Free Mandela” foi uma palavra-de-ordem que correu o
mundo.
O significado era duplo: liberdade para o líder
sul-africano e ao mesmo tempo “libertemos Mandela”, um imperativo de
consciência.
Lula – com a concordância de muitos lulopetistas – anda
se comparando ao ex-presidente da unificada África do Sul.
Seus apoiadores mais empedernidos lançaram a campanha
“Lula livre”, mirada no que aconteceu ao ganhador do prêmio Nobel da Paz em
1993.
Mandela foi encarcerado em decorrência de sua luta contra
o apartheid na África do Sul. Lula, por chefiar a corrupção sistêmica nos
governos lulopetistas e por dela se beneficiar pessoalmente, segundo o
entendimento da 13ª Vara Federal de Curitiba e do Tribunal Federal Regional da
4ª Região, de Porto Alegre. E não cabem mais recursos no mérito do julgamento,
mas apenas na ritualística do processo do Triplex do Guarujá.
Mandela liderou o Congresso Nacional Africano – CNA – na
época da segregação racial e da supremacia branca na África do Sul. Lutou pela
universalização dos direitos civis em seu país.
Os crimes pelos quais Lula começou a cumprir pena
aconteceram quando o Brasil vivia o Estado Democrático de Direito, no maior
período da história do Brasil sob o império da democracia.
Mandela, encarcerado, manteve a luta contra o apartheid
por 27 anos e comandou a transição para uma democracia, em que foi vitoriosa a
bandeira “um homem, um voto”.
Lula tenta politizar sua condição de preso comum, como se
sua liderança popular e realizações de seus governos lhe outorgassem passaporte
para a impunidade.
Os crimes de que Mandela foi acusado – pleitear a
igualdade jurídica entre todos os habitantes de seu país – o fizeram tornar-se
uma personalidade mundial, reconhecida em todas as latitudes, como um herói da
luta pelos direitos humanos.
Os crimes de que Lula é acusado foram, são e serão crimes
em qualquer quadrante do Planeta. Não há um só país que aceite a corrupção como
sistema de construção de alianças políticas e de obtenção de vantagens
pessoais. Não há país que, em sua legislação, autorize chefes de governo a
liderar o saque a recursos públicos e a beneficiar-se pessoalmente dessas
ações.
Mandela teve a grandeza de unir os cidadãos e cidadãs de
seu país em uma democracia imperfeita como qualquer outra, mas destituída da
segregação e separações em decorrência da cor da pele e das características
físicas das pessoas.
Não restou a Mandela qualquer revisão de seus objetivos
de vida. Quanto mais se joga luz sobre seu passado, mais esse ser humano
especial merece a consideração de todos.
Quanto mais se joga luz sobre a vida de Lula, a política
e mesmo a pessoal, mais se evidenciam os indícios e provas de sua participação
– e obtenção de benesses pessoais – na apropriação privada dos recursos
públicos, pelo seu partido, por muitos do seu entorno e pelo próprio, nos
mecanismos de corrupção sem precedentes na história de nosso país e,
provavelmente, do mundo.
Mandela agora faz parte da história e tem um legado
político e pessoal admirável, ontem, hoje e no futuro.
O mesmo não pode se dizer do sr. Luís Inácio Lula da
Silva, que passará muitos anos de sua vida nas malhas da justiça criminal
comum. Seu horizonte é de, no máximo, colaborar com a Justiça e reconhecer seus
erros, para obter alguma complacência.
Comparar Nelson Mandela a Lula é um acinte à memória do
líder sul-africano e, em decorrência, à honra de todos os lutadores pelos
direitos humanos e demais causas sociais e humanitárias.
Nenhum humanista, nenhum democrata, pode aceitar
impassível tamanha estultice.
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Roberto Freire é presidente nacional do PPS (Partido
Popular Socialista).