultadas no site da Justiça Federal:

a) Ação penal sobre o triplex no Guarujá: autos nº 5046512-94.2016.404.7000 (Chave eletrônica: 162567218816);

b) Ação penal envolvendo o ex-ministro Antônio Palocci: autos nº 5054932-88.2016.404.7000 (Chave eletrônica: 111718380216).”

Snowden, asilado na Rússia, foi aliado de Greenwald na espionagem da CIA e NSA


As pistas da principal linha de investigação levam à Rússia. É onde reside o americano Edward Snowden, notório aliado do jornalista Glenn Greenwald, dono do site The Intercept Brasil. Em 2013, Snowden se aproximou dos irmãos bilionários Nikolai e Pavel Durov, que criaram o Telegram, um sistema de comunicação por mensagens similar ao Whatsapp. A PF suspeita que Snowden possa estar por trás do esquema de bisbilhotagem e divulgação das mensagens de membros do Ministério Público Federal. Recentemente, Snowden elogiou o Telegram por sua resiliência na Rússia, depois que o governo proibiu o aplicativo e pressionou para que liberasse o acesso às mensagens privadas dos usuários. Na PF, há quem acredite que o americano refugiado na Rússia possa ter se valido de recentes contatos com os Durov para ter acesso aos diálogos envolvendo as autoridades brasileiras.
Condinome: “lucky12345”
A partir da investigação sobre os passos de Snowden, informantes do Brasil na Rússia puxaram um outro fio do novelo: o que leva a Evgeniy Mikhailovich Bogachev, de 33 anos. Criador do vírus Cryptolocker e do ardiloso código Zeus, ele é procurado pelo FBI americano por crimes cibernéticos. Um rastreamento identificou que Slavic ou “lucky12345”, como é conhecido, teria recebido US$ 308 mil em bitcoins (a moeda virtual). Resta saber se o depósito foi realmente a contrapartida financeira por ele ter participado do processo de quebra do sigilo telefônico dos procuradores. O dinheiro teria circulado pelo Panamá antes de chegar a Anapa, na Rússia, onde foi transformado em rublos. Na última semana, o nome do agente russo veio à tona pela primeira vez através de um perfil anônimo no twitter. Embora parecesse inverossímil num primeiro momento, por conter erros de grafia e tradução, ISTOÉ confirmou que a PF segue sim o rastro da pista, considerada importante pelos agentes hoje à frente do caso. Em especial, pelos indícios de que Slavic, uma espécie de laranja no esquema, possa estar ligado a Snowden. Um relatório de segurança da Ucrânia aponta que “lucky12345” atua sob a supervisão de uma unidade da espionagem russa.
Mas por que os bilionários irmãos Nikolai e Pavel Durov, do Telegram, se aliariam a Snowden e Slavic na tentativa de desqualificar a principal operação de combate à corrupção da história recente do Brasil? Agentes da PF colheram informações que os levam a crer que os Durov, atualmente abrigados em Dubai, podem ter agido com motivações puramente ideológicas. Adeptos do islã, eles teriam ficado enfurecidos com a proverbial predileção do presidente Jair Bolsonaro por Israel em detrimento aos árabes. Em abril, depois de recebido com honras pelo premiê Benjamin Netanyahu, o presidente anunciou a criação de um escritório de negócios em Jerusalém “para a promoção de comércio, investimentos e intercâmbio” bilaterais. Netanyahu saudou a abertura de um gabinete brasileiro na cidade e pediu que aquele fosse o primeiro passo para a abertura da embaixada brasileira em Jerusalém – o que provocou a ira dos islâmicos e, consequentemente, dos Durov. Bolsonaro, ao alcançar o poder, foi o principal beneficiário da Lava Jato, conduzida por Moro. Desmoralizar o juiz e a Lava Jato significaria enfraquecer o bolsonarismo e trazer a esquerda lulista de volta ao jogo. Confirmada a tese, Greenwald teria sido a ponta final da operação comandada pelo trio Snowden, Slavic e Durov.
Não custa lembrar que Greenwald e Snowden foram parceiros num trabalho desenvolvido em 2013 e que expôs dados secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA), do governo dos EUA. O material interceptado por Snowden, também de forma ilegal, foi divulgado por Greenwald no jornal inglês The Guardian e em outros jornais pelo mundo afora, como O Globo, no Brasil. Graças aos documentos vazados, o jornalista ganhou os prêmios Pulitzer e Esso. Pressionado a divulgar detalhes de sua operação, Snowden acabou se asilando na Rússia, onde passou a ser protegido pelo presidente Vladimir Putin. Enquanto que Greenwald se refugiou no Brasil, casando-se com o brasileiro David Miranda, atual deputado federal pelo PSOL e acabou fixando residência no Rio de Janeiro, de onde opera o The Intercept Brasil. Atualmente, Snowden é presidente da Freedom of the Press Foundation. Um dos co-fundadores é Greenwald. Na última semana, a PF considerou realizar uma operação de busca e apreensão dos computadores do dono do The Intercept e conduzi-lo para prestar depoimento, mas fontes ligadas ao ministro entenderam que esse fato poderia transformar o jornalista em mártir e o governo ainda corria o risco de ser acusado de cercear a liberdade de imprensa.

Polícia Federal acha que Greenwald espiona junto com Telegram (Dubai) e Snowden (Rússia)

A Polícia Federal já está muito próxima do jornalista estrangeiro Glenn Greenwald, que vem usando material criminoso para denunciar autoridades da República.Para a PF, Nikolai e Pavel Durov, do Telegram, teriam se aliado a Snowden, Slavic e Greenwald por razões ideológicas

É o que conta o jornalista Germano Oliveira na Istoé de hoje.


A PF já sabe que o acesso ilegal ao aplicativo Telegram dos procuradores não foi realizado por amadores, conta a revista.

Algo é certo: a PF já sabe que o acesso ilegal ao aplicativo Telegram dos procuradores não foi realizado por amadores. “Não foi uma ação de um adolescente por trás de um computador. Tratou-se de um trabalho feito por uma organização criminosa altamente especializada”, endossou Moro em depoimento que prestou no Senado na quarta-feira 19. De fato, segundo fontes da PF, o trabalho de hackers na quebra de sigilo de celulares e computadores foi coisa de profissional. Além de envolver equipamentos caríssimos que alcançam a casa dos milhões de dólares, fogem completamente do padrão de hackers de menor poder destrutivo, conhecidos como “defacements”, que se notabilizaram por fazer as chamadas “pichações políticas” em sites e organizar malfadados ataques a transações bancárias. No dia 4, o suposto hacker tentou se passar pelo ministro da Justiça enviando uma mensagem a um funcionário do gabinete de Moro, depois de ativar uma conta no Telegram.

O DESIGNADO O delegado Maurício Valeixo, diretor-geral da PF, está à frente da operação destinada a encontrar os responsáveis pela violação das conversas (Crédito:Divulgação)
Sem descartar as pistas que surgem pelo caminho, na última semana, a PF adicionou uma organização criminosa que operava em Santa Catarina ao rol dos suspeitos. Na terça-feira 18, a PF desencadeou a operação “Chabu” (vulgo “deu errado”) em Florianópolis, com o cumprimento de sete mandados de prisão e 23 de busca e apreensão. O objetivo foi a desarticulação de uma quadrilha que vinha quebrando sigilos de autoridades no estado para o vazamento de operações policiais e ações de órgãos públicos. Para a PF, a quadrilha pode estar envolvida na operação de hackeamento dos celulares dos procuradores do Paraná.
Para a PF, Nikolai e Pavel Durov, do Telegram, teriam se aliado a Snowden, Slavic e Greenwald por razões ideológicas

Entre os presos, está o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron e o policial rodoviário federal Marcelo Roberto Paiva Winter, ambos especializados em crimes cibernéticos e tráfico de drogas. Foram presos ainda o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), e o ex-chefe da Casa Civil Luciano Veloso Lima. Todos eles utilizavam a estrutura da empresa Nexxera, de tecnologia, para cometer as ilegalidades. Segundo fontes ligadas ao diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, a análise dos documentos apreendidos será decisiva para apontar a existência do elo do grupo com os hackers da Lava Jato. Assim como a conexão Brasil-Rússia-Dubai, o elucidamento do caso parece estar próximo. Quem acompanha as investigações assegura: se os indícios encontrados até agora se confirmarem, a PF estará bem perto mudar o rumo do rumoroso episódio que monopolizou as atenções dos brasileiros nas últimas semanas.


Artigo, Mário Rosa, Poder360 - Volta o filme: como é que é? Grampos agora vêm do céu?


Sabe o que mais me surpreende em todas essas mensagens do Intercept? Não, não são conteúdos pra lá de reveladores. O que é de espantar é a ética pendular adotada por alguns jornalistas e órgãos de imprensa e arautos da moralidade diante do fato: sim, alguns se travestem de um súbito e implacável espírito legalista.

Acho espetacular! Só não é coerente. Pois em muitos outros casos do passado, a imprensa se lambuzou com conteúdos de origem cri-mi-no-sa e… fez isso corretamente! Pois o fez em nome do interesse público. Com isso não quero dizer que o ministro Sergio Moro não mereça toda a solidariedade e o respeito, sobretudo por tudo de bom que a Lava Jato fez pelo Brasil, especialmente no tocante ao quesito corajoso do combate à corrupção. Mas… por favor, colegas, arautos, a liberdade de expressão permite tudo, permite inclusive incoerências. Mas a História está aí. Desculpem.

Ora, alguém se esquece da “Tele Gangue”, o escândalo que abalou o segundo governo Fernando Henrique Cardoso? Eram só gravações clandestinas. Só e apenas isso. Feitas contra as maiores autoridades da República. E… toda a imprensa, todinha, se esbaldou nela sem dó nem piedade. Sem contar a compra de votos para a reeleição de FHC. Gravações de um tal de Senhor X. Eram provas do ponto de vista jurídico inquestionáveis? Talvez sim, talvez não. E o essencial: eram relevantes? Eram. E era o que importava.

E o Mensalão? Sim, ele mesmo. O primeiro abalo moral do petismo.  Mostrava uma filmagem de um funcionário de quinto escalão dos correios, Maurício Marinho, recebendo 5 mil reais. Gravação legal? Ora pois! Mas foi veiculada e se a internet existisse naquela época com a força de hoje poderíamos dizer que “viralizou”.

Agora mesmo, com Neymar: todo mundo se preocupou em dar uma olhadinha na legislação para saber se aquelas imagens amplamente difundidas em reportagens e portais eram compatíveis com as leis e os princípios digitais? E o que dizer de todos, to-dos, todinhos, sem exceção, absolutamente todos, os escândalos dos últimos anos?

Ora, senhoras leitoras, senhores leitores, toda vez que vocês esbarram com o chamado “furo” de uma investigação o que está acontecendo ali quase sempre tem também um outro nome: ilegalidade. Quer ver? Alguma emissora ou jornal ficou choramingando as horas e horas de vazamento i-le-gal sobre a contabilidade do senador Flávio Bolsonaro? Não! E não fizeram isso porque não estavam cometendo crime nenhum. Crime estava cometendo, e cometeu, a autoridade que quebrou a inviolabilidade do segredo de justiça.

Os jornalistas que obtiveram a informação, mesmo que de fonte i-le-gal, fizeram… jornalismo. E eu não vi matérias nas mesmas emissoras e nos mesmos jornais que publicaram esses fatos se autoquestionando por estarem cumprindo sua missão com a sociedade: trazerem fatos relevantes ao público, fazendo, assim, jornalismo. E o que dizer da própria Lava Jato? Não falo em relação ao PT ou em relação ao ex-presidente Lula não. Falo em relação a todos os investigados.

Ora, foi o maior festival mundial de vazamentos de informações, dados bancários, áudios, documentos, contas no Brasil e no exterior de que já se teve notícia. E tudo isso virou notícia. E, assim como a operação Mãos Limpas, essa imprensa sempre afiada e inundada por denúncias tóxicas enauseou a sociedade e deu forças para que a investigação avançasse.

E agora vem-se falar de origem criminosa dos conteúdos? Com todo o respeito: todos os vazamentos dos últimos anos foram criminosos e se justificaram no fiapo moral de sua relevância para a sociedade. E entender os critérios de funcionamento dessa que é a mais importante operação de combate à corrupção da história do Brasil não é uma justificativa para além do razoável?

Discutir origens nesse caso, sem que jamais se tenha discutido em todos os outros, é apenas um subterfúgio para não discutir o caso e suas revelações. Por que a Lava Jato, tão ciente dessa barbaridade agora, não se levantou com o mesmo vigor em todos esses e outros casos do passado?

Ou todos os áudios e vídeos da JBS que vazaram vieram a público de maneira absolutamente legal? Claro que não! E ainda assim serviriam para estraçalhar próceres de diversos partidos. Lembra da gravação do Aécio? Do Temer? Da foto dos milhões atribuídos ao Geddel? De todas as delações premiadas amplamente difundidas, em vídeo? Das horas de filmagens falando horrores de todos os políticos?

Pois é: nada daquilo podia estar nas telas, nos jornais ou nas rádios, nos portais. Era cri-me, ilegal. E de onde surge agora o Supremo Tribunal Federal da Ética Jornalística para atuar e atuar num caso só? A imprensa estava fazendo jornalismo, como é jornalismo colocar para a sociedade segredos dos poderosos, mesmo que da Lava Jato.

Os criminosos é que devem ser punidos e não a imprensa se autoquestionar, sobretudo isoladamente, seletivamente. Ah, sim: e o famoso “cheque do Fiat Elba”, o fragmento tão festejado da hoje bolorenta CPI do caso PC Farias? Foi a “prova” de que o então presidente Collor mantinha laços com as contas fantasmas de PC Farias. Não me lembro de ninguém falar que a origem daquele vazamento era um crime. E era, pois se tratava de documento sob segredo de Justiça.

Sabe qual é o problema das moralidades de ocasião? A História. Essa menina travessa que desmascara e põe a nu as contradições e imposturas.

Artigo, Matthews Stephenson - O incrível escândalo que encolheu


Reflexões adicionais sobre os vazamentos de lava Jato
Matthew Stephenson, de GAB, Blog Anticorrupção Global

Na semana passada, publiquei um longo comentário sobre os recentes relatórios explosivos do Intercept sobre a operação Lava Jato no Brasil - relatórios baseados principalmente em mensagens de texto fornecidas por uma fonte que aparentemente hackeou (ou obteve acesso não autorizado) ao celular. Deltan Dallagnol, o promotor principal do caso. Porque eu sou incapaz de ler Português, minha discussão foi baseada exclusivamente nos dois relatórios substantivos em inglês, aqui e aqui. (Há mais relatórios na série, mas até agora eles não foram traduzidos para o inglês; se e quando forem, posso atualizar meu comentário.) Os relatórios do Intercept argumentavam que essas mensagens de texto vazadas indicam: (1) que o juiz Moro engajou-se na coordenação antiética e possivelmente ilegal com o coaching dos promotores; (2) que os promotores reconheceram que seu caso contra o ex-presidente Lula não tinha fundamento legal ou probatório sólido; e (3) que os promotores foram motivados por viés político / ideológico contra Lula e seu partido, o PT.
No comentário da semana passada, com base em minha análise preliminar das histórias do Intercept, e o que eu sabia sobre o contexto de fundo, cheguei às seguintes conclusões preliminares:
• Primeiro , achei que a evidência de extensas comunicações de texto entre o procurador principal e o juiz presidente era (ou pelo menos deveria ser) per se inadmissível. Usei uma linguagem muito forte para explicar esse fato, descrevendo o fato de que os dois estavam em contato regular com o texto como "o cúmulo da impropriedade" e "uma violação chocante e indesculpável da ética judicial".
• Segundo , porém, achei que as trocas de textos específicas relatadas pelo Intercept - aquelas que supostamente mostravam o treinamento e a colaboração - eram em grande parte inócuas e não pareciam conter material muito problemático além do fato das próprias comunicações.
• Em terceiro lugar , não achei que as mensagens de texto relatadas pelo Intercept fornecessem qualquer razão para questionar a base legal e probatória da condenação de Lula. Essa condenação foi e continua sendo controversa, mas as mensagens de texto vazadas não mostram nada além de um promotor se preparando adequadamente para o seu caso.
• Em quarto lugar , concluí que embora os textos trocados entre os promotores no final de setembro de 2018 indicassem que os promotores não queriam que o candidato do PT ganhasse a eleição, isso não necessariamente mostrou que os promotores estavam inclinados contra o PT em 2015-2016 (quando ocorreu a decisão de investigar e processar Lula), nem havia qualquer evidência de que os promotores tivessem tomado qualquer medida concreta que pudesse ser atribuída a parcialidade partidária.
Para minha surpresa, o post da semana passada parece ter atraído muita atenção, particularmente no Brasil. Como resultado, tive a oportunidade de participar de intercâmbios substantivos com vários especialistas brasileiros de todo o espectro político, que possuem uma ampla variedade de opiniões sobre Lava Jato, Lula e assuntos relacionados. Algumas dessas trocas podem ser encontradas na seção de comentários do post da semana passada , que eu recomendo que os leitores interessados ​​façam checkout (particularmente aqueles que podem ter lido o post no dia em que saiu, antes que o thread de comentários incluísse mais de 60 entradas separadas) ; outros se comunicaram com o meu em particular. (Para ser claro, porém, eu não me comuniquei sobre o post, publicamente ou em particular, com o Sr. Dallagnol ou qualquer outra pessoa nomeada ou discutida na história do Intercept.)
Com base nessas conversas e em reflexões posteriores, minhas opiniões sobre a reportagem do Intercept mudaram um pouco, principalmente na direção de pensar que esse “escândalo” é consideravelmente menos escandaloso do que o Intercept noticiou, ou que eu acreditava originalmente.
Antes de explicar por que, porém, deixem-me notar três advertências importantes: Primeiro, como divulguei no post original, tenho uma amizade profissional com o Sr. Dallagnol, e embora não ache que isso distorça minha análise, os leitores têm um direito de saber. Em segundo lugar, minha discussão aqui ainda é baseada apenas nos relatórios em inglês do Intercept. Tem havido uma série de histórias subsequentes publicadas em Português, e pode ser que minhas opiniões possam mudar com base no que está nesses relatórios, uma vez que eu possa ler uma tradução. Terceiro, eu não sou especialista em direito brasileiro, então é inteiramente possível que minha análise possa ser falha devido a mal-entendidos das regras brasileiras relevantes. (Na verdade, parece que isso foi, até certo ponto, verdadeiro do meu post original.)
OK, com essas ressalvas fora do caminho, deixe-me dizer um pouco mais sobre a minha perspectiva atual sobre o Lava Jato Leaks.
Primeiro, minha convicção de que os vazamentos não minam a convicção de Lula é tão forte ou mais forte do que na semana passada.
No post da semana passada, castiguei o Intercept por sua sugestão sensacionalista de que os vazamentos mostravam que Dallagnol e sua equipe sabiam que seu caso contra Lula era infundado. Eu chamei esta parte da reportagem do Intercept de frívola. Eu permaneço por isso. De fato, acho que está dizendo que entre os inúmeros comentários que recebi, muitos deles sugerindo que eu subestimei a extensão dos lapsos éticos e afirmando um claro viés contra Lula, nenhum deles ofereceu um sério desafio à minha conclusão de que os textos As fraquezas legais e probatórias do caso contra Lula mostravam outra coisa que não um advogado fazendo um bom trabalho preparando um caso difícil. Sim, sim, eu sei que ainda há argumentos de que Lula não deveria ter sido processado ou condenado pela suposta corrupção envolvendo esse apartamento à beira-mar,
Em segundo lugar, não estou convencido de que os textos de setembro de 2018 “prestem credibilidade óbvia” (como diz o Intercept) a acusações de que os promotores Lava Jato são “ideólogos de direita cuja missão primordial era destruir o PT e impedir o retorno de Lula ao poder. a eleição de 2018. ”
Essa é uma acusação grave, que, se for apresentada por jornalistas sérios, deve ser apoiada por evidências convincentes. Mas, embora as mensagens de texto roubadas realmente mostrem que em setembro de 2018 os promotores Lava Jato (ou pelo menos alguns deles) eram amargamente hostis ao PT, eles não mostram que tal hostilidade (1) existiu em 2015-2016, quando a investigação e o julgamento de Lula começaram, (2) influenciaram qualquer decisão real do Ministério Público ou (3) basearam-se em motivações ideológicas de direita (em vez de, por exemplo, atacar a equipe Lava Jato em agressivas , muitas vezes pessoais termos por anos, e tinha ameaçado abertamente Lava Jato e desfazer muito do seu trabalho).
Agora, nesse último ponto, acho que vale a pena enfatizar uma distinção que muitos dos comentários atuais parecem ignorar. A questão se os promotores (e o juiz Moro) trataram injustamente os réus de Lava Jato (incluindo Lula e outros membros do PT) é diferente da questão de se a equipe Lava Jato era politicamente ou ideologicamente tendenciosa.contra o PT, ou a esquerda em geral. Digo isso porque, em resposta à minha afirmação de que os textos enviados em setembro de 2018 não mostram que houve parcialidade partidária em 2016, vários comentaristas responderam com alguma versão de: “Mas e as evidências de que Dallagnol e Moro estavam colaborando em 2016? Isso não mostra que eles estavam com Lula? A resposta é não. Vamos supor, no momento, apenas para argumentar, que é de fato o caso que os promotores e o juiz Moro se engajaram em colaborações inadmissíveis no caso de Lula e outros acusados, e que o objetivo dessas colaborações inadmissíveis era garantir as condenações. (Não estou convencido de que isso seja verdade, por razões que elaborarei abaixo, mas por enquanto vamos supor que seja verdade.) Isso seria realmente ruim, com certeza, mas não seria evidência deviés político / ideológico . O promotor e o juiz podem ter ficado (excessivamente) ansiosos em condenar porque acreditavam genuinamente que esses acusados ​​eram culpados. De fato, a maioria dos casos de conduta indevida do Ministério Público, pelo menos nos EUA (e eu suspeito em outro lugar), surgem devido a um desejo de condenar a todo custo, não por causa da ideologia política dos réus.
É possível que os promotores e o juiz fossem ideologicamente preconceituosos contra Lula e o PT? Claro, é possível. Mas há pelo menos um elemento de prova prima facie contra essa conclusão: o fato de que a Lava Jato foi atrás de muitas pessoas de uma série de partidos em todo o espectro político, incluindo os oponentes políticos do PT (como Michel Temer e Eduardo Cunha ). Além disso, os relatórios do Intercept até o momento podem implicar outra evidência contraa visão de conspiração de direita de Lava Jato: a ausência de quaisquer mensagens de texto incriminatórias (até agora) que mostrem um forte viés anti-PT ou anti-esquerdista nos primórdios da operação, antes que a promotoria de Lula causasse o PT e seus partidários para lançar seu ataque de terra arrasada e sem barreiras contra a Lava Jato. É óbvio que os repórteres do Intercept estão encarregados da operação Lava Jato, então acho justo supor que estão fazendo o possível para divulgar os piores e mais incriminadores textos que podem encontrar. Se eles tivessem encontrado textos de 2015-2017 que adotaram o mesmo tom anti-PT dos textos de setembro de 2018, tenho certeza de que o Intercept os publicaria imediatamente. Então, quanto mais o tempo passa sem histórias revelando esses textos, mais eu estou inclinado a acreditar que eles não existem,
Em terceiro lugar, acho que posso ter sido rápido demais para condenar a mera existência das trocas de texto entre o juiz Moro e o senhor Dallagnol, por si só ilegítimo.
Embora eu achasse que o Intercept tivesse exagerado em algumas de suas acusações, meu post original concordou que o juiz Moro provavelmente se envolveu em uma grave violação da ética judicial ao se comunicar com Dallagnol em particular por meio de texto, e que Dallagnol havia cometido no mínimo, um lapso de julgamento ao se engajar nessas conversas. Na verdade, usei uma linguagem muito forte para condenar essas conversas.
Agora acho que fui muito apressado ao concluir que as comunicações de texto eram claramente antiéticas, independentemente de seu conteúdo. Para ser claro, eu ainda estou profundamente preocupado com o fato de que um promotor e um juiz estavam regularmente trocando mensagens um com o outro, e o tom de algumas das mensagens sugere um teor excessivamente colaborativo para o relacionamento. Mas no meu post original, eu escrevi (entre outras coisas) que “para um juiz se engajar em comunicações secretas, ex parte com um promotor… em relação a um caso pendente é o cúmulo da impropriedade - ponto final”, e agora penso que isso pode não estar certo, pelo menos neste contexto, por duas razões.
• Primeiroe, mais importante, numa análise mais detalhada, parece que a maioria, talvez todas, das comunicações privadas em questão estavam no contexto não da fase de julgamento, mas sim da fase de investigação - quando o promotor estava fazendo coisas como pedir mandados, intimar testemunhas, etc., que o juiz deve aprovar. Nesse contexto, o promotor e o juiz podem (na verdade devem) se engajar em comunicações secretas ex parte. E eu entendo, com base em alguns dos comentários que recebi, que essas trocas provavelmente serão mais frequentes no Brasil do que em outras jurisdições devido a certas características da lei processual brasileira que exigem que o juiz esteja mais envolvido na supervisão da fase de investigação. do que é verdade em outros países. É um pouco incomum que essas comunicações ocorram via mensagem de texto, com certeza. Mas não é inédito para os promotores norte-americanos solicitarem mandados por telefone, então isso não parece muito mais que um salto. Isso não significa que qualquer comunicação que ocorra neste contexto seja eticamente correta, e eu falarei um pouco mais sobre isso em um momento. Isso significa, no entanto, que eu estava errado em dizer que há ou deveria ser per se em comunicações privadas secretas entre um promotor e um juiz. Mesmo se isso fosse verdade na fase de julgamento / contencioso, não é e não poderia ser verdade na fase de investigação. Quer dizer que eu estava errado em dizer que há ou deveria ser per se em comunicações privadas secretas entre um promotor e um juiz. Mesmo se isso fosse verdade na fase de julgamento / contencioso, não é e não poderia ser verdade na fase de investigação. Quer dizer que eu estava errado em dizer que há ou deveria ser per se em comunicações privadas secretas entre um promotor e um juiz. Mesmo se isso fosse verdade na fase de julgamento / contencioso, não é e não poderia ser verdade na fase de investigação.
• Segundo , a lei brasileira não parece proibir as comunicações substantivas ex parte mesmo na fase de litígio, desde que ambos os lados tenham a mesma oportunidade de se engajar em tais comunicações. Nos EUA, o código modelo de ética judicial da American Bar Association proíbe esses contatos, exceto sob uma estreita faixa de circunstâncias, e eu presumi erroneamente que algo como esse padrão também se aplica no Brasil. Mas o Brasil é aparentemente mais liberal em relação aos contatos ex parte entre juízes e advogados (ver Lei Federal 8.906 / 94, Artigo 7, Seção VIII). Eu não acho que essa seção se aplique a essas comunicações, em parte porque o juiz Moro era um participante ativo, em vez de simplesmente deixar que Dallagnol fizesse sua defesa. Mas sinto que devo corrigir o registro, já que assumi erroneamente que o fato do contato do texto sobre o caso, mesmo sem olhar para o conteúdo, estabeleceria uma violação ética, mas isso não parece ser verdade no Brasil.
Agora, o fato de contatos extensos ex-parte entre o promotor e o juiz na fase de investigação serem inevitáveis ​​levanta um problema legal complicado, que eu não acho que a maioria dos comentários existentes (incluindo meu post anterior) realmente lide adequadamente. É assim:
• O Brasil, seção 254 de seu código de processo criminal , proíbe sensivelmente um juiz de presidir um julgamento se o juiz tiver dado aconselhamento jurídico a qualquer parte do caso.
• No entanto, no contexto de supervisionar uma investigação criminal, pode não fazer sentido para o juiz ser totalmente passivo; em vez disso, o juiz deve dar feedback ao promotor, incluindo advertir o promotor quando seu plano investigativo pode entrar em conflito com as normas legais, ou explicar ao promotor o tipo de evidência que deve ser produzida para justificar a autorização de medidas investigativas intrusivas. Pense em algumas das coisas que o juiz Moro parece ter dito ao Sr. Dallagnol, nos moldes de (e aqui estou parafraseando, mas acho justo): “Certifique-se de que a polícia fazendo essas investigações siga as regras legais”, “ Tenha cuidado ao preencher esse pedido, a menos que você tenha evidências substanciais para apoiá-lo, ”“ Se você quiser falar com essa testemunha, faça um pedido formal através dos canais regulares. ”
• O problema é que é concebível que o último tipo de orientação possa ser interpretado como “aconselhamento jurídico”. Mas talvez não seja, ou não deva, dado como os promotores e juízes interagem no contexto da condução de uma investigação complexa. Como não posso enfatizar o suficiente, não sou especialista nesse assunto. Eu gostaria muito de receber qualquer comentário daqueles que podem explicar como a lei brasileira resolveu essa tensão. No mínimo, parece que o caso em que o juiz Moro ultrapassou as linhas éticas está longe de ser claro.
• O problema mais geral aqui é que ao envolver o juiz tão fortemente na supervisão da investigação, o juiz pode começar a se identificar com a acusação e desenvolver um relacionamento excessivamente colaborativo com os promotores. Isso pode muito bem ser um problema, mas se assim for, não é tanto uma falha ética por parte deste juiz em particular (ou esses promotores em particular), mas sim um problema estrutural com o processo criminal brasileiro.
Quarto, a troca de textos potencialmente mais problemática entre o juiz Moro e o senhor Dallagnol é suficientemente ambígua, e eu não estou preparado para dizer que isso é antiético.
Em meu post original, examinei o conteúdo das mensagens de texto Moro-Dallagnol citadas no relatório da Intercept em inglês e concluí que “nenhuma delas parece mostrar ... irregularidades processuais que possam prejudicar a imparcialidade dos julgamentos, além do fato de as comunicações em si. ”Vários comentaristas argumentaram que eu não tinha compreendido plenamente o alegado mais sério (e certamente mais confuso) dos intercâmbios em questão.
Porque isso é tão difícil de entender (pelo menos para mim), aqui está a passagem chave da história do Intercept, reproduzida na íntegra:
Outro exemplo de Moro cruzando a linha que separa promotor e juiz é em uma conversa com Dallagnol em 7 de dezembro de 2015, quando ele informalmente passou uma dica sobre o caso de Lula para os promotores. "Assim. Os seguintes. A fonte informou-me que a pessoa de contato está aborrecida por ter sido solicitada a emissão de documentos de transferência de propriedade para um dos filhos do ex-presidente. Aparentemente, a pessoa estaria disposta a fornecer as informações. Por isso estou passando adiante. A fonte é séria ”, escreveu Moro.
"Obrigado!! Vamos fazer contato - respondeu prontamente Dallagnol. Moro acrescentou: "E seriam dezenas de propriedades." Dallagnol depois aconselhou Moro que ele ligou para a fonte, mas ela não falou: "Estou pensando em elaborar uma intimação, baseada em notícias apócrifas", disse o promotor. Embora não esteja totalmente claro o que isso significa, parece que a Dallagnol estava flutuando a idéia de inventar uma denúncia anônima que poderia ser usada para forçar a fonte a testemunhar. Moro, ao invés de castigar o promotor ou permanecer em silêncio, parece endossar a proposta: “Melhor formalizar então”, respondeu o juiz.
A interpretação do Intercept parece ser a de que Dallagnol propôs inventar uma queixa anônima (falsa) que poderia ser usada para forçar uma testemunha a testemunhar, e que o juiz Moro concordou com isso, dizendo-lhe para "formalizar" o pedido. Isso soa escandaloso. Mas não está claro se esta é a interpretação correta da troca. Um dos comentadores do meu post original traduziu a troca inteira (que eu entendo está na versão em português) para o inglês, como segue:
Moro (17:42:56): Então. Os seguintes. A fonte informou-me que a pessoa de contato está aborrecida por ter sido solicitada a emissão de documentos de transferência de propriedade para um dos filhos do ex-presidente. Aparentemente, a pessoa estaria disposta a fornecer as informações. Por isso estou passando adiante. A fonte é séria.
Deltan (17:44:00): Obrigado !! Nós vamos fazer contato
Moro (17:45:00): E seriam dezenas de propriedades.
Deltan (18:08:08) Eu liguei para ele, mas ele voltou em suas observações. Ele disse que não tinha nada a dizer, etc ... quando apliquei alguma pressão, ele desligou em cima de mim ... Estou pensando em elaborar uma intimação, baseada em notícias apócrifas.
Moro (18:09:38): Isso é estranho, já que foi ele quem teria alertado as pessoas que falaram comigo. Melhor formalizar então.
Moro (18:15:04): Supostamente ele teria falado com [REDACTED], que então passou a informação adiante até chegar aqui.
Deltan (18:16:29): Posso identificar essa fonte intermediária?
Moro (18:59:39): Não tenho certeza sobre isso agora.
Moro (19:00:22): Talvez você deva conversar com [REDACTED] de antemão.
Deltan (20:03:00): Ok
Deltan (20:03:32): Ok, obrigado, eu vou ligar
É difícil descobrir o que fazer com essa troca, até porque as frases mais cruciais - “notícias apócrifas” e “melhor formalizar” - são ambíguas, pelo menos para mim. É possível que a interpretação do Intercept esteja correta. Como eu notei no meu post original, é estranho (pelo menos assim parece-me) que um juiz está passando uma dica de testemunha para um promotor em primeiro lugar. Mas colocando isso de lado, é possível interpretar essa troca da seguinte maneira: A Pessoa X diz ao Intermediário Y que ele tem evidência relevante contra Lula e pode estar disposto a testemunhar. O intermediário Y diz isso ao juiz Moro. O juiz Moro não pode fazer nada com essa informação, diz o Sr. Dallagnol. Dallagnol chama a Pessoa X, que se recusa a cooperar. Dallagnol relata isso ao juiz Moro e diz que está pensando em intimar o testemunho da pessoa X, com base em uma dica anônima que a pessoa X tem informações. Isso não é totalmente preciso, já que Dallagnol conhece a identidade do Intermediário Y. Mas énãoo caso em que a dica é “fabricada”, porque realmente existe uma fonte - Intermediário Y. Parece que o Sr. Dallagnol está contemplando a redação do pedido de uma intimação sem usar o nome do Intermediário Y. O juiz Moro então diz a Dallagnol para prosseguir através de canais formais (o que eu suponho que signifique esboçar uma intimação ao invés de fazer um telefonema informal). Mas Dallagnol pergunta então se seria melhor usar o nome do Intermediário Y na intimação, em vez de tratar sua dica como anônima. (Isto é, na medida em que o instinto inicial de Dallagnol de dizer que a dica era anônima pode ter sido impróprio, ele quase imediatamente se afasta dessa idéia e pergunta ao juiz Moro sobre isso.) O juiz Moro o aconselha a entrar em contato com a Intermediary. Y diretamente, o que parece ser uma coisa sensata a fazer sob as circunstâncias. E depois, Até onde podemos dizer, nada aconteceu. Nem o Intercept nem qualquer outro comentarista apontou para qualquer evidência de que o Sr. Dallagnol tenha intimado essa testemunha, com o nome do informante ou de outra forma.
Isso foi antiético? Honestamente, não faço ideia. A única coisa que está clara para mim é que a resposta não está clara. Algumas perguntas para as quais não conheço as respostas:
• É ético no Brasil para um juiz que recebe uma dica que uma testemunha pode ter provas relevantes para a investigação para passar essa informação para o procurador? Ou o juiz seria eticamente obrigado a dizer à fonte que ele / ela deve contatar o promotor diretamente?
• É ético no Brasil que um promotor registre uma intimação para uma testemunha baseada em uma dica genuína e confiável de que a testemunha tem informações, mas declarar que a fonte dessa dica é anônima mesmo quando o promotor (e o juiz) conhece a identidade do informante? ?
• Assumindo que a frase “notícias apócrifas” significa anônimo / não identificado neste contexto, uma intimação baseada em “notícias apócrifas” implica que a identidade da fonte é de fato desconhecida do promotor (e juiz)? Ou é apenas uma maneira de dizer que o arquivamento formal não irá listar o nome do informante (isto é, é mais como um “informante confidencial” do que um “informante anônimo”)?
Se alguém souber as respostas a estas perguntas, será extremamente útil!
Ah, também, mais uma coisa: enquanto o Intercept diz que, quando apresentado com o plano supostamente antiético de Dallagnol, o juiz Moro, “em vez de castigar o promotor ou permanecer em silêncio, parece endossar a proposta”, isso é um pouco injusto. . É verdade que o juiz Moro inicialmente responde com a frase ambígua “melhor para formalizar”, mas menos de uma hora depois ele diz a Dallagnol que deveria falar primeiro com o intermediário. E, novamente, até onde sabemos, nada acontece depois disso (ou pelo menos o Intercept ainda não o relatou).
Isso me leva a uma observação adicional mais geral aqui: Embora eu tenha grande respeito por jornalistas investigativos, e eu concordo com o argumento da Intercept de que, nesse caso, esses materiais vazados são de importância pública suficiente que podem ser divulgados no contexto desta publicação. tipo de história, estou desapontado com vários aspectos da cobertura do Intercept sobre esse assunto. Deixarei de lado o fato de que o Intercept, desconsiderando a prática usual de jornalistas profissionais, não contatou os sujeitos da matéria para dar a eles a oportunidade de responder antes da publicação - o que a Intercept diz ter sido porque eles tinham uma credibilidade. temem que o governo brasileiro reaja pedindo a publicação. Mesmo se dermos ao Intercept o benefício da dúvida sobre aquele, Há também o fato de que a Intercept parece não ter consultado nenhum especialista em lei brasileira ou ética jurídica / judicial, em vez de parecer acreditar que as decisões dos repórteres sobre o que é permitido pela lei brasileira estão corretas e não exigem comprovação. Assim, as histórias dizem repetidas vezes, de forma conclusiva, que a comunicação de Moro com Dallagnol “é antiética para um juiz” e “viola o Código de Ética do Judiciário”, que os textos vazados “revelam graves violações éticas” etc. Não há linguagem de cobertura (“possivelmente”, “indiscutivelmente”, “provavelmente” etc.), nem há citações de especialistas jurídicos que apóiem ​​as alegações de conduta ilegal. As histórias do Intercept nem se incomodam em citar ou citar as disposições relevantes da lei ou do código de ética que foram supostamente violados.
E isso é uma peça com a editorialização mais geral, e ocasionais piques gratuitos espalhados pelas peças. Apenas para dar um exemplo trivial, mas gracioso, ao citar textos nos quais Dallagnol discute, orando por um certo resultado, o Intercept declara que Dallagnol "se vangloria da sua piedade religiosa", uma maneira desnecessariamente sarcástica de dizer que Dallagnol muitas vezes fala abertamente sobre sua fé religiosa. (E enquanto o Sr. Dallagnol pode ter suas falhas, como todos nós, eu nunca soube que ele estava orgulhoso sobre qualquer coisa.) Isso é apenas um exemplo entre muitos.
Dois últimos pontos aqui antes de fechar:
• Primeiro, lamento dizer que esta história e sua recepção demonstraram que aqueles de nós que pensavam que o juiz Moro estava cometendo um grande erro.- e ameaçando enfraquecer a reputação da operação Lava Jato como um todo - quando ele aceitou o posto no gabinete de Bolsonaro estava certo em seus medos. Tanto a história original do Intercept quanto praticamente todos os comentários subseqüentes enfatizaram que essa nomeação lança dúvidas sobre a imparcialidade de Moro desde o início, e pode até sugerir um quid pro quo. Imagine como seria diferente o impacto das revelações do Intercept se Moro não apenas recusasse a indicação, mas o fizesse com algum tipo de declaração pública de que não seria apropriado aceitar a nomeação por causa da importância de manter a neutralidade da proposta. Lava Jato. Se isso tivesse acontecido, os vazamentos do Intercept ainda teriam feito o juiz Moro parecer mal, mas seus defensores teriam achado mais fácil desculpar as possíveis impropriedades como resultado de zelo excessivo na causa anticorrupção (tanto quanto muitos, para desgosto do petista, estavam dispostos a perdoar a liberação das gravações secretas das conversas de Dilma-Lula pelo juiz Moro. ). Nesse universo alternativo, a conduta do juiz Moro nos casos Lava Jato não pareceria motivada por ideologia ou desejo de progresso - agora é verdade ou não.
• Em segundo lugar, embora o foco agora seja, compreensivelmente, no conteúdo dos vazamentos, em algum momento as pessoas precisam começar a se preocupar sobre como a fonte do Intercept se apossou de todos os dados sobre o celular de Dallagnol e quais foram suas motivações. está. Este é um grande roubo de dados, um crime grave. Pare por um momento e pense em como se sentiria se soubesse que alguém lá fora tinha todas as informações do seu telefone, voltando pelo menos cinco anos. Agora pense em como se sentiria se as pessoas que tivessem essa informação tivessem um poderoso interesse ideológico / político em desacreditá-lo. E, embora os repórteres do Intercept sejam jornalistas honrados que são cuidadosos em não divulgar material privado simplesmente por causa de pessoas embaraçosas, não temos como saber o que mais a fonte original poderia fazer com os dados. Esta é uma tentativa de fechar o Lava Jato através de uma ameaça de chantagem velada, se a publicidade negativa inicial das histórias do Intercept não for suficiente? O objetivo é especificamente fechar a Lava Jato, ou é mais polarizar e desestabilizar a política brasileira em geral? Seja qual for o interesse público em escrever histórias baseadas nesses vazamentos, e eu concordo com o Intercept de que existe tal interesse, o fato de que hackers sofisticados estão atacando os celulares pessoais de figuras públicas e liberando as informações para minar uma anticorrupção. investigação ou desestabilizar um país é bastante assustador. ou é para polarizar e desestabilizar ainda mais a política brasileira em geral? Seja qual for o interesse público em escrever histórias baseadas nesses vazamentos, e eu concordo com o Intercept de que existe tal interesse, o fato de que hackers sofisticados estão atacando os celulares pessoais de figuras públicas e liberando as informações para minar uma anticorrupção. investigação ou desestabilizar um país é bastante assustador. ou é para polarizar e desestabilizar ainda mais a política brasileira em geral? Seja qual for o interesse público em escrever histórias baseadas nesses vazamentos, e eu concordo com o Intercept de que existe tal interesse, o fato de que hackers sofisticados estão atacando os celulares pessoais de figuras públicas e liberando as informações para minar uma anticorrupção. investigação ou desestabilizar um país é bastante assustador.
Para encerrar, e voltando ao foco principal da discussão, começo a me perguntar se há um grande escândalo aqui, afinal de contas. Sim, estou preocupado com o que parece ser um relacionamento excessivamente íntimo entre o promotor e o juiz presidente. E sim, o material vazado divulgado até agora (pelo menos nas versões em inglês) contém algum material problemático, que pode sugerir violações éticas. Mas até mesmo as trocas de textos mais problemáticas contêm ambigüidades consideráveis, de tal modo que o argumento para uma violação ética, embora plausível, não é nem de longe o que o Intercept fez. De fato, quando você retira a retórica, as insinuações e a reescrita do material que já está no registro público, não está de todo claro que os textos vazados relatados até agora (em inglês) realmente demonstrem uma conduta incorreta séria.
Essa visão é altamente experimental. Eu sei que muitos leitores provavelmente irão discordar, e eu convido, de fato peço, que aqueles de vocês que pensam que eu estou errado compartilhem sua crítica da minha análise na seção de comentários abaixo. Aprendi muito com o feedback do post anterior e agradeço a discussão substantiva, respeitosa e informativa que parece estar em andamento. Também deveria ser óbvio que, à medida que mais evidências surgirem (e / ou forem traduzidas para o inglês), atualizarei minhas opiniões de acordo. Ninguém deve apressar o julgamento neste caso.

Copom avisa que juros básicos poderão cair nas próximas rodadas


Esta análise é dos economistas do Bradesco e foi enviada hoje ao editor.

Em decisão unânime e sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na quarta-feira, manter a taxa básica de juros em 6,50%. No comunicado divulgado após a decisão, o colegiado reconheceu o fraco desempenho da atividade econômica, indicando que o processo de recuperação da economia foi interrompido nos últimos trimestres e reafirmou a leitura de que os núcleos de inflação estão em níveis apropriados.
As projeções de inflação apontadas no documento foram revisadas para baixo, indicando um quadro benigno para a variação dos preços no médio prazo. No cenário de mercado do Focus, as projeções de inflação encontram-se em 3,6% e 3,9% para este e o próximo ano, nessa ordem. Já no cenário com Selic constante no atual patamar e câmbio estável em R$/US$ 3,85 (nível médio da semana passada), as projeções de inflação ficam “em torno” de 3,6% para 2019 e 3,7% para 2020. Em ambos cenários, as estimativas estão abaixo do centro das metas deste e do próximo ano, respectivamente, em 4,25% e 4,00%.
No comunicado, o colegiado afirmou que existem riscos para o cenário de inflação em ambas as direções. Do lado altista, permanecem os riscos relacionados a uma eventual frustração em torno da agenda de reformas, e esse é o risco preponderante na avaliação do Copom. Do lado baixista, o Copom ressaltou o elevado nível de ociosidade da economia. Em relação ao cenário externo, a avaliação do Comitê foi de melhora, refletindo a mudança nas perspectivas de condução de política monetárias nas principais economias, ainda que exista o risco da desaceleração global.
Por fim, o Copom enfatizou a importância da continuidade das reformas para a queda da taxa estrutural de juros, para a recuperação sustentável da economia e a manutenção das projeções de inflação.
Ao nosso ver, o Banco Central deixa aberta a possibilidade de corte de juros nas próximas reuniões, à medida que a agenda de reformas avançar e as condições de contorno da atividade e inflação permitirem um corte de juros. Assim, continuamos com a expectativa de cortes na taxa Selic, encerrando este ano em 5,75%.