O diretor geral do jornal Globo, Frederic Kachar, sinaliza uma demissão em massa na emissora. De acordo com o dirigente, o impacto da pandemia do coronavírus "é muito rápido e devastador". "Dado o cenário nas receitas, se faz necessário adotar medidas mais profundas de ajustes nos custos", diz.
"Infelizmente, o horizonte de curto prazo não é promissor. Não somente porque o confinamento não tem prazo definido para acabar, mas principalmente porque o impacto na saúde financeira dos consumidores e anunciantes já é real. E os hábitos de ambos já estão mudando. Aqui e no mundo", continua.
"Somos uma empresa de serviços, em que a folha representa mais da metade do custo. Já implementamos ações imediatas, como a utilização do banco de horas, a aplicação das férias compulsórias e o congelamento das admissões e movimentações internas", complementa.
Leia a íntegra da carta:
Prezados,
Como sabem, estamos diante de um desafio sem precedentes para nossa geração. A pandemia do novo coronavírus está impactando a tudo e a todos de maneira profunda e estrutural. Temos várias perguntas e pouquíssimas respostas. Uma coisa, porém, me parece clara: o mundo mudou e a retomada, que não sabemos ainda quando e como ocorrerá, será rumo a uma nova normalidade.
O que isso significa pra nossa empresa?
Muitas coisas. A mais importante delas é que a velocidade com que vínhamos transformando nossos negócios com vistas a nos tornarmos uma media tech vai ter que crescer bastante. Os prazos que tínhamos nos colocado para atingir metas dessa travessia foram definitivamente encurtados.
Nesse sentido, vivíamos um período promissor nos seis meses antes do estouro da pandemia. Tivemos um último trimestre em 2019 com relativa estabilidade nas receitas e resultados muito melhores que os do restante do ano. Começamos 2020 num ritmo melhor ainda, o que nos possibilitou o melhor primeiro tri dos últimos anos.
Estamos colhendo os frutos do que plantamos até então, reforçando a trajetória de transformação que temos buscado desde 2015.
No entanto, o impacto da pandemia é muito rápido e devastador, apesar de todos os esforços do nosso jornalismo, que vêm resultando em recordes de audiência, e das demais áreas para manter nossa operação funcionando, mesmo que trabalhando remotamente.
Em março, os efeitos ainda estavam controlados, mas em abril já estamos enfrentando quedas importantes e preocupantes em nossas receitas. Com exceção de assinaturas digitais — que ainda não têm um peso relevante nas receitas totais, mas cujo crescimento se acelerou ainda mais desde o início da crise, reforçando que estamos no caminho certo —, todos os demais canais estão sofrendo quedas agudas. Principalmente a publicidade, que ainda é a parte mais representativa do faturamento total e a pedra fundamental do nosso resultado.
Infelizmente, o horizonte de curto prazo não é promissor. Não somente porque o confinamento não tem prazo definido para acabar, mas principalmente porque o impacto na saúde financeira dos consumidores e anunciantes já é real. E os hábitos de ambos já estão mudando. Aqui e no mundo.
Diante de um cenário emergencial como o de agora, infelizmente não temos como fugir da revisão dos custos para tentar restabelecer minimamente um equilíbrio operacional. Ainda em março, começamos a renegociar todos os nossos contratos com fornecedores. Não há uma única despesa que não esteja sendo revista.
No entanto, isso é insuficiente. Somos uma empresa de serviços, em que a folha representa mais da metade do custo. Já implementamos ações imediatas, como a utilização do banco de horas, a aplicação das férias compulsórias e o congelamento das admissões e movimentações internas.
Ainda assim, dado o cenário nas receitas, se faz necessário adotar medidas mais profundas de ajustes nos custos. Diante das poucas alternativas que temos, acredito que a mais adequada ao momento, e levando em conta nosso histórico recente, seja a adesão à Medida Provisória 936.
A primeira faixa de redução de jornada e salários estipulada por esta MP, fixada em 25%, para todos os funcionários de todas as áreas, níveis hierárquicos e funções, nos dará um fôlego extra para a parte mais difícil da travessia e, principalmente, para tomarmos as atitudes necessárias para acelerar a transformação de nossos produtos e receitas.
Conforme previsto na própria MP, o governo fará a complementação devida da renda a cada trabalhador, e este processo é automático (depósito feito na conta do empregado após a comunicação do RH da empresa). Os benefícios serão mantidos integralmente. Em alguns casos, avaliados pontualmente, aplicaremos a suspensão do contrato de trabalho, também prevista na MP.
Estamos disponibilizando um canal exclusivo no RH para dúvidas e questões gerais sobre o tema (falecomrh@infoglobo.com.br).
Se por um lado é frustrante tomar essas medidas depois de uma razoável sequência de meses contundentes em nossa caminhada, por outro temos de ver que estamos mais fortes do que nunca para lidar com um desafio dessa envergadura.
Isso é fruto do talento, do comprometimento e da paixão que temos pelo nosso negócio. Acredito que vamos nos fortalecer com essa travessia e retomar, ainda em 2020, a trajetória que vínhamos construindo. Seguiremos firmes e motivados na busca das respostas para as muitas dúvidas que temos sobre o futuro da sociedade, da economia e do jornalismo.
Nossa missão como empresa jornalística está em seu ápice nas últimas décadas. Somos mais importantes do que nunca para a sociedade. Precisamos assegurar a melhor cobertura dos fatos, assegurando a toda nossa vasta audiência informação e conhecimento para lidar com essas novas normas.
Nossas áreas comerciais seguem buscando soluções de mídia para nossos anunciantes, assegurando que o impacto das mensagens transmitidas a nossos leitores seja positivo para seus negócios, que também enfrentam esse desafio.
Agradeço a todos desde já. Contem comigo e com os demais diretores. Protejam suas famílias nesse momento delicado. A coesão e a cumplicidade entre nós crescerão bastante nos próximos meses.
Sigo otimista com a nossa empresa. Com trabalho, entusiasmo, disciplina e talento vamos superar mais esse desafio.
Artigo, Paulo Kruse, Zero Hora - Lição para o varejo
Há mais de cem anos, a maior feira de varejo do mundo, a NRF, que teve sua 109ª edição no mês de janeiro em Nova York, traz exemplos de empresas do setor varejista que crescem inovando. Temas como propósito da marca, sustentabilidade e relações com clientes e fornecedores são geralmente debatidos por lá, assim como o uso de novas tecnologias, já comuns no comércio de vários países. Questões essas que naturalmente vêm se modificando ao longo de décadas.
No entanto, sabemos que para nós, brasileiros, existem fatores que freiam o crescimento de nossas empresas, principalmente quando se trata da implementação de tecnologias. Mas, se queremos continuar a fazer parte desse cenário desafiador, levando até as pessoas o que elas procuram ao mesmo tempo que fazemos o nosso negócio crescer, precisamos encontrar maneiras de nos aproximar desses assuntos.
Devemos entender que inovação não diz respeito necessariamente à tecnologia. É possível inovar tendo um negócio com propósito ligado a causas sociais, por exemplo, e com isso transmitir o verdadeiro valor daquilo que é comprado pelas pessoas. Seja um serviço, um produto, um atendimento ou qualquer outra iniciativa da marca. Ações que demonstrem preocupação com as pessoas e com o meio ambiente se diferenciam sempre, pois fazem com que o consumidor entenda que nós merecemos estar no mercado.
Quando a pandemia passar e as empresas voltarem a suas atividades, o cenário será outro. Todos, de forma geral, foram impactados drasticamente pelas perdas econômicas, independentemente do segmento ou porte. Será imprescindível que pessoas com ideias e ações arrojadas ajudem na retomada do crescimento do comércio, bem como de todos os setores. A nós, lojistas, cabe fazer aquilo que é certo, termos compreensão de que precisamos agir com honestidade e ética com nossos fornecedores e clientes, com resiliência e muito empenho. Vamos nos fortalecer juntos. É hora de virar a chave, senão será a hora de pararmos de vez.
*Por Paulo Kruse, presidente do Sindilojas Porto Alegre
No entanto, sabemos que para nós, brasileiros, existem fatores que freiam o crescimento de nossas empresas, principalmente quando se trata da implementação de tecnologias. Mas, se queremos continuar a fazer parte desse cenário desafiador, levando até as pessoas o que elas procuram ao mesmo tempo que fazemos o nosso negócio crescer, precisamos encontrar maneiras de nos aproximar desses assuntos.
Devemos entender que inovação não diz respeito necessariamente à tecnologia. É possível inovar tendo um negócio com propósito ligado a causas sociais, por exemplo, e com isso transmitir o verdadeiro valor daquilo que é comprado pelas pessoas. Seja um serviço, um produto, um atendimento ou qualquer outra iniciativa da marca. Ações que demonstrem preocupação com as pessoas e com o meio ambiente se diferenciam sempre, pois fazem com que o consumidor entenda que nós merecemos estar no mercado.
Quando a pandemia passar e as empresas voltarem a suas atividades, o cenário será outro. Todos, de forma geral, foram impactados drasticamente pelas perdas econômicas, independentemente do segmento ou porte. Será imprescindível que pessoas com ideias e ações arrojadas ajudem na retomada do crescimento do comércio, bem como de todos os setores. A nós, lojistas, cabe fazer aquilo que é certo, termos compreensão de que precisamos agir com honestidade e ética com nossos fornecedores e clientes, com resiliência e muito empenho. Vamos nos fortalecer juntos. É hora de virar a chave, senão será a hora de pararmos de vez.
*Por Paulo Kruse, presidente do Sindilojas Porto Alegre
Com produção em queda, setor calçadista perde mais de 24 mil postos com avanço do vírus chinês
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que a produção de calçados deva encolher pelo menos 49% no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A queda será somada a um revés de 14,2% nos primeiros três meses do ano, o que deve resultar em uma retração de pelo menos 31,8% no primeiro semestre. Após uma estimativa positiva divulgada no início de 2020, de crescimento de até 2,5%, a crise provocada pelo avanço da pandemia fez com que a expectativa fosse revisada para uma queda de mais de 26% em relação a 2019.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que a crise já fez com que o setor perdesse 24,4 mil postos de trabalho, de 9% do total de empregos gerados pelas indústrias de calçados na posição de dezembro (270 mil). O Estado que mais perdeu postos no período foi São Paulo, com 7,9 mil postos perdidos. O Rio Grande do Sul perdeu 5,5 mil postos, Minas Gerais 5 mil e Santa Catarina 2,5 mil. Estados do Nordeste somam a perda de 3,3 mil empregos. “O principal problema enfrentado pela indústria calçadista neste período tem sido o cancelamento de pedidos, bem como a postergação e faturamento dos mesmos. Com o varejo fechado, assim como a retração da demanda, não temos novos pedidos, não temos o que produzir. O setor, como produtor de moda, não tem a praxe de trabalhar com estoques”, lamenta o dirigente.
Segundo Ferreira, pesquisa realizada pela Abicalçados aponta que 51% das empresas do setor estão com atividades paralisadas, ou apenas finalizando produtos para utilização da matéria-prima em estoque, para posterior paralisação, sendo que 23% delas não têm previsão de retorno às atividades. “Muitas empresas estão conseguindo manter empregos por meio de acordos proporcionados pela MP 936, com férias coletivas e jornadas reduzidas”, conta.
Exportações
Além do impacto no varejo brasileiro, as exportações de calçados também foram afetadas. Após uma queda de 8,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, os embarques devem cair, pelo menos, 46,4% no segundo trimestre, conforme projeções da Abicalçados. Com isso, no primeiro semestre o revés pode ficar em 23,2%, com o ano fechando com retração de 27,3%, sempre na relação com igual período do ano passado.
A Abicalçados, associação que representa as mais de 6 mil empresas produtoras de calçados do País, divulgará as revisões das projeções semanalmente.
Pesquisa Abicalçados
Impactos da Covid-19 no setor
(amostragem)
Demissões (23/03 a 17/04)
Brasil: 24.400 postos
SP: 7.900 postos
RS: 5.500 postos
MG: 5.000 postos
SC: 2.500 postos
NE: 3.300 postos
Principais problemas reportados: 84% cancelamento de pedidos; 75% postergação de faturamento/entrega de pedidos.
51% das empresas do setor estão paralisadas
23% sem previsão de retorno
Estimativa de impacto na produção de calçados
1º trimestre: - 14,2%
2º trimestre: - 49%
1º Semestre: - 31,8%
2º Semestre: - 22%
Ano 2020: - 26,5%
Estimativa de impacto nas exportações de calçados
1º trimestre:- 8,5% (efetivada)
2º Trimestre: - 46,4%
1º Semestre: - 23,2%
2º Semestre:- 31,3%
Ano 2020: -27,3%
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que a crise já fez com que o setor perdesse 24,4 mil postos de trabalho, de 9% do total de empregos gerados pelas indústrias de calçados na posição de dezembro (270 mil). O Estado que mais perdeu postos no período foi São Paulo, com 7,9 mil postos perdidos. O Rio Grande do Sul perdeu 5,5 mil postos, Minas Gerais 5 mil e Santa Catarina 2,5 mil. Estados do Nordeste somam a perda de 3,3 mil empregos. “O principal problema enfrentado pela indústria calçadista neste período tem sido o cancelamento de pedidos, bem como a postergação e faturamento dos mesmos. Com o varejo fechado, assim como a retração da demanda, não temos novos pedidos, não temos o que produzir. O setor, como produtor de moda, não tem a praxe de trabalhar com estoques”, lamenta o dirigente.
Segundo Ferreira, pesquisa realizada pela Abicalçados aponta que 51% das empresas do setor estão com atividades paralisadas, ou apenas finalizando produtos para utilização da matéria-prima em estoque, para posterior paralisação, sendo que 23% delas não têm previsão de retorno às atividades. “Muitas empresas estão conseguindo manter empregos por meio de acordos proporcionados pela MP 936, com férias coletivas e jornadas reduzidas”, conta.
Exportações
Além do impacto no varejo brasileiro, as exportações de calçados também foram afetadas. Após uma queda de 8,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, os embarques devem cair, pelo menos, 46,4% no segundo trimestre, conforme projeções da Abicalçados. Com isso, no primeiro semestre o revés pode ficar em 23,2%, com o ano fechando com retração de 27,3%, sempre na relação com igual período do ano passado.
A Abicalçados, associação que representa as mais de 6 mil empresas produtoras de calçados do País, divulgará as revisões das projeções semanalmente.
Pesquisa Abicalçados
Impactos da Covid-19 no setor
(amostragem)
Demissões (23/03 a 17/04)
Brasil: 24.400 postos
SP: 7.900 postos
RS: 5.500 postos
MG: 5.000 postos
SC: 2.500 postos
NE: 3.300 postos
Principais problemas reportados: 84% cancelamento de pedidos; 75% postergação de faturamento/entrega de pedidos.
51% das empresas do setor estão paralisadas
23% sem previsão de retorno
Estimativa de impacto na produção de calçados
1º trimestre: - 14,2%
2º trimestre: - 49%
1º Semestre: - 31,8%
2º Semestre: - 22%
Ano 2020: - 26,5%
Estimativa de impacto nas exportações de calçados
1º trimestre:- 8,5% (efetivada)
2º Trimestre: - 46,4%
1º Semestre: - 23,2%
2º Semestre:- 31,3%
Ano 2020: -27,3%
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