Na dinâmica do jogo político todos os atores cometem
erros. O problema mais sério dos erros políticos é que são públicos nas suas
causas e consequências. Há erros de toda ordem; na escolha dos auxiliares de
confiança, nas decisões equivocadas, na formulação da estratégia e,
lastbutnotleast, nas declarações e pronunciamentos.
Esses últimos são alguns dos erros mais graves que Lula
vem praticando, neste momento decisivo e crítico para o governo de Dilma para o
qual foi convocado com a missão de salvá-lo do impeachment.
São erros provindos da incontinência verbal, que é uma
das características do político Lula.
São, contudo, erros boomerang: ele os atira contra seus
alvos, mas o boomerang faz a volta e retorna para atingi-lo.
Curiosamente são agressões expressas em linguagem chula,
baixa e grosseira a que recorre quando enfrenta uma situação que o ameaça e o
assusta. São declarações autodestrutivas que provocam estragos na sua imagem e
criam constrangimento (quando não revolta) naqueles a que são dirigidos.
Lula parece ter escolhido para agredir com uma linguagem
muito ofensiva todos os que ou vão julgá-lo ou aqueles de cuja boa vontade vai
depender.
Assim, além do Juiz Sérgio Moro, ele ofendeu o Procurador
Geral da República, o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público, a Receita
Federal, a Polícia Federal, atacou as redes de TV, Presidente da OAB,
Presidente do Senado.
Para eles Lula, implícita ou explicitamente acrescenta,
com termos e expressões estranhos à política civilizada, a acusação de traição,
de ingratidão e de falta de reconhecimento, como se a indicação ou nomeação de
uma autoridade trouxesse consigo a obrigação da submissão aos seus desejos e
interesses.
Não haverá tempo suficiente para Lula reatar suas
relações com a realidade o que, até agora, era um dos traços mais fortes da sua
personalidade política.