Artigo, Renato Sant'Ana - Alckmin acredita mesmo que brasileiros não são tolos ?

Geraldo Alckmin quer a tutela do TSE para "desfalar" o que já falou. Normal, ele é candidato a vice do Lula, que ganhou de presente do STF o status de "descondenado". Saliente-se que Lula não foi absolvido.

Ocorre que, em 2017, numa convenção do PSDB, Alckmin falou: "Os brasileiros não são tolos. E estão vacinados contra o modelo lulopetista de confundir para dividir, de iludir para reinar. Mas vejam a audácia dessa turma! Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime."

Na ocasião, Alckmin ainda apontou pormenores da roubalheira do PT na PETROBRAS e a herança maldita de Dilma Rousseff: a maior recessão da história do país e mais de 15 milhões de desempregados (nem a pandemia desempregou tanta gente!).

Terá ele mudado de ideia? Oh, não! Alckmin não é nenhum tapado. Sabe o que há nos autos das condenações de Lula. E traz no ouvido ecos do que disseram ministros do STF como, por exemplo, Gilmar Mendes, para quem a anulação de processos da Operação Lava Jato foi um "ato formal" e que erros processuais (alegados para a anulação) não apagam fatos revelados pela polícia, concluindo: "Ninguém discute se houve ou não corrupção".

E Luiz Fux, lembrando o mensalão e a Lava Jato, também afirma que houve "uma anulação formal, mas aqueles 50 milhões [do Geddel] eram verdadeiros, (...). O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu US$ 98 milhões e confessou efetivamente que tinha assim agido".

Mendes e Fux são taxativos quanto à alta corrupção nos governos do PT. Fora disso, o que há é fake news propagada pela militância desvairada.

Só lembrando: Geraldo Alckmin é o candidato a vice de Lula. E parece que seu jogo atual é uma aposta em que o eleitor é tolo.

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail: sentinela.rs@outlook.com


Artigo, Guilherme Baumhardt, Correio do Povo - Supremacista é o raio que o parta!

Artigo, Guilherme Baumhardt, Correio do Povo - Supremacista é o raio que o parta!

Nos anos 1970, o então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista à revista Playboy e disse o seguinte:


Entrevistador – Há alguma figura de renome que tenha inspirado você? Alguém de agora ou do passado?


Lula – Há algumas figuras que eu admiro muito, sem contar o nosso Tiradentes e outros que fizeram muito pela independência do Brasil (…). Um cara que me emociona muito é o Gandhi (…). Outro que eu admiro muito é o Che Guevara, que se dedicou inteiramente à sua causa. Essa dedicação é que me faz admirar um homem.


Entrevistador – Diga mais…


Lula – Por exemplo… O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.


Entrevistador – Quer dizer que você admira o Adolf?


Lula – Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as ideias dele, a ideologia dele...


Pois bem. Lula, que já disse admirar a disposição, a força e a dedicação de Hitler, agora chamou os brasileiros que foram às ruas, no 7 de Setembro, de supremacistas brancos. Durante ato eleitoral, no Rio de Janeiro, o palanque ambulante disparou: “Eu não sei se vocês viram na televisão, foi uma coisa muito engraçada, que no ato do Bolsonaro parecia uma reunião da ‘Cus Cus Clã’ (sic). Só faltou o capuz. Não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador”. Lula se referia ao grupo supremacista branco Ku Klux Klan.


Não sei quanto ao leitor, mas eu vi pobres, eu vi negros, eu vi pardos vestindo o nosso verde e amarelo. Tão logo o ex-ocupante de uma cela da Polícia Federal disparou a sua verborragia, inúmeras pessoas negras, pardas ou visivelmente simples foram às redes e postaram fotos suas ou com outros manifestantes, nos atos do 7 de Setembro. Gente comum, como eu e você.


É curioso que Lula use um grupo segregacionista para criticar um opositor. Logo, ele, Lula, que durante anos alimentou a política do “nós contra eles”, semeando ódio e colhendo tempestade. O mesmo Lula, que durante as suas gestões, implementou em universidades e concursos públicos as chamadas cotas raciais.

Graças à invencionice petista, instituições públicas (a Ufrgs é uma delas) passaram a ter tribunais raciais, em que “ungidos” analisavam o fenótipo daqueles que disputavam uma vaga. A turma que integra o tal tribunal (que obviamente tem outro nome, mais politicamente correto) analisa cabelo, formato do nariz, cor da pele. Já escrevi e reforço: eu teria vergonha de participar de algo assim. É uma vergonha.


Lula já chamou o agro brasileiro de fascista. Agora, ofende aqueles que foram às ruas, no 7 de Setembro, comparando-os a supremacistas. Não faz muito tempo, Lula agradeceu a natureza pela existência do coronavírus e, mais recentemente, soltou o seguinte absurdo: “Quer bater em mulher, vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa”, uma fala que a maior parte da imprensa brasileira chamou gentilmente de “gafe”.

Pelo bem do país, fale mais, Lula, fale mais.

Bolsonaro não está se preparando para um golpe. Ele está se preparando para uma revolução, por Miguel Lago, NYT

- Artigo publicado no New York Times.

O Sr. Lago leciona na Universidade de Columbia e escreve frequentemente sobre a política e a sociedade do Brasil.

RIO DE JANEIRO - É época de eleições no Brasil, e o burburinho habitual de atividade enche o ar. A imprensa acompanha

avidamente as campanhas, divulgando perfis de candidatos e especulando sobre futuras coligações. Apoiadores do candidato à frente,

o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, debatem acaloradamente quem serão os próximos ministros. E todos os envolvidos estão

cruzando o país para comícios, em um esforço enérgico para obter o voto.

No entanto, Jair Bolsonaro, o presidente de extrema direita do país, se destaca. Embora seus adversários tenham passado meses

ansiosos pela eleição, ele tentou desacreditá-la preventivamente. Ele questionou o papel da Suprema Corte e pôs em dúvida, de

maneira loquaz e frequente, o processo eleitoral. Ele fala como se a eleição fosse um estorvo, uma irritação. Ele diz que não aceitará

nenhum resultado que não seja uma vitória.

Para alguns, isso parece a base para um golpe . Nessa visão, Bolsonaro pretende recusar qualquer resultado eleitoral que não o

agrade e, com a ajuda dos militares, instalar-se como presidente permanentemente. A leitura está meio certa: Bolsonaro não pretende

deixar o cargo, independentemente do resultado das eleições. Mas não é um golpe, com sua necessidade de consenso de elite e

abstenção de mobilização de massa, ele está atrás. É uma revolução.

Desde o início de seu mandato, Bolsonaro se comportou mais como um líder revolucionário do que como um presidente. Em seu

primeiro mês no cargo, ele disse que seu papel não era construir nada, mas “ desfazer ” tudo. Em vez de administrar um governo, ele

tentou desestabilizá-lo. Ele se recusou a ocupar cargos em agências reguladoras cruciais, colocou apoiadores sem conhecimento

técnico em altos cargos, subfinanciou programas sociais, puniu funcionários públicos por fazerem seu trabalho e negligenciou uma

resposta coordenada à pandemia, que matou mais de 680.000 brasileiros.

O artigo, em inglês.

It’s not destruction for its own sake, however. Dismantling the state is how Mr. Bolsonaro galvanizes his supporters. By identifying

clear enemies and antagonizing them, he excites his followers and, crucially, enlists their support. Everything he does — decrees, bills,

pronouncements, demonstrations, alliances — is framed for the digital infrastructure of YouTube, Telegram and WhatsApp. The more

radical his actions and words, the more engagement he generates.

Support for Mr. Bolsonaro may start online, but it leads to the streets. For the past year, Mr. Bolsonaro has conducted a bimonthly

“motociata,” a march with thousands of motorcycles that looks very much like a brute show of strength. His presidency, in fact,

aspires to be a permanent rally. On Sept. 7 last year, Brazil’s Independence Day, he gathered almost half a million people to protest

against the Supreme Court. On the same day this year, he has promised a big military parade to show the army’s support for his

government.

It’s not just the military. Many of Mr. Bolsonaro’s most fervent supporters are notable for their power over common citizens. He is

popular among police officers — a 2021 study estimated that 51 percent of Brazilian street-level police officers were active members of

pro-Bolsonaro groups online — and he is also a favored candidate among gun owners. Of those who approve of his government, 18

percent say they already have a gun at home and almost half would like to have one.

They may get their wish. One of the major achievements of the Bolsonaro administration has been to weaken gun control, flooding the

country with firearms. In 2018, there were around 115,000 people with special licenses to carry a gun in the country. Now there are

over 670,000 people holding these licenses — more than in the police and the armed forces. A substantial number of them adore Mr.

Bolsonaro and are organized into a vast network of nearly 2,000 gun clubs.

Militant and committed, these are the foot soldiers of any future revolution. There’s a lot we don’t know about how that might come

about. But it’s clear that if a contingent of supporters, armed and determined to keep Mr. Bolsonaro in power, burst into Brasília, the

capital, it would create chaos. In many major cities, it’s not impossible to imagine an insurrection led by police forces — while truck

drivers, overwhelmingly pro-Bolsonaro, could block the roads as they did in 2018, creating havoc. Evangelical pastors, whose

congregants by large margins support the president, could bless those efforts as part of the fight for good against evil. Out of such

anarchy, Mr. Bolsonaro could forge dictatorial order.

Who will stop him? Probably not the army. Mr. Bolsonaro, after all, has many supporters in the military and over 6,000 military

personnel working in his government, filling civilian roles. For its part, the army seems to be relatively relaxed about a possible

takeover and has — to put it mildly — no special attachment to democracy. There is no sign, as far as can be seen, that the armed

forces could be protagonists of a coup. But neither is there a sign that they would resist an attempt at revolution.

Democratic forces are unlikely to fare much better. For all Mr. da Silva’s popularity, left-wingers seem to have lost their capacity to

rally the masses. The 13 years of a left-led government that ended in 2016 did much to disperse and weaken social movements, and

they have struggled in the years since to recover their dynamism. Demonstrations against Mr. Bolsonaro, for example, have been

poorly attended. And political violence is on the rise: A member of Mr. da Silva’s party, for example, was recently killed by a

Bolsonaro supporter. People would certainly think twice before going to the streets to defend a Lula victory.

The best bulwark against a revolution, curiously, might be the United States. The Biden administration could make clear the profound

costs, in the form of sanctions and international isolation, that would follow any seizure of power. That in turn could frighten big

Brazilian businesses — which, as influential backers, can exert considerable pressure on Mr. Bolsonaro — into defending democracy.

If the difficulties of executing a revolution are too great and the rewards seem slim, it’s conceivable that Mr. Bolsonaro will back down — or simply stage a performance, as former President Donald Trump did, to maintain control over his followers and prepare the

ground for the next election.

The last time Brazil experienced similar political chaos was in 1964, when a military coup removed a democratic government that was

trying to carry out progressive reforms. It took just a few hours for the United States, then led by Lyndon Johnson, to recognize the

new government of Brazil.

A lot hinges on the hope that the United States now values democracy a bit more.

Miguel Lago is the executive director of the Institute for Health Policy Studies and teaches at Columbia University.

The Times is committed to publishing a diversity of letters to the editor. We’d like to hear what you think about this or any of our articles. Here are some tips. And here’s our

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