Estruturas de estado foram erodidas. Nomeações e expurgos
espúrios se tornaram rotina. Pessoas de bem foram silenciadas ou eliminadas. Ao
mesmo tempo, centenas de milhares de apoiadores do futuro ditador de forma
oportunista foram cooptadas e aceitaram sua oferta de beijo da morte. Milícias
foram formadas. Seguidores fanáticos foram entregando suas almas em troca de
privilégios na estrutura estatal, regados naquele tempo com os recursos fartos
do petróleo a cem dólares o barril.
Muitos aceitaram passivamente o cenário que se desenhava,
na certeza que a recompensa imediata não representava nenhum risco, nem para o
pais, quanto menos para entes queridos. Estavam mortalmente errados. A mudança
foi gradual e paulatina. Mas não passou desapercebida por alguns poucos
venezuelanos que antevendo que seu pais estava entrando na espiral
neocomunista, travestida com tempero caribenho e bolivariano, imediatamente
começaram a fazer as malas para deixar o pais, sentindo o prenuncio da
catástrofe que finalmente iria engolir o pais em futuro não muito distante.
Foram proféticos.
O cenário de horror, cujos primórdios agora estão
perdidos em registros históricos facilmente manipuláveis, revela-se bastante
familiar aos eventos que vem ocorrendo em um determinado pais ao sul do
equador. As semelhanças são evidentes, especialmente em relação à corrosão
moral das instituições pela corrupção, não por acaso, o estágio inicial da
inexorável derrocada final se nada for feito para impedir que assim aconteça.
Enganam-se aqueles que afirmam que o movimento de
abandono da Venezuela começou em 2017, com hordas de refugiados chegando em
Roraima ou indo para a Colômbia em fuga desesperada. Teve inicio muito antes,
ainda no alvorecer dos anos 2000, quando ainda havia oportunidade de se
realizar uma mudança planejada de vida em tempo. Hoje não é mais possível.
Hoje, venezuelanos cruzam a fronteira com a roupa do corpo em busca de abrigo,
segurança, comida e remédios, resultado esperado e previsível após anos de
implantação do mesmo neocomunismo assassino que dilacerou todos os países por
onde passou. Sem nenhuma exceção. A Venezuela foi apenas mais um a sucumbir,
embora longe de ser o último.
Agora se junta à lista negra de morte e destruição que
inclui a ex-União Soviética, todos os países da ex-cortina de ferro, China,
Vietnã, Camboja, Coréia do Norte e, claro, Cuba, a favela rediviva da ditadura
castrense, talvez o retrato mais fiel e duradouro desse vírus mortal conhecido
por socialismo.
Em todos esses países o processo seguiu sempre a mesma
cartilha e começou sempre pela destruição dos valores morais universais
inerentes a qualquer ser humano: Deus, família, liberdade são imediatamente
substituídos respectivamente pelo Estado, partido e pela libertinagem. Não
existe mais a pessoa. Ela agora faz parte de um coletivo ou minoria. O espirito
divino presente em cada um é substituído pela religião estatal, cujos
interlocutores são os comissários do partido totalitário. O respeito ao
individuo, sua vida, liberdade e propriedade, é substituído pela paz dos
cemitérios, pois somente nestes todos podem ser igualados à força, uma vez que
cada ser humano é único e insubstituível. Quando o neocomunismo penetra
organicamente as instituições o colapso passa a ser apenas uma questão de
tempo, pois a terra do consenso pelas leis é substituída pela terra dos lobos
onde apenas prevalece a força das armas.
Os acólitos do partido único, repletos de ressentimento e
ódio pelos seus conterrâneos, recepcionam de bom grado os novos tempos, pois
somente dentro da ditadura do partido único conseguem algum holofote na escuridão
de sua própria incompetência e mediocridade. Não por acaso, a primeira e mais
importante vitima dos comissários totalitários é justamente o livre mercado,
pois este é a expressão suprema da cooperação voluntária pela excelência. Todos
podem entrar em sair quando querem de uma sociedade aberta e livre, algo
incompreensível para a horda de fanáticos do partido único, entidade
supra-humana com poder de vida e morte sobre seus súditos.
Na sociedade aberta, onde a busca do conhecimento e da
excelência pelo mérito prevalecem, os medíocres e mornos não tem nenhuma
chance, visto que não são capazes de oferecer valor aos seus conterrâneos.
Apenas sabem extrair riquezas, como parasitas sociais que são. Por esta única
razão, regimes totalitários precisam de um estado burocrático gigantesco, pois
somente assim os medíocres podem ter sua existência reconhecida, pagos a peso
de ouro com os recursos extraídos daqueles que efetivamente criam riqueza.
Claro que este estado insustentável de coisas não pode durar para sempre. Que o
digam Cuba e Venezuela. Aliás, qualquer outro pais que segue a mesma cartilha
sempre tem o mesmo fim, exatamente como a história registrou incontáveis vezes.
Muitos inocentes úteis somente percebem a gravidade da
situação quando já é tarde demais. Estes, iludidos ingenuamente pelas promessas
do messias totalitário tornam-se os primeiros a serem abatidos. Alguns poucos
pressentem a desgraça que se avizinha, assim como os canários nas minas de
carvão, e soam o alarme com antecedência. No limite, fogem enquanto podem, pois
percebem que o vírus assassino se alastra como rastilho de pólvora na
sociedade, tornando sua destruição inevitável.
Já viu este filme antes? Este cenário distópico parece
familiar? Pois é exatamente isso que foi decidido pelos ministros em Brasília,
ao instituir o “princípio Lula”. Foi celebrada uma missa negra em homenagem ao
apóstata e seus seguidores, cujo evangelho está sendo pregado em todo o país,
nas ruas, escolas, universidades, tribunais, tevês, rádios, jornais, revistas.
Ao fim e ao cabo, a decisão tomada tornou-se um ode aos canalhas do país.
“Uni-vos, pois sua blasfêmia restará impune”. No seu último e derradeiro
capitulo, o pais saberá logo mais qual o caminho que pretende trilhar: suprema
redenção ou supremo desastre.