Tudo sobre a venda da Editora Abril


Fábio Carvalho compra a empresa dos Civita
Geraldo Samor
O empresário Fábio Carvalho, que nos últimos anos se especializou em recuperar empresas em dificuldades, assumirá o controle do Grupo Abril, numa transação que marca uma troca de guarda cada vez mais comum na mídia tradicional – das famílias que a construíram para os outsiders que almeja salva-lá.
O contrato de venda da Abril – em recuperação judicial desde 15 de agosto – foi assinado hoje em São Paulo. Os irmãos Giancarlo e Victor Civita, netos do fundador da empresa, receberão um valor simbólico de R$ mil por um dos grupos de mídia mais influentes do País, passando adiante R$, bilhão em dívidas com bancos, fornecedores e funcionários.
A transação coloca Carvalho – um advogado carioca que estreou na vida empresarial há apenas anos – no comando de títulos como VEJA e Exame, marcas anteriormente imbatíveis e que hoje sofrem com a pulverização do conteúdo e a migração da receita publicitária do papel para o digital.
Carvalho será o CEO do grupo e de todas as unidades operacionais até que outros profissionais sejam designados. O CFO da Abril será Lucas Martinelli, sócio de Carvalho na sua Legion Holdings, o veículo a partir do qual Carvalho controla e reestruturam empresas como a Leader Magazine, uma rede varejista no Rio de Janeiro, e a Liq, a empresa de call Center anteriormente conhecida como Contax.
Nos últimos cinco anos, a receita publicitária da Abril caiu mais de %, enquanto a receita com assinaturas ficou estável em termos nominais, com uma enorme substituição da assinatura impressa pela digital. A venda em bancas caiu pela metade no mesmo período.

Artigo - Os moços da Espanha

Artigo - Os moços da Espanha


MADRID – Em meio à turbulência da política europeia, a Espanha é hoje o melhor exemplo de renovação. Seus principais líderes políticos são muito jovens, todos com menos de 50 anos.
O primeiro-ministro Pedro Sanchez (PSOE) tem 46 anos, Pablo Iglesias (Podemos), 40, Albert Rivera (Ciudadanos), 39, Pablo Casado (PP), 37, e Santiago Abascal (Vox), 42. Nenhum outro país da Europa experimentou uma renovação política tão ampla neste século 21, com a velha geração deixando a linha de frente para dar lugar aos mais novos.
A política espanhola renovou da extrema direita ao centro e, deste, à extrema esquerda. No caso dos dois maiores partidos, PSOE e PP, a virada se deu pelo voto dos filiados. Os outros três surgiram em 2006 (Ciudadanos), 2013 (Vox) e 2014 (Podemos) trazendo a bordo novos atores políticos.
Isto mostra o vigor da democracia ibérica, um sistema político parlamentarista com voto em lista fechada. Santiago Abascal, líder do partido de extrema direita Vox, se tornou a principal estrela das eleições da Andaluzia no início deste dezembro.
Conseguiu 11% das cadeiras do parlamento e Vox é o partido que mais cresce entre os jovens. A última pesquisa eleitoral, publicada pelo jornal ABC em 17 de dezembro, revela um partido em pleno crescimento, podendo chegar a 10% dos votos nas eleições do ano que vem.
Entretanto, a grande estrela emergente da política espanhola é o advogado catalão Albert Rivera, fundador e presidente do Ciudadanos. Partido liberal, de centro, vem conquistado simpatizantes tanto do PSOE quanto do PP. Rivera, ex-campeão de natação com MBA em campanhas políticas pela The George Washington University, faz política com criatividade e ousadia.
Conquistou seu primeiro mandato no parlamento da Catalunha em 2006 com uma frase: “Só nos importam as pessoas”. E nenhuma roupa. No cartaz da campanha, uma foto de Rivera nu, fundo branco e o texto: “Não importa onde naceste, que língua falas, que roupas vestes. Nos importa tu”. Conseguiu três cadeiras.
Na eleição da Andaluzia, no início de dezembro, Ciudadanos foi o terceiro partido mais votado. Depois de 40 anos no poder o PSOE foi derrotando pelo centro-direita que tinha PP e Vox. Será a primeira experiência do partido no executivo.
No ano passado, foi o mais votado na Catalunha, sob a liderança de Inês Arrimadas, 37 anos, e levou 36 cadeiras. Inês cravou uma cunha no coração do movimento independentista e acaba de lançar o ex-primeiro ministro da França, o barcelonês Manuel Vals, candidato a prefeito de Barcelona.
O crescimento do partido de Rivera é consequência de uma mensagem de valorização da cidadania, transparência e combate à corrupção. Ciudadanos publica na internet seu balanço anual e submete suas contas a auditorias. Mas também foi ajudado pela desgraça que se abateu sobre o PP e o PSOE.
O PP teve boa parte dos seus dirigentes condenados por corrupção em maio deste ano, provocando a queda do ex-presidente Mariano Rajoy no dia 2 de junho. Rajoy sofreu uma espécie de impeachment e o governo foi recomposto a partir de uma nova maioria no Congresso liderada pelo PSOE.
Apoiado por José Maria Asnar, que comandou a Espanha entre 1996 e 2004, o jovem Pablo Casado foi escolhido para assumir o PP. A condenação do partido, a queda de Rajoy e a volta do PSOE ao poder gerou uma crise de confiança no eleitorado, fazendo com que boa parte migrasse para Ciudadanos e Vox.
Como a desgraça nunca é pouca, o PSOE também não escapou dela. Em 17 de novembro do ano passado a polícia prendeu o comissário e dublê de detetive particular José Manuel Villarejo, ex-membro do Corpo Nacional de Polícia, que chantageou boa parte da elite econômica, judicial e política das Espanha com gravações feitas durante mais de uma década e que somam 40 terabytes.
Entre suas vítimas está a princesa Corinna zu Sayn-Wittgenstein, amante do rei Juan Carlos. Não tardou para que surgissem áudios envolvendo ministros do PSOE, juízes e procuradores simpatizantes do partido. A ministra da Justiça, Dolores Delgado, ex-procuradora, aparece numa gravação onde faz comentários jocosos sobre a sexualidade do atual ministro do Interior e ex-juiz Fernando Grande-Mariaska.
O PSOE também perdeu consistência eleitoral por aliar-se ao Podemos de Pablo Iglesias, acusado de receber ajuda financeira de Nicolás Maduro, demonstrar pouca habilidade ao negociar com os independentistas da Catalunha e não conseguir oferecer soluções concretas para o desemprego próximo de 30% entre os jovens de até 30 anos. Todas as pesquisas indicam ser este o principal problema espanhol.
Neste contexto, Ciudadanos encontrou espaço para se transformar na terceira força política e estimulou os adversários a renovarem. É certo que José Maria
Asnar, de longe o mais experiente e competente político espanhol, não perdeu tempo e apareceu com a solução Pablo Casado.
Pedro Sanchez sofreu mais, porém seu caminho até Moncloa foi mais curto: um ano antes de sentar na cadeira de Presidente derrotou os principais caciques socialistas, entre eles Felipe Gonzalez e José Luís Zapatero.
O que a política espanhola nos reserva para 2019 é talvez sua mais importante disputa eleitoral desde século, porque existem chances concretas de o poder sair do velho eixo PSOE-PP para as mãos de uma nova força representada por Albert Rivera, cuja habilidade para negociar à direita e à esquerda tem feito a diferença.
Sua ascensão significa a preservação do centro democrático, o ponto de equilíbrio entre os extremos. Este ano, o centro foi moído nas eleições do Brasil. Desde 2016 vive um revés nos EUA com a eleição de Trump e o surgimento de uma esquerda democrata, representada por Bernie Sanders, e há dias vimos a sacudida que abalou a França de Manuel Macron com os protestos dos jalecos amarelos.
Os velhos líderes políticos brasileiros da esquerda, do centro e da direita, que teimam em não largar o osso, deveriam buscar inspiração nos moços da Espanha e deixar renovar, oxigenar. A política do sangue novo é a grande novidade transformadora num mundo que resolveu dar marcha à ré.
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Autores

Marcelo Tognozzi
Marcelo Tognozzi é jornalista e consultor independente há 20 anos. É pós-graduado na Graduate School Of Political Management - The George Washington University e na Escola de Inteligência Econômica da Universidade Autônoma de Madri.


Artigo, Fábio Jacques - João de Deus, o charlatão.


João de Deus, além tarado estuprador, tem sido acusado de charlatanismo.
Longe de mim querer bancar o advogado da figura, mas gostaria de aproveitar o ensejo para fazer algumas considerações sobre charlatanismo.
Não sou expert no assunto e, portanto, minhas considerações podem ser vistas pelos especialistas como uma grande besteira fruto de minhaignorância. Mas, vamos lá.
O que vem a ser, realmente, um charlatão?
Milhares de pessoas, tanto do Brasil como do exterior afirmam terem sido curadas pelo João de Deus. Não é pouca gente.
Não sei se o médium tinha realmente poderes espirituais, mas as pessoas que se curaram, realmente foram curadas por sua influência. Terá sido realmente obra espiritual ou apenas autossugestão?
Todos os dias, pessoas se dizem curadas das mais diversas enfermidades por influência de pastores evangélicos, pais de santo, pajés, xamãsou até mesmo religiosos católicos. Serão todos charlatães? As curas, quando ocorrem,podem ser atribuídas às suas orações ou à imposição das mãos ou apenas seriamfruto de crença ou de atividades psicológicas?
Psicólogos e psiquiatras conseguem curas espetaculares apenas conversando e perguntando, muitas vezes sem a prescrição de qualquer medicamento. Seriam charlatães, também? E os santuários católicos como Lourdes, Fátima ou Caravaggio onde os católicos afirmam a ocorrência de muitos milagres seriam igualmente centros de charlatanismo?
Penso que, se uma pessoa for curada de alguma enfermidade, seja física, espiritual ou mental, não se pode simplesmente desqualificar esta cura em função do agente que a provocou. Teria ocorrido a cura sem a sua interferência?
Até mesmo na medicina ortodoxa, o médico pode prescrever um antibiótico ou aplicar uma vacina, porém estes medicamentos somente surtirão efeito se o organismo no qual forem ministrados reagir por si mesmo contra o agente que lhe provocou ou provocaria a enfermidade.
É o próprio organismo que tem que reagir e lutar contra o mal que o aflige. Os medicamentos, os conselhos ou os rituais de cura, em grande parte das vezes, apenas incentivam o organismo a reagir física ou psicologicamente ao mal e, até mesmo,derrotá-lo.
Como distinguir com precisão ciência, milagre e charlatanismo?
Penso que cura é cura. Charlatanismo seria enganar a pessoa com falsas promessassem que a esperada cura realmente venha aocorrer. Se ocorreu a cura, para mim, não é charlatanismo.
Como escrevi no início, não sou entendido do assunto. Estou apenas bisbilhotando.
Mas, me digam: será que não tenho alguma razão neste raciocínio?

O autor é CEO da Jacques - Gestão através de Ideias Atratoras, Porto Alegre,
www.fjacques.com.br-  fabio@fjacques.com.br

Relatório Trimestral de Inflação reforçou sinalização de manutenção da Selic em 6,50%


O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado hoje, voltou a sinalizar que o plano de voo atual do Banco Central é manter a taxa Selic em 6,50% nas próximas reuniões. Em linha com o sinalizado terça-feira na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o relatório volta a reconhecer que as medidas de inflação subjacente se encontram em níveis “apropriados ou confortáveis”, indicando convergência da inflação às metas em 2019 e 2020. Sob o cenário com taxas de juros e câmbio constantes, a projeção de IPCA para este ano passou de 4,4% no RTI de setembro para 3,7% na leitura atual, enquanto a de 2019 recuou de 4,5% para 4,0%. Já no cenário com câmbio e juros do mercado, as projeções passaram de 4,1% para 3,7% e de 4,0% para 3,9%, respectivamente, nos dois períodos. Em ambos os cenários e em outros dois considerados, as projeções para o IPCA estão abaixo do centro das metas, de 4,50% e de 4,25% para 2018 e 2019, atingindo o centro apenas em 2020. É importante notar que nos cenários em que a Selic segue trajetória da pesquisa Focus (juros terminais em 8%), a inflação projetada fica abaixo do centro da meta, o que seria indicativo de que a política monetária estaria, à frente, ligeiramente contracionista.

Assim como na ata, o Banco Central aponta que o grau de assimetria dos riscos diminuiu desde a última reunião, mas que os riscos altistas para a inflação permanecem relevantes e seguem com maior peso no balanço de riscos. O Banco Central também reafirma que a conjuntura atual prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com juros abaixo da taxa estrutural. Para o crescimento deste ano, o Relatório reduz a projeção anterior, de 1,4% para 1,3% e para 2019, aponta expansão do PIB de 2,4%, condicionado à continuidade da agenda de reformas estruturais. Em suma, à luz do cenário básico, sem novos choques que alterem o balanço de riscos prospectivos para a inflação e das sinalizações apontadas pelo Copom, a Selic ficará estável ao longo de todo o primeiro semestre de 2019, com altas em ritmo gradual a partir do segundo semestre, alcançando 7,25% no final do próximo ano.