De um lado Jair Bolsonaro, direitista que após quase ano e meio de governotem procurado se manter fiel àquilo que foi sua plataforma eleitoral, que o levou à presidência da república, e que o mantém como um ídolo de grande parte da população, haja vista as inúmeras manifestações públicas a seu favor.
De outro, Rodrigo Maia, centro-esquerdista que mesmo tendo conseguido apenas pouco mais de 70.000 votos, pretende ser, e se apresenta como tal, primeiro ministro de um hipotético regime parlamentarista. Maia não consegue sair nas ruas, é obrigado a bloquear os quarteirões em torno de sua residência no Rio de Janeiro e é o líder absoluto da hashtag #ForaMaia.
Suponhamos por um momento que Bolsonaro tivesse o discurso e o passado de Maia e Maia os de Bolsonaro. O que teria acontecido se ambos concorressem à presidência da república?
Não tenho a menor dúvida de que Maia ganharia as eleições e, em se mantendo coerente com seu discurso, seria chamado de mito quando saísse às ruas e se misturasse com a multidão. Bolsonaro seria um desconhecido completo que hoje não teria a menor chance de ganhar qualquer eleição nem mesmo para o parlamento.
A demonstração que pretendo fazer é que, independente da pessoa, o que importa são as ideias.
A pessoa que a transmite, o conhecido “líder”, pouco importa, seja ele Bolsonaro ou Rodrigo Maia.
Se as pessoas aplaudem Bolsonaro não é por ele ser o Jair Messias Bolsonaro deputado do baixo clero por 27 anos, conhecido por ser brigão e não aprovar quase nenhum projeto, por ter sido militar com algum grau de insubordinação ou por ter o dom da oratória ou olhos azuis. Nada disso.
As pessoas veem em Bolsonaro um líder porque ele tem as mesmas ideias que a maioria da população e porque se mantém fiel a elas. Ele luta por elas como muitos de nós gostaríamos de lutar.
Como eu sempre digo, “Pessoas não seguem pessoas. Pessoas seguem Ideias”.
O que mais me espanta, levando para o ambiente empresarial, é que a maioria dos empresários e gestores não levam este princípio a sério.
Ficam inventando modismos para cativar as pessoas e recebem em troca improdutividade. Não param para pensar: “o que as pessoas esperam realmente da empresa?” Querem é saber o que os gurus que vivem de vender suas próprias ideias, dizem que as pessoas querem.
Não pode dar certo.
No dia em que este modo de pensar se reverter, que as empresas realmente se preocuparem em saber o que dela é esperado pelos seus colaboradores e disserem claramente o que deles esperam, criando um grande pacto entre estas duas entidades, empresa e pessoas, a produtividade e os resultados darão saltos espetaculares.
Talvez até mesmo os empresários, que são aqueles que proporcionam os empregos que fazem com que as pessoas consigam satisfazer suas necessidades ou resolver seus próprios problemas, e que hoje são até mesmo mal vistos por muitos, venham a ser também aplaudidos chamados de mito por aqueles que os seguem.
Fabio Jacques - Diretor da FJacques – Gestão através de Ideias Atratoras