Apesar da herança maldita, o PT vencerá em Porto Alegre ?

 A pesquisa de intenções de votos que a CNN contratou e publicou hoje sobre as eleições de Porto Alegre apresenta dois cenários diferentes e é preciso examiná-los com atenção, incluindo aí o caso do segundo turno, para obter um retrato mais correto das intenções de votos dos 800 mil eleitores da Capital do RS.

No primeiro turno, encontramos esta vitória folgada de Maria do Rosário, do PT, sobre o prefeito Sebastião Melo, do MDB, que tem o apoio do PL, Partido de Bolsonaro, que dará o vice:

Maria do Rosário (PT): 30,2%;
Sebastião Melo (MDB): 24,8%;

Acontece que neste cenário, Atlas/Intel inclui a deputada federal Any Ortiz (Cidadania). 9,1% e a Comandante Nádia (PL): 8,5%. Elas não são candidatas e apoiam o prefeito abertamente. São 17,6% e este total deve ser somado a Melo, mas, evidentemente, não na totalidade, como mostra o cenário seguinte, sem as duas e neste caso já há empate técnico no 1o turno:

Rosário, 31,8%
Melo, 28,3%

No 2o turno, o prefeito vence Rosário por 43,7% contra 38,2%.

A pesquisa não registra índices de rejeição, o que prejudica muito qualquer avaliação do retrato de hoje.

As pesquisas Atlas/Intel são geralmente respeitáveis, mas é preciso ressaltar que pesquisa de intenção de votos funciona como um retrato do momento.

Antes da tragédia das águas, todo mundo tinha como certo que o prefeito Sebastião Melo venceria no primeiro turno, mas acontece que ele se desgastou muito com sua gestão durante as enchentes, porque o que aconteceu foi um acontecimento meteorológico de dimensões monumentais, incontrolável pelos meios disponíveis e em mãos do setor público. Basta ver que milhares de voluntários mobilizaram-se de imediato para cobrir a falta de recursos humanos e materiais, além da lentidão registrada pela movimentação dos governos municipal, estadual e federal. Não dá para esquecer que um dos protagonistas mais criticados nas primeiras horas foi o Exército, que pareceu paralisado em plena guerra.

Isto tudo está sendo decantado neste momento e sê-lo-á muito mais até outubro, o que representará um ganho para Sebastião Melo.

O jogo mal começou e o resultado desta pesquisa não pode ser desanimador para quem defende o legado do atual prefeito Sebastião Melo.

Até porque é irracional supor que Maria do Rosário consiga superar os trágicos efeitos das heranças malditas que o PT deixou ao longo dos seus 16 anos de governo em Porto Alegre, mais as desastrosas gestões do lulopetismo durante seus 13 anos de governo federal, em meio ao Mensalão, à Lava Jato e ao Arrozão.

A três meses das eleições, podemos dizer, como César às margens do Rubicão:

Alea jacta est - a sorte está lançada.

Caiu confiança

O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI-RS) de junho, divulgado nesta quinta-feira (20) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), subiu 2,5 pontos, para 46,9, recuperando parte da queda intensa de 6,1 registrada em maio. Apesar da alta, o ICEI-RS permanece abaixo dos 50 pontos, revelando que a ausência de otimismo continua entre os empresários neste mês. “Mesmo com essa leve melhora, os resultados mostram que o cenário econômico brasileiro e, em particular, as condições da economia e das empresas gaúchas, continuam a se deteriorar, com a persistência de níveis elevados de incerteza no plano nacional e, regionalmente, pelos impactos das enchentes do mês passado”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, revelando que o setor industrial do RS não percebe melhora no curto prazo, um sinal negativo para a produção, investimentos e emprego nos próximos meses.


Na passagem de maio para junho, entre os componentes da confiança, as condições atuais pioraram, mas houve uma melhora relativa das expectativas, muito impactadas em maio por conta da calamidade climática. O Índice de Condições Atuais caiu pelo terceiro mês seguido, de 41,9, em maio, para 40,6 pontos, em junho, valor mais baixo desde maio de 2023. Isso mostra uma percepção negativa entre os empresários cada vez mais forte e disseminada. O Índice de Condições da Economia Brasileira atingiu 38,2 pontos em junho, 0,3 a menos do que maio. A pontuação bem abaixo dos 50 reflete a diferença expressiva entre a proporção de empresários que percebem piora na economia brasileira (47,9%) ante a parcela (3,7%) que vê melhora.


Sobre a avaliação da economia estadual, que não entra no cálculo do índice, ela segue bem pior do que a nacional: o Índice de Condições da Economia Gaúcha caiu de 34,1 para 24,7 pontos, com 73,6% dos empresários percebendo deterioração. O Índice de Condições das Empresas também recuou em junho, para 41,8 pontos, o menor valor desde julho de 2020 e 1,8 abaixo de maio.


Para os próximos seis meses, o Índice de Expectativas recuperou parte das perdas de maio, saindo do terreno pessimista (45,7 pontos) para o neutro (50). O pessimismo permanece, ainda que menor, com relação à economia brasileira, cujo índice aumentou de 41,6 no mês passado para 44,1 pontos, em junho. A perspectiva negativa com relação à economia gaúcha é mais intensa, mas também diminuiu: de 33,7 para 36,7 pontos no mesmo período. Em junho, um terço dos empresários estão pessimistas com a economia brasileira (55,2% com a economia do RS) e 10,4%, otimistas (11,7% com a economia do RS).


O Índice de Expectativas sobre as próprias empresas, componente que mais caiu em maio, também foi o que mais subiu em junho, de 47,7 para 53 pontos, voltando ao campo otimista, mas bastante contido se levada em conta sua média histórica, de 59,7 pontos, a maior de todos os componentes da confiança.


 A pesquisa foi realizada com 164 empresas, sendo 33 pequenas, 57 médias e 74 grandes, entre 4 e 12 de junho. 

Acompanhe o levantamento completo no Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul em https://observatoriodaindustriars.org.br/.

Opinião - Enchentes e lulopetismo dominarão a disputa eleitoral em Porto Alegre

 A pesquisa do Atlas/Intel foi feita no fragor da tragédia das águas, mas o prefeito ainda tem chão pela frente para demonstrar que apresentou resultados robustos na gestão da crise, principalmente quando iniciarem os horários eleitorais de rádio e TV. A disputa também incluirá conteúdo ideológico que ainda não apareceu, mas que inevitavelmente acontecerá, com ênfase para o segundo turno, quando o tom será entre petismo e antipetismo.

Quando falou sobre as eleições de outubro em Porto Alegre, ontem, na Associação Comercial de Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo ainda não conhecia a pesquisa de intenções de votos concluída pelo Atlas/Intel (leia mais abaixo), que apresenta a lulopetista Maria do Rosário quase 10 pontos na sua frente.

O prefeito sofreu duro desgaste social e politicamente, portanto eleitoralmente, durante a gestão da tragédia das enchentes, tudo porque o tamanho dela foi muito superior à capacidade local de enfrentá-la com sucesso.

Os governos estadual tucano e federal lulopetista também sofreram desgaste considerável, ambos por razões semelhantes, mas o reflexo da má, sobretudo lenta gestão de ambos, atingirá apenas de maneira indireta os seus candidatos. O PT vem de Maria de Rosário, mas o PSDB nem nome apresentou até agora, mesmo a 3 meses do pleito.