O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve, nesta quarta-feira (19), a taxa Selic em 10,50% ao ano. Isso se deve, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a uma grande deterioração das expectativas de inflação nos últimos 45 dias, em virtude de uma política fiscal menos austera, e à incerteza quanto à condução da política monetária no próximo ano. “Entendemos que o melhor cenário para o setor industrial seria a continuidade do ciclo de redução dos juros, principalmente devido às condições difíceis que as empresas no Rio Grande do Sul estão enfrentando. No entanto, manter o ciclo de cortes, diante do desajuste macroeconômico das últimas semanas, pode ser prejudicial para a indústria. Com a alta da taxa de câmbio e o aumento das expectativas de inflação, há riscos de elevação das taxas de juros futuras, afetando os custos de empréstimos e financiamentos”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Segundo o presidente da FIERGS, é necessário que as condições para retomar a redução dos juros sejam restabelecidas nos próximos meses, permitindo ao Banco Central agir com segurança para auxiliar na recuperação econômica do Rio Grande do Sul. No entanto, há riscos para a concretização desse cenário. No âmbito doméstico, por exemplo, a inflação de maio mostrou-se significativamente acima das expectativas do mercado, impulsionada em parte pelos preços dos alimentos, que foram afetados pelas enchentes no RS. Há também dúvidas quanto ao cumprimento das metas estabelecidas no novo arcabouço fiscal. No cenário externo, há incerteza quanto ao início da redução dos juros na economia americana.