Artigo, Guilherme Fiúza, Época - A última trincheira chavista

O Supremo Tribunal Federal partiu para o vale-tudo. A partir de agora, se o Brasil ficar em casa, vai ter golpe.
A democracia brasileira foi sequestrada há 13 anos e ficou refém de uma chantagem emocional. Qualquer abuso de poder, qualquer transgressão qualquer crime passaram a ser indultados em tempo real por uma crença miserável: a de que o país havia chegado ao paraíso da justiça social após cinco séculos de opressão, e que não se podia tocar em Lula e no PT – sob o risco de o encanto se quebrar. Foi assim que floresceram o mensalão e o petrolão, numa boa.
Já no terceiro ano do sequestro, o homem-bomba Roberto Jefferson mostrou ao país o que os iluminados da justiça social estavam fazendo no escurinho. Aí o Brasil tomou uma providência drástica: mandou continuar o roubo. O próprio Lula ficou surpreso ao constatar que, apesar da revelação obscena do valério-duto, seus súditos caminharam alegremente para as urnas e sancionaram o esquema, dando-lhes a reeleição. Lula é inteligente, e entendeu o recado: agora eu posso tudo.
E fez de tudo. A Lava Jato veio mostrar o que parecia impensável: naquele momento em que Lula aparecia, contrito e cabisbaixo, pedindo desculpas à nação pelo mensalão, a turma do petrolão levava ao gabinete dele a negociata de Pasadena. Em plena chaga aberta do esquema de Marcos Valério, Dirceu, Delúbio e companhia, o governo do PT montava tranquilamente a compra de uma refinaria enferrujada que irrigaria de propinas a eleição de 2006.
Definitivamente, inibição não é o problema desse pessoal
Seguiu-se uma década de trampolinagens, que arrebentaram a maior empresa nacional e levaram o país à recessão profunda, mas o sequestro da democracia perdurou- o suficiente para garantir o quarto mandato consecutivo dos sequestradores. Quando Dilma foi reeleita no meio da orgia, toda lambuzada de petrolão, os meteorologistas da política decretaram: acabou a Lava Jato. As urnas calaram Sérgio Moro.
Só que não. Como tem sido repetido neste espaço: Sérgio Moro só é parável à bala
E foi assim que o país chegou a beira do impeachment, apesar de sua opinião pública frouxa, de sua oposição débil e da chantagem emocional do filho do Brasil – que não sabia de nada e não tinha nada, só um par de pedalinhos personalizados. Até no Congresso Nacional, que também esteve sequestrado todo esse tempo pelo exuberante caixa do Partido dos Trabalhadores, o vento virou. E onde foi que o vento não virou?
No Supremo Tribunal Federal. A Corte máxima do país é a última cidadela dos malandros, o bastão final do parasitismo erudito, a derradeira trincheira do chavismo companheiro. Foi esse poder aparelhado que impediu até agora a abertura de investigação contra a arquissuspeita Dilma Rousseff, madrinha de Erenice, de Pasadena, de Mercadante, de Delcidio, das pedaladas, de Cerveró, de Edinho, das
manobras obstrutivas à Lava Jato. A presidente que mandou o Bessias com um termo de posse ministerial para esconder o ex-presidente da polícia.
Em triangulações mágicas entre o procurador-geral, o ministro da Justiça e o ministro relator do petrolão no STF, essa presidente atolada num pântano de indícios e evidências se manteve olímpica: “Não há elementos para se investigar Dilma”.
No momento em que, apesar de todo esse eficiente circo mambembe, o impeachment amadurece, surge a bala de prata do supremo golpismo: pedir o impeachment de Michel Temer. Do mesmo jeitinho com que o STF blindou a companheira presidenta e alterou o rito do impeachment dela: metendo o pé na porta do Congresso Nacional. Se não é Teori, é Barroso, se não é Barroso, é Lewandoski – o presidente certo na hora certa - , se Toffoli recua, surge Marco Aurélio (elemento surpresa).
Dois anos de literatura da Lava Jato estampam, de forma cristalina, que o esquema de Lula, a preposta é Dilma e o arcabouço é o PT. Mas, para manter o sequestro, vale atirar no vice-presidente, É a bala de prata.

Ai o país abobado se pergunta por que Temer é melhor que Dilma. Deve ser por isso que Lula, na porta da cadeia, continua acreditando que repetirá o milagre do mensalão e sairá de novo nos braços do povo. Se o povo não falar grosso agora com os embusteiros do STF, demonstrará que merece Lula. Pa

Análise, ITV - Brasil é o país que mais desemprega no mundo

Síntese: Em 2015, o Brasil tornou-se o país que mais gerou desempregados em todo o mundo. O país viveu uma reversão no mercado de trabalho como nenhuma outra nação, em análise que leva em conta 59 principais países. A economia brasileira é hoje a terceira com mais desempregados, atrás apenas das superpopulosas China e Índia. Países que sofreram com a crise global de 2008 hoje exibem expressiva geração de postos de trabalho: no ano passado, os EUA liderou a redução do número de desempregados. Em termos relativos, o Brasil também aparece mal na lista: a taxa de desemprego aumentou 2,5 pontos, abaixo apenas da Nigéria, atolada em guerra civil.
No primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, o Brasil tornou-se detentor de um triste título: o país que mais gera desempregados em todo o mundo. A constatação vem de levantamento feito a partir de estatísticas relativas ao mercado de trabalho em 59 países referentes ao ano de 2015. O Brasil lidera a lista com 2,6 milhões de novos desempregados.

Em 12 meses, o total de desempregados no país passou de 6,5 milhões para os 9,1 milhões registrados em dezembro último, de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE. Nenhuma outra nação do mundo sofreu reversão tão abrupta no mercado de trabalho em tão pouco tempo. O Brasil aparece no ranking à frente de países cuja situação política, econômica e social é muito mais conturbada que a nossa.

O segundo lugar da lista é ocupado pela Nigéria, que sofre com o terrorismo do grupo radical Boko Haram. Lá 2,4 milhões de pessoas perderam o emprego em 2015, ou seja, quase 10% menos que no Brasil. Em seguida, estão a Rússia (276 mil novos desempregados), país que amarga sanções internacionais e queda nas cotações de suas principais matérias-primas, e o Irã (261 mil), que só agora está conseguindo se livrar de um embargo econômico internacional.

O levantamento sobre a situação do mercado de trabalho no mundo foi feito pelo Instituto Teotônio Vilela a partir de estatísticas, informações, dados e estimativas oficiais disponibilizadas por Banco Mundial, OIT, CIA e pelo site de monitoramento internacional Trending Economics.

O estudo considera todos os países da União Europeia, todos os 34 membros da OCDE, as economias mais desenvolvidas, os emergentes e todas as nações da América do Sul, exceto a Bolívia (que ainda não dispõe de estatísticas para 2015 nas bases utilizadas).
Demissões aqui, contratações lá fora
O governo brasileiro costuma apontar a "crise internacional" como principal razão para os retrocessos econômicos e sociais no país - e, em especial, de sua manifestação mais danosa, o desemprego. No entanto, nações que experimentaram quedas muito mais agressivas na atividade produtiva na sequência da quebradeira global de 2008/2009 exibem hoje situação oposta à do Brasil, ou seja, geram empregos - e não eliminam.

Nesta situação estão economias como Itália, Espanha, Portugal e Estados Unidos. Epicentro da crise das subprimes, os EUA foram o país onde o número de desempregados mais caiu no ano passado, com 1,4 milhão a menos. Outros exemplos: Espanha (-714 mil desempregados), China (-504 mil) e Grécia (-111 mil). A Europa como um todo reduziu seu contingente de desocupados em 2 milhões de pessoas em 2015, de acordo com a OIT.


Quinto país mais populoso do mundo, o Brasil é hoje o terceiro em número absoluto de desempregados, atrás apenas de China e Índia, cujas populações são entre seis e sete vezes maiores que a brasileira. No ano passado, com a ascensão do desemprego aqui, ultrapassamos dois países, EUA e Indonésia, neste ranking. Mesmo com população muito menor, o exército de desempregados brasileiros é somente metade do indiano e um terço do chinês.