Eleito Bolsonaro, a nervosa expectativa pelo resultado de
sua vitória cedeu lugar à outra ansiosa espera, agora, relacionada à
constituição de seu governo. Tive preocupação em saber se cada nome divulgado
teria ou não ligação com os governos anteriores, e senti um cheiro azedo de
Dilma, Lula e Sérgio Cabral, ao divulgarem o nome de Joaquim Levy para o BNDES.
Aguardei, dias seguidos, o escolhido para um dos mais
preocupantes Ministérios, no momento atual: o da Educação. A natural demora
indicava a difícil empreitada na escolha de alguém que preenchesse todas as
exigências para a reestruturação do ensino no Brasil. Mas ..., e o “mas” é
sempre um paredão a interpor-se no caminho, a água no chope de qualquer
comemoração.
Senti-me frustrada com a escolha de um colombiano para
executar a difícil tarefa de recomposição das raízes culturais brasileiras
infestadas de fungos, injetados pela maldita praga petista. Surpreende-me não
haver um brasileiro capacitado a exercer tal cargo e que incluísse em sua
missão uma assepsia mental nos professores, usados como transmissores da doença
socialista. É de chorar de tristeza saber da inexistência de professor nativo
que tenha saído ileso do contato com a barbárie progressista e não esteja em
condições de transformar o futuro Ministério da Educação e Cultura num centro
irradiador de estudos humanísticos e tecnológicos. Sim, porque limitar-se à
tecnologia, é o caminho mais rápido de emburrecer o indivíduo, torná-lo
autômato, uma casca sem miolo.
Será mesmo que dos extensos anos de extermínio do
conhecimento praticado pelo petismo não tenha sobrado um sobrevivente,
brasileiro nato, capacitado à reestruturação do programa educacional, a
reavivar a cultura nacional, e levar a população a ter intimidade com a sua
terra?
Se a escolha para tal missão, ainda que recaísse num
intelectual português, viria eu da mesma forma criticá-la, mas não me causaria
tamanha estranheza, por saber que não haveria danos nos currículos de Língua,
de Literatura e de História.
Pela herança linguística e cultural que recebemos de
Portugal, jamais iríamos substituir Machado de Assis por João Manuel de
Castela, nem Memórias Póstumas de Brás Cubas por El Conde Nicanor. Não iríamos
substituir os feitos de Duque de Caxias pelos de Simon Bolívar, nem
introduzi-lo na historiografia e iconografia brasileiras.
Por mais abrasileirado que seja, os antecedentes
culturais da origem castelhana que correm nas veias do novo Ministro da
Educação, falarão mais alto e a língua e a cultura brasileiras irão, pouco a
pouco, desviar-se de suas origens, as que ainda restam, após a passagem danosa
de dois presidentes: um analfabeto e outro, afásico. Nada mais restaria, caso
tivesse sobrevivido o fantoche Haddad.
Fatalmente, língua e cultura, farão parte da mixórdia que
deverá compor um possível projeto “Mercosul Cultural”. Assim como estão mudando
as placas dos carros para a extinção das fronteiras rodoviárias, assim como foi
retirado o brasão da República da capa do passaporte, assim será extinto o que
resta do ensino nacional em nome da hipócrita unidade andino-brasiliense.
Pior ainda. É do conhecimento de todos que essa escolha
resultara da intermediação de um guru, atualmente tão em evidência, que uma
conhecida jornalista declarou, num de seus vídeos, tê-lo adotado como tal. Que
decepção! Pensei que tivesse personalidade forte para não se deixar levar por
ideias que, mesmo assemelhadas, não são as suas.
Quanto a Bolsonaro, eleitora que sou desde a sua primeira
disputa política como vereador, considero um homem firme, de personalidade
marcante e que nunca seguiu atalhos em sua caminhada, sempre pondo em prática o
que afirmava sem jamais ter percorrido o mesmo solo pisado por outros. Mas
sempre há um ‘de repente ...’, sempre há um escorregão na casca de banana que
os que desejam aparecer jogam à sua frente.
Será, também, que tomou como seu o mesmo guru? Temo por
isso.
Recentemente falecido, o General de Exército Paulo Cesar
de Castro seria o homem ideal para assumir o Ministério da Educação. Tendo
chefiado Departamentos relacionados ao Ensino, à Pesquisa, à Educação e à
Cultura, no Exército, era muito preocupado com a degradação do ensino no país.
Infelizmente, não lhe foi concedido pelo Altíssimo assistir às mudanças que
começaram a ocorrer no Brasil.
Um ponto de interrogação fica registrado, considerando a
minha decepção por saber que só no Brasil escolhe-se um nascido em terras do
outro lado da fronteira, para determinar o que deve ou não o brasileiro
estudar.
Sou radical, portanto, conservadora, mas antes de tudo,
brasileira. Seria possível, na Colômbia, um convite a algum brasileiro, mesmo
culto, mesmo naturalizado, para ocupar cargo de Ministro de alguma coisa?
Certeza eu tenho, infelizmente, de que continuamos,
psicologicamente rendidos a uma suposta competência de um nome estrangeiro. Não
há jeito de pormos um fim a essa situação constrangedora de país submetido.
Doutora em Língua Portuguesa. Acadêmica Fundadora da ABD.
Membro do CEBRES.