Esta análise a seguir é dos economistas do Bradesco. O editor acaba de receber uma cópia.
O resultado do PIB do terceiro trimestre reforçou a percepção de recuperação da economia, com revisões altistas na série. O crescimento de 7,7% refletiu a intensa retomada da demanda doméstica, com destaque para os investimentos, que subiram 11,0%. Pela ótica da oferta, destaque para indústria e comércio. O setor de serviços também cresceu no período, apesar das restrições sanitárias para seu total funcionamento. Adicionalmente, as revisões nas séries explicaram em grande medida a surpresa negativa do resultado, diante da maior base de comparação. Assim, apesar do número mais fraco do que o esperado, diante das revisões para cima dos números do primeiro semestre, mantivemos nossa expectativa de queda de 4,5% do PIB neste ano. Para o quarto trimestre, esperamos continuidade da retomada da atividade com alguma moderação. A expansão da produção industrial em outubro e das vendas de veículos em novembro corroboram esse cenário.
o A inflação deve seguir pressionada no curto prazo. Além da aceleração compatível com a recuperação da atividade, a retomada do sistema de bandeiras tarifárias neste mês, com bandeira vermelha em patamar 2, deverá pressionar o resultado do IPCA do período. A ANEEL anunciou nesta semana o retorno antecipado das bandeiras tarifárias na conta de energia elétrica, o que estava previsto apenas para janeiro. O sistema havia sido suspenso a partir de junho, diante da queda do consumo de energia derivada da pandemia. Contudo, o cenário hidrológico desfavorável, que levou à manutenção dos reservatórios em níveis baixos e ao acionamento de termelétricas, bem como a recuperação do consumo de energia elétrica, justificaram o retorno.
o Notícias positivas sobre vacinas e sinalização de possíveis novos estímulos intensificaram o tom positivo nos mercados. O agendamento das vacinações em diversos países desenvolvidos, notícias de recebimentos de vacinas e de aprovações de uso emergencial, juntamente com a expectativa de aprovação de novo pacote fiscal nos EUA e de mais estímulos monetários na Área do Euro, reduziram a cautela acerca do desempenho da atividade global no próximo ano, impulsionando os ganhos nos mercados internacionais e doméstico. Esse ambiente de menor aversão ao risco tem beneficiado as economias emergentes, incluindo o Brasil, com maior fluxo de recursos e consequente apreciação cambial.
o No curto prazo, entretanto, a segunda onda de Covid-19 tem impactado negativamente as economias desenvolvidas. Os resultados dos índices PMI da Área do Euro, do Reino Unido e dos Estados Unidos sugerem uma desaceleração dessas economias em novembro, diante das medidas de restrição à mobilidade impostas no mês passado.