A mistura de ódio e medo do sistema em relação a um dos
candidatos a presidente, aliada à insistência de incluir nas sondagens de
intenção de votos o nome de alguém que não pode concorrer, com o objetivo de
confundir a opinião pública, vai acabar por comprometer a própria legitimidade
desta eleição, situação em que todos vão perder.
A coisa descambou da preferência da mídia - que é o
próprio sistema - por este ou aquele candidato, por este ou aquele viés
ideológico ou partidário - algo normal, compreensível e respeitável em qualquer
democracia - para o banditismo explícito.
Ao contrário do que pode parecer, quem ganha com isso não
são os demais candidatos, suas propostas ou partidos, muito menos o eleitor e
menos ainda o país, mas o mecanismo.
Os grandes grupos de comunicação mais do que prestar um
desserviço ao país, hoje são uma ameaça à democracia brasileira.
Falidos, como é o caso da Editora Abril, que essa semana
entrou com pedido de recuperação, ou listados entre os maiores devedores da
União, como Rede Globo, Record ou SBT, eles ao mesmo tempo em que escolheram um
inimigo a destruir, por outro lado ainda não elegeram o seu candidato, estando
na expectativa de qual será aquele que chegará no seu preço.
A esse, todas as referências elogiosas, exposição
positiva e pesquisas favoráveis. Aos demais o descarte.
Criminosamente, a grande midia brasileira aposta no caos
para submeter, mais uma vez, o país aos seus interesses escusos, apelando para
a mentira e a manipulação de uma sociedade onde o analfabetismo funcional e a
desinformação são grandes, e a população encontra-se fragilizada pelos
escândalos e imersa no descrédito de lideranças, agentes públicos, políticos e
instituições.
Repito, o que estamos vivenciando não é campanha
eleitoral, mas puro banditismo político.
Se alguém achava que havíamos chegado ao fundo do
poço na campanha de 2014, uma das mais corruptas e criminosas da nossa história
política, é perceptível esta será ainda pior.
O mais inacreditável é que sabemos onde isso tudo
fatalmente irá terminar.
Mas, pelo jeito, não esquecemos nada. E não aprendemos
nada também.
*Adão Paiani é advogado em Brasília/DF.