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As novas diretrizes
Seção II: Como o jornalista deve proceder diante das
fontes, do público, dos colegas, do veículo para o qual trabalha e das redes
sociais
(...)
5) Diante das redes sociais:
a) O Grupo Globo considera que toda rede social é
potencialmente pública. Mesmo que alguém permita o acesso ao que nela diz ou
publica a apenas um grupo de pessoas, há uma alta possibilidade de que tal
conteúdo se torne público. E, quando essa pessoa é um jornalista, a sua
atividade pública acaba relacionada ao veículo para o qual trabalha. Se tal
atividade manchar a sua reputação de isenção manchará também a reputação do
veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do
jornalismo. Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista que se
dedica a reportagens a desempenhar o seu trabalho. Isso se aplica a todas as
redes – Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp ou qualquer outra que exista ou
venha a existir;
b) Em alguns casos, a perda da reputação de isenção é
evidente de imediato. Em outros, é preciso uma análise criteriosa. Essa
avaliação deve ser feita pelas chefias imediatas e compartilhada com a direção
de redação, que decidirá quando é o caso de encaminhar a questão ao Conselho
Editorial do Grupo Globo;
c) É evidente que, em aplicativos de mensagens, como
WhatsApp e outros, em que há mais controle sobre o acesso, todos têm o
inalienável direito de discutir o que bem entender com grupos de parentes e
amigos de confiança. Mas é preciso que o jornalista tenha em mente que, mesmo
em tais grupos, o vazamento de mensagens pode ser danoso à sua imagem de
isenção e à do veículo para o qual trabalha. E que tal vazamento o submeterá a todas
as consequências que a perda da reputação de que é isento acarreta. Assim,
compartilhar mensagens que revelem posicionamentos políticos, partidários ou
ideológicos, mesmo em tais grupos, exige a confiança absoluta em seus
participantes – confiança que só pode ser avaliada pelo jornalista;
d) Em sua atuação nas redes sociais, o jornalista deve
evitar tudo o que comprometa a percepção de que o Grupo Globo é isento. Por
esse motivo, nas redes sociais, esses jornalistas devem se abster de expressar
opiniões políticas, promover e apoiar partidos e candidaturas, defender
ideologias e tomar partido em questões controversas e polêmicas que estão sendo
cobertas jornalisticamente pelo Grupo Globo. Em síntese, esses jornalistas não
devem nunca se pôr como parte do debate político e ideológico, muito menos com
o intuito de contribuir para a vitória ou a derrota de uma tese, uma medida que
divida opiniões, um objetivo em disputa. Isso inclui endossar ou, na linguagem
das redes sociais, “curtir” publicações ou eventos de terceiros que participem
da luta político-partidária ou de ideias. Quando acompanhar a atividade nas
redes sociais de candidatos, partidos, entidades ou movimentos em torno da
defesa de ideias ou projetos for fundamental para a cobertura jornalística, é
permitido que o jornalista siga as suas páginas ou contas (mas não se deve
curtir os seus posts). Quando for assim, o jornalista deve seguir todos os
candidatos a um cargo majoritário e, nos outros casos, partidos e movimentos
que defendam ideias opostas ou essencialmente diferentes, para que fique claro
ao público que a iniciativa de os seguir não se deve a preferências pessoais.
Da mesma forma, esses jornalistas devem avaliar se sua imagem de isenção estará
sendo comprometida ao compartilhar material de terceiros. Agir de modo
diferente compromete de forma irremediável a isenção do jornalista e mancha a
reputação do veículo para o qual trabalha, com a consequência já mencionada;
e) Como em todos os veículos de imprensa, há no Grupo
Globo jornalistas cuja função é analisar fatos e controvérsias e opinar sobre
eles. Por óbvio, tais jornalistas não ferem o princípio da isenção.
Primeiramente, porque agem com transparência, deixando explícito que não fazem
uma reportagem objetiva sobre os fatos, mas a partir deles os analisam e opinam
sobre eles (ver Seção I, item 1, letra t). É uma atividade jornalística diversa
da reportagem, mas que atende também a uma demanda do público: ter acesso a
opiniões e análises sobre fatos e controvérsias para que possa formar a sua
própria opinião. Tais jornalistas, normalmente chamados de comentaristas,
analistas ou colunistas de opinião, devem ter uma atuação na rede social que
não permita a percepção de que são militantes de causas e que fazem parte da
luta político-partidária ou de ideias. A eles, como a todos, é vedado apoiar
candidatos ou partidos, dentro e fora de eleições;
f) Colaboradores, em seções de análise e opinião, que não
sejam jornalistas, mas profissionais de outras áreas de atuação, devem julgar
como atuar nas redes sociais, conscientes de que a sua reputação, fundamental
para sua condição de colaborador, é afetada por essa atuação. Não é permitido
declarar voto ou fazer propaganda para candidatos ou partidos no material
produzido especificamente para os veículos para os quais trabalham;
g) Por razões correlatas, é imprescindível que o
jornalista do Grupo Globo evite a percepção de que faz publicidade, mesmo que
indiretamente, ao citar ou se associar a nome de hotéis, marcas, empresas,
restaurantes, produtos, companhias aéreas etc. Isso também não deve acontecer
em contas de terceiros, e o jornalista deve zelar para evitar tais ocorrências.
Participantes de programas esportivos televisivos, radiofônicos ou transmitidos
pela internet seguirão neste quesito a política comercial de seus veículos. O
jornalista deve evitar criticar hotéis, marcas, empresas, restaurantes,
produtos, companhias aéreas etc., mesmo que tenha tido uma má experiência. O
motivo é simples: a posição que ocupa nos veículos do Grupo Globo pode levar a
que tenha um tratamento preferencial no reparo de danos sofridos;
h) Essas diretrizes em nada diminuem a importância que o
Grupo Globo vê nas redes sociais. O Grupo Globo estimula o seu jornalista e os
seus veículos a utilizarem as redes sociais como valioso instrumento para se
aproximar de seu público, ampliá-lo, reforçar a imagem de credibilidade de que
já desfrutam, divulgar os seus conteúdos, encontrar notícias, fazer fontes.
Nessa atividade, devem, porém, observar as regras até aqui descritas. E outras
deste código;
i) Os jornalistas do Grupo Globo devem sempre priorizar
os seus veículos na divulgação de notícias, ou seja: noticiar os fatos sempre
em primeira mão nos veículos para os quais trabalham. Somente então, poderão
disponibilizar as notícias nas redes sociais, mas seguindo regras: as notícias
devem ser brevemente resumidas e acompanhadas de um link que permita ao leitor
ler a sua íntegra no veículo que a publicou. Quando a notícia não dispuser de
um link específico, é obrigatória a publicação de um link do veículo para o
qual trabalha, com a especificação da editoria, para que o leitor possa buscar
mais detalhes. Devem agir de forma igual os comentaristas, analistas e
colunistas de opinião em relação ao que produzirem para os veículos para os
quais trabalham;
j) A publicação de reportagens certamente vai gerar
comentários dos leitores. O jornalista do Grupo Globo deve tratar todos com
respeito. Pode esclarecer dúvidas e comentar críticas. Se estas forem
ofensivas, talvez seja melhor simplesmente não responder. Se se sentir vítima
de abuso, é legítimo que o jornalista do Grupo Globo bloqueie os ofensores. Mas
é preciso critério: não confundir críticas contundentes, mas legítimas, com
ofensas e abusos;
k) O jornalista do Grupo Globo, sem exceção, não pode,
por óbvio, criticar colegas de suas redações ou de redações de competidores nas
redes sociais. O crítico acaba sempre por se diminuir diante do público. Da
mesma forma, chefias não devem usar as redes sociais para elogiar os próprios
veículos ou criticar concorrentes. Elogios e críticas podem ser interpretados
como arrogância, algo que deve sempre ser evitado. Nesses dois casos, com
propósitos construtivos, devem ser sempre priorizados os canais internos;
l) Essas regras são válidas para todos os jornalistas do
Grupo Globo e devem ser rigorosamente observadas. As chefias diretas ficam com
a incumbência de implementá-las, torná-las uma realidade e, em caso de faltas
por parte de jornalistas, dividir os episódios com a direção de redação do
veículo, que decidirá então se é o caso de levá-los à apreciação do Conselho
Editorial do Grupo Globo;
m) O Grupo Globo tem a compreensão de que, muitas vezes,
o jornalista pode se sentir em dúvida sobre se um texto seu nas redes sociais
resvala na tomada de posição, ferindo o princípio da isenção. A única solução é
consultar a chefia.
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