Nasci, e
fui criado, em uma época que a “confiança” era representada pela palavra; em
que honrar um compromisso assumido, mesmo apenas de boca, valia mais do que
qualquer coisa.
Há muito
tempo criou-se a figura do “fio do bigode”. Dizia-se que um Homem de verdade
(aqueles com H maiúsculo) honrava até um fio do seu bigode; ou seja, que a
palavra dada era sagrada. Assim, aprendi que a palavra era mais importante do
que mil assinaturas.
Hoje,
escrevo ao constatar que promessa nenhuma tem valor.
Reuniões, acordos, e assinaturas, pra que? Se depois nada vale!
O país
está assistindo, entre assustado e incrédulo, a um movimento dos caminhoneiros
que começou bem, mas logo se desvirtuou. A ideia era boa; a causa, justa. O que
houve de errado então?
A
inexistência do “fio de bigode”. Só isso? Só!
Porque,
os representantes foram convocados para discutir o assunto e concordaram com as
condições ao assinarem o acordo. Caso contrário, bastava negar-se a validar os
termos.
Não
estou aqui para debater as condições do contrato. Dizer se era bom ou não.
O que
realmente me interessa é a honra, ou a palavra, dos representantes.
Sim, dos
representantes!
Pela simples razão de que os caminhoneiros – com absoluta certeza – não
organizaram todo este enorme movimento nacional num encontro na bodega de beira
de estrada. Foram seguramente comandados pelos chefes (patrões; sindicalistas,
ou presidentes das Confederações de classe) e insuflados por oportunistas.
E quem
sinceramente não acredita nisto é – no mínimo – um ingênuo.
Enfim,
estamos diante de mais uma oportunidade onde um grande número de brasileiros
mostrou que não somos um povo ético.
Novamente o “fio do bigode” voou!